September 30, 2003

SERÁ QUE O TABLÓIDE RESULTA?
Esta é quase sempre a dúvida de quem edita jornais em formato broadsheet e encara uma mudança de formato. o diário britãnico «The Independent» vai fazer uma experiência curiosa, publicando em simultâneo edições broadsheet e tablóide durante um período experimental. o Spectator analisa o assunto e faz prognósticos:In the end, though, I suspect that re-packaging, if you will forgive the term, is not the most important issue. Tony O’Reilly, the Independent’s proprietor, is to be congratulated for investing some £5 million in the tabloid scheme when he is already losing so much money. But it would have made more sense to invest some of that cash in improving the newspaper. To use the jargon of the trade, it is all about content. Some new writers would not come amiss at the Independent. When the Daily Mail went tabloid in 1971 (it used, and still uses, the strange word ‘compact’) it also changed and improved its editorial offering, though this was an evolutionary process. That option is still open to the Independent. The paper will not truly revive without editorial investment.

It seems unlikely that this move will herald an immediate transformation of the British press. But if the Independent has a modest success, others may follow its example. The Daily Telegraph and the Times risk emphasising some of their more down-market aspects if they go tabloid. Their readers might be forgiven for believing they were reading a middle-market newspaper. I would also guess that the readers of the Telegraph, being older and more conservative, would be most inimical to a change in format. The Guardian is the broadsheet paper most likely to follow the Independent’s example, though printing considerations may hold it back. My feeling is that some sort of Rubicon has been crossed, and that in two or three years there may be a quality tabloid newspaper on sale throughout Britain.
NOVIDADES TELEFÓNICAS
A Wired apresenta algumas das novidades da Nokia no mercado norte-americano, com destaque para um telefone-colar e um caleidoscópiuo que aramazena imagens digitais: Don't look at these products like trinkets," Reiter said. "In the scheme of things, we are looking at the future here. You don't need a gypsy to read the tea leaves."

With these new products, Nokia is building what will become a lucrative camera-phone business, Reiter said. Other industry analysts echoed him.

Camera-phone sales eclipsed traditional digital-camera purchases in the first half of this year, according to market research company Strategy Analytics. Mobile-phone manufacturers shipped 25 million camera phones globally compared to 20 million traditional cameras sold at the same time.

Market research company Zelos Group released a study two weeks ago that showed that 50 percent of about 1,300 cell-phone users wanted an integrated digital camera with their next cell-phone purchase. The request ranked first in a list of 10 possible preferred features, including walkie-talkie service and Bluetooth capability.

But for other avid mobile-phone users like Marty Cooper, chairman of ArrayComm, who invented the mobile phone in a Motorola laboratory in 1973, the future is not ready for primetime yet. Unlike the excited industry analysts, Cooper expressed disappointment at Nokia's new products. He said that the cellular networks that would power the products are not up to par to do so cheaply and quickly.

CNN À FRANCESA
A Reuters explica os pormenores da operação em que está envolvida a France Television ao lado da TF 1 para criarem um canal exclusivamente noticioso: The brainchild of President Jacques Chirac, the channel is expected to beam into homes, hotels and media newsrooms much like U.S.-owned CNN, Britain's BBC World and more recently Qatar's Arabic-language al-Jazeera.

Government officials say that the projected high cost of the venture would be offset by a gain in world influence, at a time when France is staking out a role as an alternative voice to the United States in global affairs.

DÁ QUE PENSAR
Melinda Semadeni had a minute and a half to fill. It was April 6, 2001, a Friday, and the twenty-six-year-old reporter at WVIR-TV, the NBC affiliate in Charlottesville, Virginia, needed a story. At the morning news meeting, someone mentioned Jesse Sheckler.

Sheckler, the forty-nine-year-old owner of a successful garage in nearby Greene County, had been indicted a month earlier along with four other men on a charge of conspiracy to possess cocaine. The Greene County Record, a 3,200-circulation weekly in Stanardsville, the county's only incorporated town, had reported the charges the day before. Reporters in nearby Charlottesville, the largest city in central Virginia with a population of about 45,000, made a habit of watching the Record for tips. Semadeni was assigned to the story.

She could not have known it, but a slow spiral had begun in which a series of mistakes, misunderstandings, and missed opportunities would tarnish a young reporter's career, send an innocent man into an emotional tailspin, and produce the largest libel award in Virginia history. The media crowd in this small southern city is still wondering how a straightforward news story became a journalistic cautionary tale.


Mais pormenores no Columbia Journalism Review

September 29, 2003

UMA GRANDE VERDADE
Cito, integral, um post do Homem A Dias:
Obituários e ideologia
O João Veríssimo escreveu-me isto na sexta. Segue com atraso, mas talvez não tenha perdido a pertinência, pelo que dispensa comentários. De resto, o tema da (im)parcialidade dos média, puxado por outros pretextos, já tem sido amplamente discutido na blogosfera.

«Morreu hoje José Manuel Casqueiro, soube-o através do noticiário das 10 na TSF. Casqueiro foi durante anos o secretário geral da CAP e a sua figura maior. Enfrentou o PREC com coragem e determinação, graças a ele a reforma agrária não passou do Alentejo. Em suma, foi um dos que fomentou a imensa revolta anónima que levou ao 25 de Novembro.
As pequenas linhas que mereceu na TSF seriam as mesmas se morresse, por exemplo, um líder sindical ou um obscuro lutador antifascista? Não faltava certamente o Manuel Alegre a declamar um poema.
Porquê esta dualidade?»
CITAÇÃO 1
A ausência faz diminuir as paixões vulgares e aumentar as autênticas, tal como o vento apaga as velas e ateia os fogos.
(La Rouchefoucauld, 1613-1680)

ADEUS ELIA
O realizador Elia Kazan morreu domingo com 94 anos. Da sua obra fazem filmes como «A Streetcar Named Desire», «Death Of a Salesman», «East Of Eden» ou «On The Waterfront». Para além do cinema tornou-se notado no teatro, a sua paixão inicial que sempre o acompanhou como conta o Wasington Post.
A EXPERIMENTA NO LIBÉ
A edição de hoje do diário francês Libération fala sobre a Experimentadesign em Lisboa e não poupa elogios nem à modernidade da cidade nem ao acontecimento em si como poderão constatar.

September 28, 2003

ERA O QUE FALTAVA
Já não chegam os pop ups da internet. Agora a mais recente descoberta dos publicitários está nas mensagens de telemóvel. A Wired tem um artigo sobre o assunto.
GÉNERO
Um amigo meu, que é benfiquista e realizador, diz que p Benfica a jogar, agora, parece um filme de Manuel de Oliveira. Vamos lá a ver logo a quela deles se assemelha.

September 26, 2003

POLÍTICA ELECTRÓNICA
Questões que as votações electrónicas levantam estão a ser analisadas nos Estados Unidos. O Estado de Maryland decidiu avançar no processo que vai levar à compra de ujm sistema que permite a participação electrónica dos cidadãos em actos eleitorais. Veja o ponto da situação na Wired.
COMO HOJE É SEXTA...
há versão impressa.
Excertos:
SOBRE A MÚSICA
Esta semana PS e PP propuseram na Assembleia da República medidas legislativas para garantir que as estações de rádio transmitam música portuguesa. É uma boa medida, espera-se que seja consequente – ou seja, que não fique na gaveta a apodrecer como uma lei anterior, no mesmo sentido, proposta e aprovada há muito anos por iniciativa do Deputado José Niza.
Algumas pessoas queixam-se de que isto é uma excessiva regulação e que na prática prejudica os interesses dos consumidores, ao restringir o leque e a diversidade da oferta musical nas rádios. Nos dias de hoje este é um falso problema: a adopção de play-lists como ferramenta quase única de programação é um acto bem mais lesivo da diversidade do que qualquer outra coisa: de facto as estações impõem que em cada momento o universo musical a que se dedicam seja integrado por algumas dezenas de canções e nada mais.
Existe de facto uma enorme dificuldade para os novos artistas portugueses em aparecerem e serem ouvidos, por mais elevado que seja o investimento das suas editoras. Bons produtos, quer do ponto de vista artístico, quer do ponto de vista comercial, falham muitas vezes simplesmente porque não chegam ao público – porque nem as rádios nem as televisões os divulgam. Já repararam que no último ano o surgimento de novos nomes se limita ao sector dos imitadores, dos intérpretes de versões, consagradados e popularizados em diversos concursos televisivos? Este não é um caminho saudável para a música.
A Espanha e a França, aqui ao lado, conseguiram, com leis semelhantes – que espero sejam estudadas, comparadas e inspiradoras para os nossos deputados – inverter a situação. Hoje em dia a música de produção local em Espanha e em França não é apenas a que mais passa na rádio e televisão – é a que mais vende. Surgiram dezenas de novos artistas, um número significativo internacionalizou-se - facto quase inédito até aí. Um sector da indústria do entretenimento que estava moribundo, salvou-se e está saudável, criando milhares de postos de trabalho, desde estúdios a músicos de sessão, passando por produtores, promotores de concertos, produtores locais, técnicos de som, luz e palco.

September 25, 2003

QUALQUER COISA
Amigos, conversa, amigos, planos, ideias, às vezes qualquer coisa que se consegue fazer - é o que levamos de bom desta correria. Mas é tão difícil conseguir fazer qualquer coisa - não porque seja difícil em si mas porque por cada pessoa que tenta pôr um projecto de pé, há umas dez ao lado a atirar pauzinhos para a engrenagem.
BLOG - TEORIA DE EDIÇÃO
A Online Journalism Review publica um curioso artigo sobre a necessidade (ou não) de os blogs de jornais serem submetidos a edição e a critérios editoriais como escreve Mark Glaser. Excerto: It's too early to tell, but one spectacularly successful case was in Sacramento, Calif., where the Sacramento Bee got political columnist Daniel Weintraub blogging just in time for recall madness. While his blog, California Insider, became a place for regular scoops on recall news, Weintraub's posts were sent to Mark Paul, deputy editor of the editorial pages, right as they were being posted. After a recent controversial post about Lt. Gov. Cruz Bustamante -- "If his name had been Charles Bustmont rather than Cruz Bustamante, he would have finished his legislative career as an anonymous back-bencher" -- the Bee decided that all site content would go to an editor first -- a process explained by the Bee's ombudsman.

O SEGUNDO LIVRO DE HITLER
O Daily Telegraph publica uma entrevista com o investigador Gerhard Weinberg sobre a sua descoberta de um livro inédito de Hitler cujo tema é a política externa dos nazis. A descoberta foi feita em 1958, num arquivo militar norte-americano e o livro deve ter sido escrito no final dos anos 20. Até agora Weinberg tem tentado publicar a obra. É um artigo que vale a pena ler.
THE BLUES
Não, não vou citar os Early Morning Blues de Pacheco Pereira. Recomendo, em vez disso, a leitura do artigo da New Yorker sobre a série de televisão em sete episódios produzida por Martin Scorsese para a PBS sobre os blues. Excerto: At the beginning of the first film in the series, “Feel Like Going Home,” which Scorsese also directed, he says, “I can’t imagine my life, or anyone else’s, without music. It’s like a light in the darkness that never goes out.” He gave six other directors the freedom to make the films they wanted to make, while seeing to it that the basic ground—the history and influence of the Delta blues—was more or less covered. The resulting movies, individually and as a group, make no pretense to definitiveness—blues fanatics, and even normal music fans, will notice omissions. But though the series isn’t quite a balanced meal—each course lasts about ninety minutes—by the end of it you are likely to feel full.
64 BITS
Depois da Apple, eis que a AMD se lança na senda dos processadores de 64 bits - dentro em breve ninguém vai querer outra coisa, diz a Wired.
UMA CANÇÃOZITA PARA ACORDAR
Com grande descaramento roubo o Nuno e deixo um excerto de um post recente sobre música:
DISCO DO ANO ? DISCO DO ANO! Já aqui tinha ameaçado, mas digo agora sem vergonha: Want One, de Rufus Wainwright, é o disco do ano. Para quem gosta de canções - melodias que embrulham palavras com principio meio e fim - este é o antídoto perfeito. Como é que se pode misturar Cole porter, Ravel, Schubert, rock, country e sobreviver para contar a história ? As letras são extraordinárias e Dinner At Eight ou Go Or Go Ahead os momentos mais emocionais a que fui sujeito nos últimos tempos. E há a ironia erudita de Wainwright, a todo o vapor:

My phone's on vibrate for you
Electroclash is karaoke too
I tried to dance Britney Spears
I guess I must be getting on my years

ou
Start giving me something
A love that lasts longer than a day

ou
Thank you for this bitter knowledge
Guardian angels who left me stranded
It was worth it, feeling abandoned
Makes one hardened but what has happened to love

ou...

September 24, 2003

A Columbia Journalism Review dá destaque ao mundo dos blogs num artigo da sua edição de Setembro/Outubro, analisando o peso crescente dos autores dos blogs, analisando o surgimento de um número crescente de jornalistas amadores. O artigo pode ser lido aqui. Um excerto que vale a pena reter: And these amateurs, especially the ones focusing on news and current events, are doing some fascinating things. Many are connecting intimately with readers in a way reminiscent of old-style metro columnists or the liveliest of the New Journalists. Others are staking the narrowest of editorial claims as their own — appellate court rulings, new media proliferation in Tehran, the intersection of hip-hop and libertarianism — and covering them like no one else. They are forever fact-checking the daylights out of truth-fudging ideologues like Ann Coulter and Michael Moore, and sifting through the biases of the BBC and Bill O'Reilly, often while cheerfully acknowledging and/or demonstrating their own lopsided political sympathies. At this instant, all over the world, bloggers are busy popularizing underappreciated print journalists (like Chicago Sun-Times columnist Mark Steyn), pumping up stories that should be getting more attention (like the Trent Lott debacle), and perhaps most excitingly of all, committing impressive, spontaneous acts of decentralized journalism..
MICROSOFT FECHA CHAT ROOMS
A Microsoft anunciou ir fechar salas de chat em 28 países, no âmbito de um conjunto de medidas que se destinam a reduzir os riscos de a internet servir como instrumento de comunicação e aliciamento por parte de criminosos, nomeadamente em casos de pedofilia. Mais notícias na Wired.

September 23, 2003

A BBC
A Secretária de Estado da Cultura do Reino Unido, Tessa Jowell, fez um discurso sobre o futuro da BBC na era digital, o lugar do operador de serviço público de televisão e a sua relação com o mercado e a sociedade que é a todos os títulos exemplar. Aqui fica.

September 22, 2003

O GRANDE TUTTY VASQUES
(este post é dedicado a alguns personagens da sitcom «O VELHO HOTEL»)
Recomenda-se vivamente a leitura integral do texto de Tutty Vasques sobre uns pequenos problemas que se passam no jornalismo televisivo no Brasil, mas que aqui por Portugal também existem com fartura. Excerto: O assunto é velho, batido. “Às seis horas da tarde na televisão brasileira, é preciso mandar às favas o preceito jornalístico de valorizar o substantivo e soltar os bichos sobre os adjetivos”, já dizia Joaquim Ferreira dos Santos há seis meses em NoMínimo. Vale tudo contra o vale-tudo. Chamar bandido para o pau, por exemplo, rende três pontos no ibope. Parece concurso de super-heróis em Gothan City - se vivesse na Grande São Paulo, Batman seria apresentador de um Cidade Alerta desses da vida. Leitura integral em no mínimo.
CAMPANHA ELEITORAL
Magnífico o artigo sobre a campanha eleitoral de Arnold Schwarzenegger na edição desta semana da revista The New Yorker. Excerto: On October 8, 1993—a day short of exactly ten years before the originally scheduled date of California’s recall election—one of Sylvester Stallone’s better movies opened wide at area theatres. In “Demolition Man,” Stallone played a Los Angeles cop, cryogenically frozen around the turn of the century as punishment for a bum rap, who is thawed out in the year 2032 to give chase to his similarly thawed-out criminal nemesis. He teams up with Sandra Bullock, a new-style nicey-nice police officer. As she is showing him around the L.A. of the future—where everything is tidy, corporate, and bland—he does a double take when she mentions the “Schwarzenegger Presidential Library.” Decades before, Bullock explains perkily, Arnold Schwarzenegger became so popular that the American people waived the technicalities and made him their maximum leader.
A BBC
A capa da edição desta semana da revista britânica «Spectator» é dedicada à crise na BBC. Para localizar o ponto da situação aqui vai um excerto: BBC bias is immensely subtle, almost never intentional and for the most part entirely unconscious. In its guidelines for producers, the BBC officially suggests that it is demeaning to call a woman a housewife, an opinion freighted with implications. But if you put this to BBC executives they are either unaware of it or they do not understand what the problem is. Most BBC people, challenged on the issue of impartiality, are not being dishonest when they reply that they themselves are impartial. A shining few actively strive to be so. Most are simply ignorant of the legitimate, defensible and respectable points of view outside the narrow consensus within which they move. At the Edinburgh Television Festival, a group of prominent news presenters, including the BBC’s Fiona Bruce, took part in a supposedly satirical version of what they imagined a right-wing television news bulletin would be like. The film, made up of crude, blatant editorialising, merely proved that those involved were clueless about conservative views or the nature of television bias. O artigo de Peter Hitchens defende uma profunda reforma da BBC.

September 21, 2003

ADEUS GALILEO
Para as cerca de 800 pessoas que trabalharam na missão da sonda Galileo a Jupiter, iniciada em meados dos anos 70, hoje é um dia triste: a Galileo vai despenhar-se na superfície de Jupiter. Alguns dos que trabalharam no projecto reunem-se hoje no Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, para um cerimonial espacial. A história vem contada na Wired e vale a pena lê-la. Excertos: On Friday, as Galileo's end neared, mission team members expressed a broad range of emotions.

Systems engineer Nagin Cox fought off tears. But Kathy Schimmels, 32, one of the youngest Galileans, conveyed an exuberant sense of celebration of the craft's long and storied life.

"I'm excited for the final hurrah," said Schimmels, who joined the team in 1996, fresh out of a master's program at the University of Colorado, Boulder. "I'm going to miss working on it, but we've got to celebrate the life it had."

Sunday's reunion of team members will include reminiscing about a mission that at times seemed cursed, but in the end went beyond NASA's expectations that it would be the first to explore the complex environment of the solar system's biggest planet.

CHINA ESPACIAL
Os chineses vao lançar o seu primeiro vôo espacial pilotado. O Libération, referindo-se ao astronauta chinês, diz que «um filho do céu estará em breve nas estrelas».
A VIDA EM HOTÉIS
A «New Yorker» desta semana publica um divertido artigo sobre o que pode ser a vida passada em hotéis, relatando as recentes experiências do actor Bill Murray.
EMBRIAGADO PELO PODER
«My name is George W. and I am a recovering power addict. I guess I inherited my liking of power from my father. I first started using power heavily when I became governor of Texas. The fellows I hung out with were all power abusers. Some drank it, and others sniffed it.» O texto que começa assim, delicioso, é de Art Buchwald e foi publicado no Wasington Post sob a designação «Drunk With Power And Hitting Bottom» .


September 20, 2003

CASTING MATINAL
Encontrar actor que represente o tipo de pessoa que só se guia por dois considerandos: manutenção do estatuto pessoal e impedir tudo o que levemente pareça mudança. O actor deve ter facilidade em mostrar ser avesso a analisar os problemas, a encarar dados objectivos, a adaptar-se às situações e a ter em conta as opiniões dos outros. Preferencialmente deverá ser arrogante, evidenciar facilidade e naturalidade em invocar a autoridade sobre a razão, e comportar-se da forma mais hipócrita possível. Se conhecerem alguém que se adapte ao retrato, digam qualquer coisinha - ando a escrever mentalmente uma sitcom baseada nas minhas experiências mais recentes e tenho lá um personagem mesmo assim. O nome provisório do projecto é «O VELHO HOTEL».
RÁDIO
Belo artigo o da Columbia Journalism Review sobre o ressurgir das rádios locais e a importância que elas assumem para as comunidades. O artigo mostra ainda como elas estão a ser as responsáveis por evitar que os planos de concentração de media avancem tão rápido como alguns desejariam. Excertos:They bought their equipment on e-Bay. Their antenna is attached to a water pipe on the roof. They have only two staff members, but more than fifty people volunteer in the studio on their time off from jobs as factory workers, busboys, and grocery clerks. Few at the station speak English. Some are illiterate. No one has any previous experience in radio. It's WSBL-LP in South Bend, Indiana, and it's low-power FM.

In the increasingly corporate world of radio, low-power FM isn't about how far your signal reaches but how near. These are neighborhood stations with 100-watt signals that travel single-digit miles. They are run by civil rights organizations, by environmental activists, by church groups and school districts. They are voices that have either been pushed out of the radio spectrum or never invited into it, and the appetite for them speaks to a growing need in this country for community. And with a recent technical study providing leverage in low-power's struggle with big radio, there just might be more of them on air.

IMAGINE
No Daily Telegraph de hoje, Yoko Ono explica numa entrevista como nasceu uma das melhores canções de John Lennon, «Imagine».

September 19, 2003

TELEJORNAIS
A coluna de hoje de Eduardo Prado Coelho sobre os telejornais que nos impingem é de leitura obrigatória. Chama-se Os protestantes.
Excertos:
O que é curioso é que a agenda dos telejornais das televisões públicas e privadas é aproximadamente a mesma. Faça a experiência de estar a ver a RTP e ficar farto dos problemas da escola de Vila Meã, e então decida-se a passar para a SIC: é quase certo que encontrará os problemas da escola de Fontanelas. E se experimentar a TVI? Aguardam-no os problemas da escola da Mexilhoeira Grande. E se, exasperado, regressar à RTP, verifica que estes passaram da Vila Meã para Fontanelas e que vai ter que ver as mesmas crianças, a mesma professora, os mesmos pais e a mesma porta que não fecha, de que já tomou conhecimento nas informações da SIC.
...
As consequências desta orientação (que espero que desapareça nos noticiários sintéticos da Dois) são várias. Por um lado, deixam a convicção de que os verdadeiros problemas da educação são apenas estes. Em segundo lugar, criam uma imagem de miserabilismo que não tem o contraponto na existência de escolas modernas e bem apetrechadas (que também existem). Em terceiro lugar, acentuam a ideia populista de que o povo tem sempre razão e todos os problemas são provocados por nefandos burocratas sem alma. Em quarto lugar, engrenam no círculo vicioso de manifestações feitas para a televisão ver e que a televisão vai ver para que elas se continuem a fazer: as crianças, os pais e mesmo os presidentes das juntas de freguesia têm o seu quarto de hora de glória mediática - que, como se sabe, pode ser a redenção de uma vida.

HOJE A ESQUINA ESTÁ EM PAPEL
Porque hoje há sexta, a Esquina aparece em papel no Jornal de Negócios. Excertos desta semana:
COMUNICAÇÃO
O livro que me ocupou o fim de semana, e que é uma das obras mais interessantes que tenho lido ultimamente, chama-se «A Queda da Publicidade e a ascensão das Relações Públicas», de Al Ries e Laura Ries, editado agora em Portugal pela Notícias Editorial, com prefácio e tradução de Luis Paixão Martins, um profissional da área e admirador confesso das teorias dos Ries. Publicado originalmente em 2002, o livro defende como chave para a implantação de uma marca um trabalho de médio e longo prazo e cita numerosos exemplos e casos, desde a Playstation ao Viagra, passando pela Amazon. Al Ries e a sua filha Laura Ries são os autores de um outro best-seller desta área, « The 22 Immutable Laws Of Branding» e dirigem em conjunto a Roswell GA, uma agência que trabalha com algumas das grandes empresas mundiais. Não resisto a um excerto, respigado do capítulo «O Poder de Terceiros» . «Tudo o que sei –disse Will Rogers - é o que leio nos jornais. É verdade. A maior parte das pessoas apenas «sabe» o que lê, vê ou escuta nos media ou que aprende em pessoas em quem confia....A maior parte das pessoas determina o que é melhor procurando o que os outros pensam que é melhor. E as duas maiores fontes para essa determinação são os media e o passa-palavra...Comparada com o poder da imprensa, a publicidade tem uma credibilidade próxima do zero».

CENTENÁRIO
Na Assembleia da República está uma exposição bem engraçada sobre «100 Anos de Parlamento» que tem um belíssimo catálogo homólogo, tudo feito a propósito do centenário da Sala das Sessões. Num instante passa-se pelo período final da Monarquia, pela Primeira República, o Estado Novo e a Democracia. O álbum, abundantemente ilustrado, é das melhores obras sobre a iconografia da nossa memória política colectiva.
Aqui está, com esta exposição e o álbum que a acompanha, um exemplo de uma actividade dos parlamentares que bem merecia ser mais conhecida.

Hoje a banda sonora da escrita da Esquina foi o CD «Small Change» de Tom Waits, e sobretudo o repetido refrão «Waltzing Mathilda» da faixa de abertura, «Tom Traubert’s Blues», um original de 1976.
- mas esta parte da música já os leitores deste blog sabiam.
POR CÁ TAMBÉM HÁ COISAS BOAS
Esta é a semana inaugural da Experimentadesign2003, a bienal que nos próximos 45 dias vais ocupar Lisboa, com destaque para a mostra Voyager no Terreiro do Paço, para a forma como o S.Jorge se transformou para ser o Louging Space de todo o evento e para a exposição 1000 Plateaux com o título «O FUTURO DO USO - OS USOS DO FUTURO». Todo o programa da Experimentadesign pode ser consultado
aqui.
LONDON CALLING
Se pudesse ía todos os meses a Londres e todos os meses passava na Tate Modern, só para ver o que se passava por lá. Agora ainda lá está uma exposição de insufláveis gigantes de Paul McCarthy e o programa dos próximos meses é aliciante - pode aliás ser consultado num dos melhores sites que conheço na área de museus e centros culturais. Na Tate antiga (Tate Britain), decorre até ao fim de semana a «British Art Week», uma explosão de informação sobre a criatividade dos artistas britânicos. Bem que me apetecia por lá ter estado nestes dias.
THE DARK SIDE OF THE MOON
Não se trata desta vez de nova edição do clássico álbum dos Pinkfloyd, mas sim dos resultados de uma investigação científica divulgado pela revista Scientific American graças aos dados recolhidos pela sonda Shandra nos últimos meses: "We have moon samples from the six widely-spaced Apollo landing sites, but remote sensing with Chandra can cover a much wider area," he remarks. "It's the next best thing to being there and it's very fast and cost effective." He presented data from Chandra collected in July and September 2001 that indicate the presence of oxygen, magnesium, aluminum and silicon over a large area of the lunar surface. When solar radiation hits the moon, it excites some of the elements' electrons. This energy is quickly reemitted by the elements at a characteristic wavelength in a process known as fluorescence, which Chandra detects.
BBC MÓVEL
Graças a um acordo estabelecido com a Vodafone, segmentos famosos de algumas das comédias da BBC vão estar disponíveis para download através da rede de telemóveis multimedia daquela empresa de comunicações. É o primeiro acordo do género, depois de se terem vulgarizado os downloads de música. Mais informações aqui.
E A TV DIGTAL?
«Fabulações Sobre A TV Digital» é o título do artigo do jornalista e investigador Moniz André, publicado no Observatório da Imprensa brasileiro. Excerto:O fato é que qualquer programa público com o propósito de "inclusão" tecnológica em matéria educacional não pode passar ao largo da redefinição de um certo número de condições imprescindíveis a uma verdadeira transformação cultural. Uma delas é a reestruturação dos currículos escolares, para torná-los compatíveis com as novas exigências de conhecimento trazidas pelas tecnologias emergentes. Outra, a adequação do professor a tais currículos e à ambiência tecnológica, o que implica investimentos sérios em formação e reciclagem. A verdadeira questão da inclusão social no âmbito das novas tecnologias passa pela escolarização responsável, isto é, pela revalorização do professor.

ADEUS GALILEO
O satélite-robot Galileo, que desde 1995 está na órbita de Jupiter a estudar um dos planetas mais deconhecidos do sistema solar, tem uma última missão: vai suicidar-se na superfície jupiteriana. Bom artigo, o do Libération.

September 18, 2003

MUDAR É PRECISO?
Pode pelo menos ser vantajoso pensar nisso. Com a Apple, em pleno lançamento da sua nova série de power books vale bem a pena visitar a área do site da Apple que explica a vantagem de deitar o universo da Microsoft e de Bill Gates às urtigas e passar a viver no admirável mundo de Steve Jobs.
DENTRO DO FURACÃO
Cientistas de universidades californianas estão dispostos a correr riscos para colocarem instrumentos de medição dentro de um furacão, por forma a conseguirem recolher informação que permita estudar melhor o fenómeno e investigar formas de melhorar as previsões atmosféricas. O relato vem na Wired.
A NOVA ESTAÇÃO
A New Yorker publica um bom artigo sobre a nova temporada de televisão nos Estados Unidos, com destaque para a série «Carnivale» da HBO e sobre o novo talk-show de Ellen DeGeneres na NBC, e a este propósito não resisto a um extracto: For her first show, she paid an unscheduled visit to the studio commissary before the show aired and asked some men in work uniforms if she could sit down with them. She asked them what they did, and one said he was an elevator man. “We were just in the elevator!” she said, as if this made them practically related. “It was fantastic—I loved it!” She got him to call his wife to tell her to watch the première. His wife didn’t catch what he said, so he repeated it. Ellen took the phone from him and said, as if she really meant business, “Donna? It’s Ellen DeGeneres. I don’t know why he has to tell you twice. It’s easy. Watch ‘The Ellen DeGeneres Show’ September 8th.”
SEXO?
Carla Rodrigues escreveu no site brasileiro «No Mínimo» um divertido artigo sobre as novas séries de televisão que contam a crise que os homens de 50 anos atravessam, a forma como tentam iniciar novas vidas e como, depois, procuram formas de retomar alguma estabilidade. Intitulado Nem Só Sexo É O Que Importa, o artigo faz ainda uma incursão por outras séries e é, no geral, uma das mais divertidas crónicas sobre a nova geração de produção televisiva que vi nos últimos tempos.
A FORÇA DA IMAGEM
Quando me quero rir um bocado - especialmente naqueles dias em que estou um bocado acinzentado, não resisto em ir à àrea da Slate que faz uma resenha dos melhores «cartoons» políticos que se publicam pelo mundo. Vão ver que ali existe diversão garantida.
E SE ARAFAT SAIR DE CENA?
Quais as consequências para a delicada situação do médio oriente se Yasser Arafat, o lider histórico da OLP, sair de cena? A revista The Economist tem um belíssimo artigo sobre o assunto. Excerto: Luxuriating again in the warmth of his people’s support, and in being once more at the centre of affairs, Mr Arafat is said to be confident that Israel will not act on its decision to remove him, as long as America says no. His supporters are less easy in their minds. They know from experience that what the American administration prohibits one day, it may permit the next. They are waiting for the next assassination, and the next suicide bombing.

O NOVO JORNALISMO
Começa hoje em Braga, na Universidade do Minho, um Encontro Nacional de Blogs onde, infelizmente, não poderei estar presente. Mas em jeito de contributo à distãncia deixo aqui um link, relativo a um interessante artigo e a um debate sobre a forma como as audiências estão a formatar o futuro dos fluxos noticiosos e da própria informação. Podem consultá-lo aqui. Recomendo ainda que visitem o site da NDN - New Direction For News, um think tank sobre a evolução dos media que promete ser deveras interessante. E é sempre útil voltar ao On Line Journalism Review que tem uma bela peça sobre as convulsões no grupo AOL- Time Warner.

September 17, 2003

MATHILDA
Há uns dias que ando com uma melodia no ouvido e demorei algum tempo a localizá-la nos arquivos da memória. Só me lembrava de uma voz rouca que repetia «waltzing mathilda». Finalmente localizei: a voz rouca é a de Tom Waits, em «Tom Traubert's Blues», uma canção do seu álbum «Small Change» de 1976 e reza assim:

Wasted and wounded, it ain't what the moon did
I've got what I paid for now
see ya tomorrow, hey Frank, can I borrow
a couple of bucks from you, to go
Waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing
Mathilda with me


I'm an innocent victim of a blinded alley
and I'm tired of all these soldiers here
no one speaks English, and everything's broken
and my Stacys are soaking wet
to go waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing Mathilda with me


now the dogs are barking
and the taxi cab's parking
a lot they can do for me
I begged you to stab me
you tore my shirt open
and I'm down on my knees tonight
Old Bushmill's I staggered, you buried the dagger in
your silhouette window light go to go
waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing
Mathilda with me


now I lost my Saint Christopher now that I've kissed her and the one-armed bandit knows, and the maverick Chinamen, and the cold-blooded signs
and the girls down by the strip-tease shows go
waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing Mathilda with me


no, I don't want your sympathy, the fugitives say that the streets aren't for dreaming now
manslaughter dragnets and the ghosts that sell memories
they want a piece of the action anyhow go
waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing Mathilda with me


and you can ask any sailor, and the keys from the jailor
and the old men in wheelchairs know
that Mathilda's the defendant, she killed about a hundred
and she follows wherever you may go
waltzing Mathilda, waltzing Mathilda, you'll go waltzing
Mathilda with me


and it's a battered old suitcase to a hotel someplace
and a wound that will never heal
no prima donna, the perfume is on
an old shirt that is stained with blood and whiskey
and goodnight to the street sweepers
the night watchman flame keepers
and goodnight to Mathilda too





REFORMAR AS NAÇÕES UNIDAS
No início da 58ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, os 191 países membros estão de acordo no diagnóstico de que a ONU não está a funcionar bem e que deve mudar - mas é a forma de mudar que os divide. O The Economist tem um belo artigo sobre o assunto.
NOVIDADES DA APPLE
Steve Jobs anunciou os novos modelos de portáteis da Apple, mais rápidos e com maiores possibilidades de conexão a outros periféricos, disse que o próximo ano seria, para a sua companhia o ano dos laptop e falou das potencialidades do iTunes Music Store, que para o ano deverá ser extensivo aos utilizadores de Windows e à Europa. 42 por cento dos computadores Apple vendidos são portáteis contra 24% no universo dos fabricantes com sistemas operativos windows. A versão base do novo laptor custará 1599 euros.
ESPECIALIZAÇÃO DEMASIADA
Num curioso artigo para o «Observatório da Imprensa» brasileiro, Luciano Martins Costa escreve sobre as desvantagens de um jornalista se especializar num determinado sector demasiado cedo na sua carreira, explicando que isso restringe, de facto, a capacidade de comunicar. A teoria é interessante e merece ser lida e reflectida. O artigo chama-se A Juventude Cobra Seu Preço.

September 16, 2003

VIDAS DUPLAS
Os três últimos Presidentes da República de França levaram vidas duplas e mantiveram duas famílias. «Chirac And The Son of Nippon» é o artigo do Spectator sobre o assunto, nomeadamente sobre as mais recentes alegações sobre as ligações de Chirac com o Japão. O Oriente sempre exerceu um estranho fascínio na Europa - que me lembre, desde Marco Polo...
ETIQUETAS RADIOFÓNICAS
Nos Estados Unidos, numa cadeia de retalho, as etiquetas de códigos de barras começam esta semana a ser torcadas por etiquetas que emitem sinais de rádio, contêm um conjunto vasto de informações, entre as quais aviso sobre expiração de pazos de validade ou...localização de objectos furtados cujas etiquetas não foram desactivados à passagem pelas caixas registadoras. Vejam a história na Wired
C = M = K ?
Não, não é cabalística. Quando um C se transforma em M fica igual a quê? Aguardam-se respostas a esta charada.
BERLIOZ CENTENÁRIO
Cem anos depois da sua morte, Hector Berlioz é celebrado por toda a Europa como um dos grandes compositores da História da música e as suas obras foram o ponto alto da programação dos concertos Promenade da BBC este ano. Vale a pena ler o artigo do Economist.
SMS VERSUS EMAIL
Acho que nunca tinha tido tantas reacções a um post como a este. Reconheço: coloquei mal as coisas - ele há telemóveis que podem receber emails - mas é ainda pouco prático e para mensagens curtas o sistema sms bate o resto aos pontos. A possibilidade de ler e enviar e-mails a partir do telemovel existe, como lembra o Nuno Figueiredo, desde 2000. OK, corrijo, preciso: para uma troca rápida de ideias as minhas preferências vão para o SMS. E para namorar não há melhor - não acham?
UM DOCUMENTO IMPRESCINDÍVEL
A carta pastoral dos bispos portugueses divulgada hoje, Responsabilidade solidária pelo bem comum é um documento verdadeiramente notável. Faz um diagnóstico lúcido da sociedade portuguesa, apela a uma moral renovada no debate político e estabelece um diagnóstico baseado em sete pontos que me permito citar:
"- Os egoísmos individualistas, pessoais e grupais, sem perspectiva do bem comum mais global;
- o consumismo, (...) fomentado pelos próprios mecanismos da economia, que gera clivagens entre ricos e pobres e gera insensibilidade a valores espirituais;
- a corrupção, verdadeira estrutura de pecado social (...);
- a desarmonia do sistema fiscal, que sobrecarrega um grupo, e pode facilitar a irresponsabilidade no cumprimento das justas obrigações;
- a irresponsabilidade na estrada, com as consequências dramáticas de mortes e feridos, que são atentado ao direito à vida (...);
- a exagerada comercialização do fenómeno desportivo, que tem conduzido à perda progressiva do sentido do 'jogo' como autêntica actividade lúdica, e a falta de transparência nos negócios que envolvem muitos sectores e profissionais dalgumas áreas do desporto;
- a exclusão social, gerada pela pobreza, pelo desemprego, pela falta de habitação, pela desigualdade no acesso à saúde e à educação, pelas doenças crónicas (...)."

September 15, 2003

ESTÁ O MUNDO PREPARADO PARA 64 BITS?
Esta é a pergunta colocada no centro de todas as atenções no Forum Intel, que se realiza em S. Francisco: "This year more digital cameras were sold than film cameras," he said. "All the people taking all those digital pictures need printers and computers to plug them into so they can collect those pictures, burn them onto CDs or DVDs and retouch them or e-mail them to friends."

Kevin Krewell, a senior analyst at the Microprocessor Report, said he is curious to find out if Intel plans to extend its Xeon chips to process 64 bits of data at a time, like Itanium does, instead of just 32 bits.

"I expect there will be a lot of questions about Prescott (the upcoming Pentium chip) vis-a-vis Athlon 64," which rival Advanced Micro Devices will launch next week as the first processor for home computers using the advanced data crunching, he said.

Leiam mais na Wired
MAIL VERSUS SMS
Ontem tive uma interessante troca de ideias sobre as vantagens comparadas dos mails e dos sms. Não há muito que dizer, mas até que o progresso nos permita estar sempre ligados ao servidor de mail em qualquer lado, o SMS tem uma vantagem enorme: podemos sempre saber em qualquer lugar o que alguém nos quer dizer. Ou seja, o SMS provoca a leitura imediata, o mail pode provocar a leitura diferida. O SMS pode provocar uma reacção imediata, o mail pode ocasionar uma resposta atrasada. Claro que num mail se pode escrever mais, mas num sms podem exprimir-se também ideias e mesmo sentimentos - depende da capacidade de síntese. Os SMS são como posts rápidos, frases que se deixam cair para tocar imediatamente no destinatário. E isto, às vezes, faz muita falta. Já ouve tempo em que ía para reuniões com o meu velhinho Nokia Communicator (ainda a preto e branco) na mão e mandava SMS's discretos aos meus parceiros do outro lado da mesa para alterar a táctica negocial face à argumentação da outra parte e não me queixo dos resultados obtidos.
SPA
Hoje há eleições na Sociedade Portuguesa de Autores. Para que conste vou votar na lista liderada por Vasco Graça Moura.
A defesa dos direitos de autor, digo eu, não deve ser confundida com a defesa dos direitos industriais relativos à produção e distribuição. Estes obviamente também existem e devem ser protegidos – até porque sem o investimento da indústria existem poucas possibilidades para o surgimento e implantação de novos talentos. Só que são realidades diferentes, não necessariamente antagónicas, mas também certamente não coincidentes muitas vezes.
Manter os dois mundos separados é uma boa ideia. Aumentar a cooperação entre eles, também. O sentido do meu voto é esse.
RADICAL CHIC
Anne Applebaum escreveu um interessante artigo para o «Washington Post» há uns dias atrás, a propósito dos protestos anti~globalização ocorridos na cimeira de Cancun. Mas as notas de Applebaum não se ficam por aí: ela procura paralelos com outras situações e introduz mesmo alguns dados interessantes, nomeadamente o surgimento nos últimos tempos de uma série de novos pensadores de direita, como o sueco Johan Norberg, um ex-anarquista que escreveu «In Defense Of Global Capitalism», uma obra que está em vias de se tornar um pequeno êxito internacional. Reparem no que diz Applebaum: Although there will be anti-globalizers in Cancun, the cutting edge has shifted -- and not a moment too soon. In a perverse way, the movement has in recent years provided a cushion for those politicians -- European, American, Japanese and developing world alike -- who drag their feet about opening markets. Maybe now, if the young, the hip and the free-thinking start pushing the other way, the ministers in their suits will be forced to listen too.
. Se querem ler o artigo inteiro vão aqui. E já agora espreitem o site de Applebaum.
A ARTE DO INSULTO
Insultar alguém como deve ser pode ser uma arte - pelo menos é essa a tese defendida por Eric Gibson no «Wall Street Journal», que evoca alguns antecedentes históricos: Disraeli said of Robert Peel that he was like a poker except that "a poker gives off occasional signs of warmth." In the 1980s, Labour leader Michael Foot labeled Thatcher aide Norman Tebbit "a semi-housetrained polecat." Labour's Denis Healey said the experience of being attacked by the mild-mannered cabinet minister Geoffrey Howe was "like being savaged by a dead sheep.". Se querem ler mais sobre a arte do insulto na política leiam este artigo.

September 14, 2003

CANÇÕES
As grandes canções são como short-stories que davam grandes filmes. Mas a maior parte das boas canções acaba por ficar como bandas sonoras de momentos das nossas vidas. Únicos. Pego no alfabeto e de entre as que começam por C, lembro-me de «Come On Eileen», dos Dexys Midnight Runners.
SERRA
Gosto da serra, de poder ver a vastidão do horizonte, de sentir que não é tudo igual, de ver o recorte da montanha. Estou sentado no jardim a meditar nas vantagens de hoje em dia poder ver mails em qualquer lado e mandá-los de qualquer lado. E escrever isto ao mesmo tempo. Eu sei que parece pateta, mas é um progresso enorme, o poder saber o que se passa, sentir o que nos toca, mostrar o que queremos.

September 13, 2003

REVISTA DE IMPRENSA
A rede de pedofilia domina toda a comunicação escrita. Existe uma dominante preocupante: a prevalência de rumores, a indicação de protagonistas com descrições precisas, as mais das vezes de uma forma excessivamente ligeira. O mais preocupante é o facto de se publicarem, na íntegra, escritos anónimos. Isto não é boa ideia. O boato e a especulação são as causas da decadência da imprensa portuguesa – mesmo quando vêm dentro de um saco de plástico.

Sentir
Este post é para ti. Sabes bem porquê.

September 12, 2003

PONTO
O debate de ontem, na SIC Notícias, entre Pacheco Pereira e Mário Soares mostrou o que acontece a quem persiste em querer manter-se em cena para além do razoável. Mário Soares, que ajudou a consolidar a liberdade em que vivemos, não merece ser recordado por uma geração inteira que o não viu em 1975 ou na década de 80, com base na imagem que ontem dele passou.
ESQUINA EM PAPEL
Porque hoje é sexta, a «Esquina» tem a sua edição impressa, no suplemento «Privado» do «Jornal de Negócios».
Excertos:
COISAS PARA MUDAR
Com o correr do tempo há coisas que se vão instalando nas nossas vidas e que se dão por adquiridas e algumas por imutáveis. Gosto de encarar tudo como transitório. Fica-se mais à vontade para manter o espírito aberto à mudança. No mundo da comunicação, que é o meu há mais de duas décadas, a mudança faz parte da profissão: ou seja, editar implica escolher, alterar, ver o que correu mal e corrigir. Cedo aprendi que os jornais que aparentemente nunca mudam são de facto os que fazem permanentes ajustes de pormenor. Editar, programar, é um acto permanente, é uma avaliação constante, é um exercício lento, que se vai desenrolando. Nesta matéria certezas devem ser deixadas de lado, pura e simplesmente não existem.
...

TEMPO PARA MUDAR
Há uns anos o Governo do PS decidiu desajustar a nossa hora em relação à da Europa. Como resultado começamos a trabalhar de facto uma hora depois de toda a gente, perdemos tempo nos contactos, ao longo do dia o desacerto vai-se fazendo notar ainda mais. Pior, quando precisamos de ir a outro país, em grande parte dos casos precisamos de ir de véspera sempre que passamos para lá dos Pirinéus. Para fazer uma reunião no centro da Europa gastam-se quase três dias em vez de um ou dois. Amigos meus que percebem do assunto dizem-me que isto é um dos factores que reduz a nossa competitividade na Europa e por tudo o que vejo palpita-me que têm razão. Acho que fazia sentido um dia destes voltarmos à nossa hora antiga, aproximarmo-nos mais do ritmo do resto da Europa.

...

SEMANA PARA EXPERIMENTAR
Experimentar também é mudar, é descobrir coisas novas. Desde a fundação, é essa a vocação da experimentadesign. Para a semana arranca a edição deste ano, mais precisamente quarta dia 17. Um pouco por toda a cidade a Experimenta mostra como alguns sítios podem mudar, desde o velho edifício do «Record» no Bairro Alto, até ao cinema S.Jorge, que finalmente vai ganhar uma vocação – precisamente porque aceitou mudar, porque saíu do dogma. Sigam o programa da Experimenta. Vai valer a pena.

EXEMPLAR
Apesar de não ser um líder de vendas o diário britãnico «The Guardian» regista um êxito exemplar no domínio da sua operação na net, com uma capacidade de gerar visitantes que não pára de surpreender. Vejam a história aqui.
CURIOSO
Em França vai uma pequena guerra entre a revista Telerama, a TV Guia lá do sítio, e a revista Inrockuptibles, um dos mais interessantes produtos editoriais europeus dos últimos anos. O Libération relata o sucedido.
MUITO INTERESSANTE
Bom artigo o da revista The Economist, sobre as medidas tomadas nos Estados Unidos a propósito da concentração dos média. Excerto: The new rules, detailed in July, finally acknowledge the extra competition. They relax, in modest ways, some of the earlier restrictions. For example, America's four-biggest television networks are allowed to own stations whose broadcasts can reach 45% of the national audience, up from 35%. Within some local markets, some firms will be able to own three TV broadcasters instead of two. In most markets, media firms will be able to own both a TV station and a newspaper, lifting a blanket ban, although other restrictions will remain. The overall approach seems rather too cautious (the national-ownership cap would remain highly restrictive), but somewhat principled and likely at least to withstand scrutiny from the courts.
Há um outro artigo da mesma revista, sobre o mesmo tema, que também merece ser lido, este mais informativo.

September 11, 2003

11 DE SETEMBRO
HOJE, POEMAS

A edição desta semana da New Yorker publica um poema de Deborah Garrison, uma ex-jornalista da revista que se tornou na editora de poesia da Pantheon Books e da Alfred A. Knopf, uma das grandes casas de edição livreira dos Estados Unidos. Garrison é a autora de “A Working Girl Can’t Win and Other Poems.”Para a New Yorker escreveu «September Poem». Podem ainda ler outros poemas inspirados no atentado de 11 de Setembro numa secção que a New Yorker disponibiliza aqui.
Na mesma edição Garrison tem uma entrevista intitulada To Go On And Live.
Os artigos da revista sobre o atentado de 11 de Setembro e as suas consequências estão agrupados aqui no no arquivo da New Yorker.

September Poem
Deborah Garrison


Now can I say?
On that blackest day,


When I learned of
The uncountable, the hellbent obscenity,


I felt, with shame, a seed in me,
Powerful and inarticulate:


I wanted to be pregnant.
Women in the street flowing toward


Home, dazed with grief, and my daze
Admixed with jealous awe, I wondered


If they were,
Or wished for it, too,


To be full, to be forming,
To be giving our blood’s food


To the yet to be.
To feel the warp of morning’s


Hormonal chucking, the stutter kiss
Of first movement. At first,


The idea of sex a further horror:
To take pleasure in a collision


Of bodies was vile, self-centered, too lush.
But the pushy, ennobling pulse


Of the ordinary won’t halt
For good taste. Or knows nothing of tragedy.


Thus. Today I have a boy
A week old. Blessed surplus:


A third child.
Have you heard mothers,


Matter of fact, call the third
The insurance policy?


That wasn’t why.
And not because when so many people


Die we want, crudely pining,
To replace them with more people.


But for the wild, heaven-grazing
Pleasure and pain of the arrival.


The small head crushed and melony
After a journey


Out. Sheer cliff
Of the first day, flat in bed, gut-empty,


Ringed by memories and sharp cries.
Sharp bliss in proximity to the roundness,


The globe already a-spin, particular,
Of a whole new life.


Which might in any case
End in towering sorrow.

NOTÍCIAS DO CABO
Nos Estados Unidos a Federal Communications Commission emitiu novas recomendações sobre a distribuição de sinal digital através de redes de cabo. Uma delas prescinde das set-top boxes. Leia mais na Wired.
MODERNO
Descubram esta revista.
PREFABRICADOS
Não torçam o nariz à ideia de casas prefabricadas. Nos últimos tempos uma série de bons arquitectos internacionais tem trabalhado no assunto. Protótipos e modelos em comercializaçãoo, muitas vezes surpreendentes, podem ser vistos em fabprefab.com. Há várias secções que merecem ser exploradas, com muitas imagens de casas surpreendentes, até as feitas a partir de contentores de carga. Razõeses de ser do local: There is an eager market segment that desires to build and own a modernist dwelling, but cannot afford to commission a custom-designed solution. While kit or prefab homes are available in a range of either "traditional" or "alternative" forms, surprisingly few prefab homes exist that truly embrace modernist ideals. Predominant mass-market housing programs such as project homes or tract housing largely fail to meet the desires of people who appreciate a modernist design aesthetic.

At fabprefab we believe the market is ready for a "Model-T" modernist prefab dwelling. While the one-size-fits-all kit-house might seem anathema to some architects who are trained to respond uniquely to the needs of each client, site and climate, we believe an affordable pre-configured modernist structure will be embraced by the market and will open new opportunities for modernist dwellings that are more flexible or modular in configuration.

While architects are clearly interested in exploring the use of prefabrication methods in design and construction, this is only one piece of the puzzle. Marketing a turn-key prefab dwelling is as much about understanding a business model as being able to design a structure. “Commercialization� is traditionally the domain of developers rather than design professionals. So who will successfully bring these prefab projects to market? While we doubt that modernist prefab will ever be mainstream, as long as the design is expected to "sell itself", modernist prefab will remain a niche domain.

Our goal at fabprefab is to provide a forum for exploring developments in the modernist prefab marketplace. Community stakeholders include, amongst others, prospective owners, architects/designers, builders/contractors, suppliers, developers, city planners, lenders, insurers and various commentators.
UMBIGO
Às vezes existe a tentação de ficar a olhar para o umbigo. De achar que o nosso mundo é mais importante que o mundo dos outros. Que as nossas razões são melhores que as de quaisquer outros. Às vezes há quem ache que o mundo gira à sua volta. Nunca é verdade. Quem fica a olhar para o umbigo em vez de observar em seu redor acaba por se perder.

September 10, 2003

O CANTO DO BURACO NEGRO
Um buraco negro a 250 milhões de anos luz da Terra emite um som semelhante a uma melodia. Os astrónomos estão deliciados com a descoberta, reporta a Scientific American
ANTIGUIDADE INFORMÁTICA
Um dos modelos-culto da indústria de computadores, o Commodore 64, está a tornar-se numa peça de colecção. Um dos protótipos do modelo vai a leilão dentro em breve por bom dinheiro. Pormenores na Wired.
O MESMO TEMA NA WIRED
A Wired News também fala do mesmo assunto num artigo com links para sítios como a Electronic Frontier Foundation e a Future Of Music Coalition. Vale mesmo a pena dar uma vista de olhos por lá.
PIRATARIA
A indústria discográfica está apostada numa guerra contra a pirataria e o The Economist faz o ponto da situação. Vou aqui abrir uma polémica: na realidade acho que a pirataria mata a música. Quando se copia ilegalmente um disco está a contribuir-se para que novos discos não sejam gravados, para que novos talentos não sejam descobertos, para que a música deixe de ser a espiral de novidade e ciratividade que tem sido nos últimos 50 anos. Eu sei que é simpático ter-se a canção de que se gosta sem a pagar. Mas é isso que vai reduzir o universo musical aos grandes nomes que já estão feitos. Já repararam como nos últimos dois anos se reduziu o número de novidades verdadeiramente interessantes, criativas, inovadoras: não é o talento que desapareceu, é o investimento na descoberta que foi a primeira coisa a ser cortada pelas discográficas. Mas é claro que é preciso mudar muita coisa, a começar pelo preço dos discos: a Universal anunciou os primeiros passos. A ver vamos no que dá.
NOVOS NEGÓCIOS
Já repararam como ficou bem a nova página do Jornal de Negócios? Vale a pena passar por lá. Aos poucos a net vai voltando a dar provas de ganhar novas vidas.

September 08, 2003

O NOVO GIGANTE DOS MEDIA
A compra de toda a área de media norte-americana da Vivendi pela NBC vai criar um novo gigante no mundo da comunicação e do entretenimento. Vale a pena ler o The Economist. Excerto:The new entity, which could be worth up to $40 billion, is a media monster by any standards. GE’s NBC is contributing the NBC broadcast network; MSNBC, a cable news channel jointly owned with Microsoft; CNBC, a financial network jointly owned with Dow Jones that is gradually regaining its popularity after the dotcom bust; Bravo, an arts channel; and Telemundo, a Spanish-language television station. From Vivendi’s side comes Universal Pictures (whose recent hits include “2 Fast 2 Furious”, “Bruce Almighty” and “A Beautiful Mind”); the Universal theme parks; USA Network, a cable station with a big but ageing audience; the Sci-Fi channel; and Universal Television, which produces popular shows like “Law & Order”.

O SEGREDO DE JOSEPHINE
O cheiro do corpo de Josefina era tão encantador que o imperador Napoleão lhe pedia que não tomasse banho antes dos seus encontros amorosos. De facto Marie-Josèphe-Rose era originária da Martinica, filha de um rico proprietário de plantações, e já tinha enviuvado (o marido era um belo aristocrata que morreu na guilhotina...), quando Napoleão se apaixonou por ela, tornado-a na Imperatriz Josefina. Ao que parece a imperatriz - de quem Napoleão se veio a divorciar por não ter dela conseguido um herdeiro masculino - era viciada em compras, ponto em comum com muitas mulheres contemporâneas. The Rose Of Martinique é uma nova biografia da imperatriz escrita por Andrea Stuart.
DEVE SER DELICIOSO
A história promete: em 1903 existiam apenas cerca de 200 kms de estradas pavimentadas nos Estados Unidos, a maior parte das quais em cidades Horatio Nelson Jackson fez uma aposta sobre as vantagens do automóvel e meteu-se a caminho, de São Francisco para Nova Iorque. A aposta dizia que faria a viagem em menos de 90 dias - numa época em que ainda não existiam bombas de gasolina, oficinas ou nem sequer reboques. Contratou um mecânico e pôs-se à estrada. A história dessa aventura chama-se ''Horatio's Drive: America's First Road Trip''. Saibam mais sobre o assunto aqui.

September 07, 2003

SCONES
Hoje tive direito a prenda: um sorriso da minha neta, acompanhado por scones acabados de fazer pela minha filha. É isto que nos faz velhos. Ainda por cima os scones estão bons, coisa que me leva a pensar que a capacidade de evolução do ser humano é mesmo fantástica.

September 06, 2003

SOBRE OS CRITÉRIOS EDITORIAIS
Cito um post do Abrupto que me parece ser uma síntese perfeita sobre os critérios editoriais, as linhas editoriais e as falsas virgens que lançam gritinhos de isenção, isenção para poderem fazer os seus pensamentos por factos. Aqui vai o que Pacheco Pereira escreveu: Sem querer avançar, para já, muito mais na discussão , ela própria um pouco viciada, sobre se os órgãos de comunicação social portugueses são de "direita" ou "esquerda" , duas das mais ambíguas palavras correntes no nosso vocabulário, acrescentaria um ponto que deveria ter colocado previamente e que talvez ajudasse a arrumar o debate. É questão de saber se os nosso órgãos de comunicação social tem uma orientação editorial que possa ser identificada?

Num ou noutro caso, têm, ou pelo menos um embrião de orientação, como se pode perceber no Independente. Mas a regra é não terem, o que explica uma certa esquizofrenia. Esta divide-se em duas variantes: uma, a de, num mesmo jornal, haver diversos editoriais, nalguns casos completamente contraditórios, conforme os seus autores; outra, a de não existir consistência entre a linha definida nos editoriais e o conteúdo de diferentes secções, em particular as de política nacional e internacional.

Uma das razões porque me parece inaceitável, no caso português, julgar a "cor" política de um jornal pelos seus editoriais , é essa inconsistência interior. No caso da guerra do Iraque, por exemplo, os editoriais do Diário de Notícias eram às vezes, pró-coligação, mas o noticiário diário era baseado nos artigos de Robert Fisk, notório opositor da intervenção, e cujos originais saiam num jornal inglês que tinha essa oposição como linha editorial.

É uma fragilidade da nossa comunicação social essa ausência de linhas editoriais claras e eu defendo a prática anglo-saxónica de os media tomarem posições públicas sobre matérias de política corrente. Contrariamente ao que se pensa , isso não prejudica em nada o pluralismo, e só clarifica a relação com o leitor, ouvinte ou telespectador. A TSF, por exemplo, deveria tê-lo feito quando do conflito iraquiano, definindo editorialmente a sua posição contra a intervenção da coligação.

PARA OS DEVOTOS DA APPLE
O meu primeiro computador pessoal foi um Apple, ainda dos velhinhos, quadrados. Durante anos só escrevi em Apple, só trabalhei em Apple, o meu primeiro laptop foi também um Apple. Derrotado pela penetração da Microsoft no mundo, permaneci fiel no coração à Apple. Um dia destes vou tratar de reatar o namoro até porque estão cada vez mais bonitos. Continuo a achar que funcionam melhor, crasham menos, e sobretudo são, ainda hoje, mais user friendly que qualquer rival. Deixo aqui um texto referencial da Wired sobre o assunto. Excerto:This fall, the iPod is the No. 2 "must have" item for the back-to-school season, right after new shoes, according to Look-Look's August youth culture newsletter. A new computer or laptop comes third on the list, specifically an iMac or PowerMac G5.

According to Gordon, the only other companies mentioned by young people as much as Apple are Nike, Target, VW and Sony.

"Apple comes up as a favorite brand, something they're saving up to buy, even a fashion accessory," she said.

Gordon, herself a Mac user, said Apple appeals to young people because celebrities they perceive as cool use their products, like musicians, filmmakers and designers. She also said Apple's slick advertising contributes to that image, as do its upscale retail stores.

"(Apple) came out with the first cool-looking computer that matched (young people's) sensibilities," she said. "The iMac was (Apple's) entrée into youth culture. It took them to a whole other place in youth culture. The iPod is another cool product from a cool company."

BERLUSCONI NA SPECTATOR
A edição desta semana da revista britânica Spectator publica uma entrevista com Silvio Berlusconi que é um documento a reter sobre um dos homens mais curiosos da política contemporânea. A conversa permite traçar um bom retrato do Primeiro Ministro italiano, sobre as razões que o levaram a entrar na política, o que ele acha do seu país, do mundo e da Europa em particular. Citação:We are now confronted by a new world situation. We have passed from the confrontation of two blocs because the Russian federation has decided, under the guidance of Mr Putin, to be part of Europe and the West. That is a very big fact. I had the occasion to be president of the G8 in Genoa in 2001, and I was the host of the dinner, trying to bring everyone into the conversation, and I was making jokes as usual. I asked Schröder about his experiences with women because he has been married four times, and I made him laugh. And I decided after a while just to push my chair back from the table and let them talk, and I saw Blair joking with Chirac, and Putin joking with Bush, and I was joking with everyone, and suddenly I thought, ‘Look, here I am, a man who has felt on his skin the second world war, since I was born in 1936. I saw my father dressed as a soldier, and I thought, ‘What a wonderful world.’
JUPITER MAIS PERTO
A missão da sonda Galileo da NASA promete bons avanços para a ciência. Vale a pena ler o relato que vem na New Yorker. Citação: The orbiter also conducted forty flybys of planets and moons, far more than any other spacecraft. It was the first to swing close to an asteroid; the first to orbit one of the outer planets; the first to document fire fountains erupting from the surface of Jupiter’s volcanic moon, Io; and the first to fly through a plume from Io, a lurid yellow-orange sphere with an estimated three hundred volcanoes erupting at any given time. In July, 1994, Galileo provided direct observation of fragments of the Shoemaker-Levy 9 comet slamming into Jupiter; these collisions produced explosions more powerful than that of the largest H-bomb.

A ESQUINA IMPRESSA
Como acontece todas as sextas, a Esquina teve ontem a sua edição impressa. Citações:
MATERIAL DE COLECÇÃO
A edição especial 150 da «Grande Reportagem», que vai deixar de ser mensal e será semanal, distribuída com o «Diário de Notícias» e o «Jornal de Notícias», merece ser guardada. Neste número destaque para três artigos, melhor, três ensaios: de José Pacheco Pereira sobre a política; de Gonçalo Ribeiro Telles sobre a vida nas cidades; e de Pedro Mexia sobre a Cultura. São três textos brilhantes. Citações:
José Pacheco Pereira: «A democracia enfrenta vários perigos, tal como a nossa vida: o peso dos média, a abundância da televisão no quotidiano, o populismo, a ideologia vulgar, a ideia de uma «felicidade terrestre» banal, as perversões da cultura de massas».
Gonçalo Ribeiro Telles: «Acumulámos erros sobre erros, desde a campanha do trigo à ocupação florestal destinada à celulose e aos incêndios. As cidades transformaram-se em ruínas do presente. A beleza desapareceu das preocupações dos vários planos de urbanização».
Pedro Mexia: «Para quem imagine uma sociedade generalizadamente culta, o futuro continua uma desilusão. As massas querem, e quererão sempre, pão e circo, e as novas possibilidades tecnológicas trazem um circo infindável. A democratização da cultura que o futuro trará é uma democratização na possibilidade de acesso, e não no acesso efectivo».

MATERIAL ESCOLAR
A edição desta semana da «Newsweek» aponta objectos tecnológicos que, garante, são o desejo de qualquer adolescente neste regresso às aulas. A saber: uma caneta e bloco notas electrónico da Logitech (Logitech® io™ Personal Digital Pen, www.logitech.com) que permitem escrever, desenhar, rabiscar e depois descarregar tudo para o computador – cheira-me que os notepads vão ficar ameaçados por isto; o já conhecido telemóvel Nokia 3300, que vem com um leitor de MP3 e um rádio FM, além da habitual parafernália polifónica e colorida; e a nova guitarra EZ-EG da Yamaha que permite que mesmo surdos crónicos aprendam rapidamente a tocar acordes graças a um método de auto-instrução no braço da guitarra que indica com sensores luminosos o local onde os dedos devem ser colocados – um sonho tornado realidade. Quer-me parecer que até eu vou andar à procura da guitarra e da caneta.

MATERIAL DE COZINHA
Na semana passada ofereceram-me um novo wok, uma daquelas caçarolas orientais, muito côncavas, que pela sua forma ajudam a tornar muito fácil a tarefa de misturar ingredientes ao mesmo tempo que se cozinham. O meu wok é lindíssimo, da Bodum, e tive ocasião de o experimentar com grande êxito logo no dia em que o desembrulhei. Já cá tinha literatura sobre o assunto, mas na FNAC do Chiado encontrei um precioso guia que aqui devo recomendar: «Cuisine Au Wok», um guia de receitas editado pela Hachette, da colecção «Petits Pratiques Cuisine».

Hoje a banda sonora da escrita da Esquina foi o CD « A Jazzar No Cinema Português» da Zé Eduardo Unit.

A ESQUINA NA SIC NOTÍCIAS
Um post deste blog sobre a sensação que envolve quem começa a trabalhar na RTP foi citado por Mário Crespo na edição do Jornal das 10 da Sic Notícias da passada quinta-feira. Os blogs passam pois a ser matéria de consulta e citação. Aqui está uma boa notícia. Sendo íntimo, o que aqui se escreve é, por natureza, público. Por isso é normal que assim aconteça.
Ainda sobre a RTP: se a certa altura as opções não se tivessem desviado do sentido do que deve ser uma estação de serviço público, as coisas não tinham chegado onde chegaram. E chegou-se lá apesar de todas as normas e regulamentos internos, de todos os pesados processos burocráticos, o que é bem a evidência de que eles não existem para prevenir problemas, mas servem para os esconder e para diluir responsabilidades.

September 04, 2003

SONHO
Continuo a acreditar que em todas as coisas que fazemos tem de existir uma dimensão de sonho, um patamar de desafio, de inconformismo. Sem isto, nunca existe mudança.
O sentido da vida passa por isto, por ajudar a fazer um mundo novo e melhor, por cada um de nós não se demitir da sua responsabilidade, de se empenhar em causas colectivas.
Hoje, a única citação que deixo é de Alexandre O'Neill:
Quem? O Infinito? Diz-lhe que entre. Faz bem ao infinito estar entre a gente

September 03, 2003

COUNTDOWN
Hoje sinto-me como o astronauta dentro do vai-vem espacial, no momento em que começa a contagem regressiva para o lançamento. O lançamento de que falo é o do novo canal 2, sobre o qual tenho lido tantas incorrecções e mentiras que nem vale a pena comentar - resta esperar que o tempo esclareça os factos. À medida que os dias foram passando ficou muito claro quem é que tem por objectivo principal evitar que alguma coisa mude e quem está genuinamente interessado em fazer a experiência de um canal de televisão que não tenha os olhos (e o espaço) fechados à sociedade e que seja humilde no relacionamento. Falar em humildade no mundo da televisão - sobretudo numa estrutura antiga e pesada como a RTP em que os pequenos poderes constituem um guia exaustivo do achincalhar do ser humano - releva de pura inconsciência. Tenho constatado um velho princípio: quanto mais insignificantes e recalcados mais cruéis se tornam, mais mesquinhamente se comportam, mais obstáculos inventam, mais burocraticamente se escondem atrás de normas e regulamentos. Hoje em dia acredito que boa parte do problema vem daquele edifício incrível da 5 de Outubro, que é em muito responsável pela cultura de empresa que se foi estabelecendo ao longo dos anos: conspirar nos gabinetes de portas fechadas e decidir no corredor. A estrutura do edifício (inicialmente era para ser um hotel) é feita para criar esconderijos, nichos de poder, preservar a conspiração. E quem lá vive há muitos anos habituou-se a isso: por vezes perde-se mais tempo a analisar a situação interna do que a trabalhar para o exterior. Não acham isto paradoxal num orgão de comunicação de massas?
SOBRE A NATUREZA DA MULHER
At a dinner-party in Italy, from which country I have now returned, a question came up. This was, are women really bitchier than men, and, if so, why, when their behaviour can be so much more exemplary? For some reason this question was addressed to me. I hadn’t recalled, alas, saying a bad word about anyone that evening, but perhaps as the only female journalist present I was rashly considered by the others as some sort of oracle with regard to members of my sex.
. Esta delícia foi escrita por Petronella Wyatt e vem publicada no Spectator. Mais um excerto para abrir o apetite:For centuries women have been in the same position. Bitchy, racy or witty conversation rather than oratorical lectures remains a strong biological urge. At dinner-parties I have noticed that women shine more when there are fewer people. Their real art is that of repartee on any subject. Of course, at tables of 30 or more I have heard all those present grow silent as a woman dominates with her views on politics or literature, but usually her domination is all too brief as a man takes over and spouts on for anything up to half an hour.

INTERVALO
Ainda «No Mínimo» não resisto a recomendar uma visita à página de Tutty Vasques. Excertos:
Joaquim Ferreira dos Santos, autor da frase “os anos 70 não existiram”, deve estar passado. As orgias sexuais de Arnold Schwarzenegger em 1977 tiram qualquer dúvida sobre a existência da década.

Quando, enfim, George Bush vai perceber que o Iraque não precisa dos EUA para se destruir?


Os tablóides ingleses ainda não se deram conta disso, mas os abraços cada fez mais freqüentes entre David Beckham e Ronaldinho em campo têm abalado a ex Spice Girls Victoria.
A IDADE
É delicioso o texto de Zuenir Ventura, intitulado «Um Sonho de Consumo», e que pode ser lido em No Mí­nimo. Excerto: o sonho de todo mundo é acabar com a sí­ndrome das segundas-feiras, aquela ressaca que ataca mesmo quando não se bebe. O problema é que pôr fim a esse penoso dia significa também abolir as sextas-feiras, ou seja, acabar com aquele gostoso, incomparável prazer que é a véspera. Melhor do que o fim de semana é esperar por ele.

September 02, 2003

INQUÉRITO
O propósito é simples - investigar as circunstâncias da morte de David Kelly. Lord Sutton conduz um inquérito, que tem um sítio, na net que se tornou num dos mais visitados da Gã Bretanha, como relata o Guardian
O BEIJO GLOBAL
Já repararam que este ano ninguém sabe quem ganhou os prémios MTV? Qual foi o melhor video? A melhor Canção? A melhor Banda? É certo que o mundo da música anda em dificuldades, mas o linguado de Madonna a Briney Spears passou a discussão para outro plano como conta a Slate
PIRATARIA
Depois de ter dado cabo dos fundamentos da indústria discográfica, a pirataria começa agora a atacar a indústria cinematográfica. Hollywood está em transe. Da mesma forma que na música a pirataria afastou investimentos para o desenvolvimento de novos projectos, o que se passa nos filmes pode comprometer o desenvolvimento futuro da magia do cinema, explica o The Economist com um retrato implacável do que falta fazer nesta área.
CÍNICOS
Uma das coisas que mais me enoja é encontrar alguém nos corredores que soube ter andado a intrigar contra o que estou a fazer e ouvir dele uma frase simpática, como se nada se tivesse passado. Tenho para mim que não passa de uma forma reles de cobardia.
HOMEM MADURO
Hugh Hefner tem 77 anos e fundou a revista«Playboy» há cinco décadas. Continua a gostar de raparigas com vinte anos e sem apreciar as belezas das mulheres de 40. Até o Washington Post escreveu sobre o assunto.
AUTO ESPACIAL
A Nasa está a desenvolver um modelo de vai-vem espacial para transporte de astronautas de e para estações orbitais com a capacidade de apenas quatro lugares. Daqui a cinco anos a coisa deve estar operacional, relata a WIRED