O nome por trás destes diários é o de João Pereira Coutinho. Descubram o que escreve e percebam porque fazia falta poder lê-lo.
October 31, 2003
O NOME
O nome por trás destes diários é o de João Pereira Coutinho. Descubram o que escreve e percebam porque fazia falta poder lê-lo.
O nome por trás destes diários é o de João Pereira Coutinho. Descubram o que escreve e percebam porque fazia falta poder lê-lo.
FINALMENTE
Aí está finalmente o diário que todos queríamos ler. Não percam os links nas colunas laterais. É da melhor leitura que podem encontrar por aí. E não é nada absurda.
Aí está finalmente o diário que todos queríamos ler. Não percam os links nas colunas laterais. É da melhor leitura que podem encontrar por aí. E não é nada absurda.
A ESQUINA IMPRESSA
Como hoje é sexta, a Esquina tem edição no Jornal de Negócios. Excertos:
A justiça e a política são por si só, isoladamente ou em conjunto, os dois maiores factores de risco e desconfiança na sociedade portuguesa. Quando acontece uma coisa destas – que muitos cidadãos desconfiem da política e dos políticos e da justiça e dos magistrados e advogados – caminhamos perigosamente para o descrédito total em dois pilares básicos da sociedade: a participação cívica e o respeito pela Lei. Muito mais que os indicadores de conjuntura económica é isto que me preocupa seriamente.
Agora há muita politiquice e muito comentador mas falta debate político, faltam programas de frente a frente – só a SIC Notícias os tem hoje em dia no universo da televisão. Os debates foram substituídos por comentadores a solo e não tenho a certeza que o público ganhe com isso. De uma assentada só desapareceu o «Flashback» da TSF e o debate Santana Lopes- Sócrates da RTP. Por muitos problemas formais que estes formatos pudessem ter fazem falta espaços de troca de ideias, de confronto saudável, de picardia. Eu gosto de ouvir discutir, argumentar, contra-atacar e não estou certo que os monólogos sejam a melhor solução a médio prazo. Uma coisa é certa: o confronto de opiniões já perdeu. Provavelmente o confronto devia ser fora do espaço dos jornais, devia ser produzido de forma diferente, devia ser mais focado na discussão que no mero comentário, mas é inegável que da forma como as coisas estão a evoluir é o interesse pela coisa política que fica a perder.
Como hoje é sexta, a Esquina tem edição no Jornal de Negócios. Excertos:
A justiça e a política são por si só, isoladamente ou em conjunto, os dois maiores factores de risco e desconfiança na sociedade portuguesa. Quando acontece uma coisa destas – que muitos cidadãos desconfiem da política e dos políticos e da justiça e dos magistrados e advogados – caminhamos perigosamente para o descrédito total em dois pilares básicos da sociedade: a participação cívica e o respeito pela Lei. Muito mais que os indicadores de conjuntura económica é isto que me preocupa seriamente.
Agora há muita politiquice e muito comentador mas falta debate político, faltam programas de frente a frente – só a SIC Notícias os tem hoje em dia no universo da televisão. Os debates foram substituídos por comentadores a solo e não tenho a certeza que o público ganhe com isso. De uma assentada só desapareceu o «Flashback» da TSF e o debate Santana Lopes- Sócrates da RTP. Por muitos problemas formais que estes formatos pudessem ter fazem falta espaços de troca de ideias, de confronto saudável, de picardia. Eu gosto de ouvir discutir, argumentar, contra-atacar e não estou certo que os monólogos sejam a melhor solução a médio prazo. Uma coisa é certa: o confronto de opiniões já perdeu. Provavelmente o confronto devia ser fora do espaço dos jornais, devia ser produzido de forma diferente, devia ser mais focado na discussão que no mero comentário, mas é inegável que da forma como as coisas estão a evoluir é o interesse pela coisa política que fica a perder.
TRABALHO
Há duas circunstâncias em que as pessoas se revelam, para o bem e para o mal: em viagens, onde rapidamente os defeitos e as qualidades saltam ao de cima; e no trabalho, onde o processo é mais lento, mas acaba por se estabelecer. No trabalho percebe-se bem a noção que têm do funcionamento as diversas pessoas. Basicamente há aquelas que se preocupam em avançar, pensar na melhor forma de fazer as coisas, de ultrapassar obstáculos e de atingir objectivos; e há os que vivem na permanente busca de problemas, os que gostam de dificultar, os que dizem não só porque dizer não é a única coisa que sabem fazer bem na vida.
Nos últimos meses encontrei dos dois e tive o gosto de descobrir novas pessoas que são cruciais no avanço dos projectos, que se empenham em encontrar soluções, que mobilizam equipas; claro que também encontrei o verso desta moeda: os que se agarram ao passado, os que não querem mudar e - pior - não querem deixar as organizações mudarem e melhorarem.
O mais curioso de tudo é que até fora das organizações estas pessoas dão nas vistas e são apontadas a dedo. É bom que assim seja.
Há duas circunstâncias em que as pessoas se revelam, para o bem e para o mal: em viagens, onde rapidamente os defeitos e as qualidades saltam ao de cima; e no trabalho, onde o processo é mais lento, mas acaba por se estabelecer. No trabalho percebe-se bem a noção que têm do funcionamento as diversas pessoas. Basicamente há aquelas que se preocupam em avançar, pensar na melhor forma de fazer as coisas, de ultrapassar obstáculos e de atingir objectivos; e há os que vivem na permanente busca de problemas, os que gostam de dificultar, os que dizem não só porque dizer não é a única coisa que sabem fazer bem na vida.
Nos últimos meses encontrei dos dois e tive o gosto de descobrir novas pessoas que são cruciais no avanço dos projectos, que se empenham em encontrar soluções, que mobilizam equipas; claro que também encontrei o verso desta moeda: os que se agarram ao passado, os que não querem mudar e - pior - não querem deixar as organizações mudarem e melhorarem.
O mais curioso de tudo é que até fora das organizações estas pessoas dão nas vistas e são apontadas a dedo. É bom que assim seja.
VENTO
A ventania é das coisas que mais detesto. Vivo bem com o frio, volta e meia acho graça à chuva, não gosto demasiado do calor, mas a ventania deixa-me completamente irritado. Se misturarmos o vento com a chuva, então estraga-se tudo. A noite passada foi horrível - adormeço bem com o barulho da chuva, mesmo as trovoadas não me incomodam, mas a a ventania pura e simplesmente não me deixa dormir. Uma seca portanto.
A ventania é das coisas que mais detesto. Vivo bem com o frio, volta e meia acho graça à chuva, não gosto demasiado do calor, mas a ventania deixa-me completamente irritado. Se misturarmos o vento com a chuva, então estraga-se tudo. A noite passada foi horrível - adormeço bem com o barulho da chuva, mesmo as trovoadas não me incomodam, mas a a ventania pura e simplesmente não me deixa dormir. Uma seca portanto.
October 29, 2003
A ENTREVISTA
O tema do dia é a entrevista do Alberto Gonçalves ao João Pereira Coutinho no Homem A Dias .
O tema do dia é a entrevista do Alberto Gonçalves ao João Pereira Coutinho no Homem A Dias .
October 28, 2003
SAMPAIO
Foi talvez a melhor entrevista de Sampaio ao longo dos anos que leva como Presidente. Teve humor, franqueza e bom senso - coisas raras (até em separado, quanto mais em simultâneo) num político no activo.
Foi talvez a melhor entrevista de Sampaio ao longo dos anos que leva como Presidente. Teve humor, franqueza e bom senso - coisas raras (até em separado, quanto mais em simultâneo) num político no activo.
O MEU CHÁ
Todos os dias à noite faço um bule de chá verde, que levo para o escritório no dia seguinte dentro de uma botija de alumínio. Vou-o beberricando, frio, ao longo do dia. É uma antiga rotina que me sabe bem: porque gosto de chá e porque fica toda a gente intrigada sobre a verdadeira natureza do líquido que a minha inseparável botijinha transporta.
À tarde gostaria de um bom darjeeling para repôr os pensamentos em ordem - mas geralmente tenho pouca sorte e raramente alcanço este objectivo. O darjeeling é dos chás pretos que mais gosto, com o seu aroma intenso, o seu travo acentuado. Gosto dele forte.
Nunca ponho açucar no chá - parece-me impensável aliás. Estranho porque no café preciso sempre de um pouco de doce. E café é coisa que, geralmente, só tomo de manhã e a seguir ao almoço.
À noite gosto de rematar o dia com uma infusão de cidreira. É meio caminho andado para uma noite bem passada.
Todos os dias à noite faço um bule de chá verde, que levo para o escritório no dia seguinte dentro de uma botija de alumínio. Vou-o beberricando, frio, ao longo do dia. É uma antiga rotina que me sabe bem: porque gosto de chá e porque fica toda a gente intrigada sobre a verdadeira natureza do líquido que a minha inseparável botijinha transporta.
À tarde gostaria de um bom darjeeling para repôr os pensamentos em ordem - mas geralmente tenho pouca sorte e raramente alcanço este objectivo. O darjeeling é dos chás pretos que mais gosto, com o seu aroma intenso, o seu travo acentuado. Gosto dele forte.
Nunca ponho açucar no chá - parece-me impensável aliás. Estranho porque no café preciso sempre de um pouco de doce. E café é coisa que, geralmente, só tomo de manhã e a seguir ao almoço.
À noite gosto de rematar o dia com uma infusão de cidreira. É meio caminho andado para uma noite bem passada.
JULGAMENTO
Para além do carnaval mediático, hoje é um dia importante. Podem surgir as primeiras pistas sobre a seriedade da investigação e sobre a vontade em levar a justiça para primeiro plano. O meu único desejo é que a culpa não morra solteira e que depois de tanto alarde e tanta pressão as vítimas não sejam transformadas em relíquias processuais.
Para além do carnaval mediático, hoje é um dia importante. Podem surgir as primeiras pistas sobre a seriedade da investigação e sobre a vontade em levar a justiça para primeiro plano. O meu único desejo é que a culpa não morra solteira e que depois de tanto alarde e tanta pressão as vítimas não sejam transformadas em relíquias processuais.
October 27, 2003
O NOME É TUDO
Na Biblioteca Nacional abriu uma exposição que apetece ir ver só pelo nome: «Antes das Playstations, 200 anos de romance de aventuras em Portugal». Está até 24 de janeiro, de 2ª a sexta entre as 10 e as 19 horas e sábados das 10 ás 17. Força espadachins!
Na Biblioteca Nacional abriu uma exposição que apetece ir ver só pelo nome: «Antes das Playstations, 200 anos de romance de aventuras em Portugal». Está até 24 de janeiro, de 2ª a sexta entre as 10 e as 19 horas e sábados das 10 ás 17. Força espadachins!
October 24, 2003
A ESQUINA IMPRESSA
Porque hoje é sexta feira, é dia d'A Esquina aparecer impressa no «Jornal de Negócios»-
Excertos:
Dediquei o meu fim de semana a ler dois livros: «Confissões de Um Director de Jornal» e «The Mammoth Book Of Journalism». O primeiro, cómico, é editado pela Dom Quixote e relata as memórias de certa fase da vida de José António Saraiva como director do «Expresso». O outro, coisa séria, é uma colectânea de textos de grandes jornalistas, seleccionados e editados por Jon E. Lewis e publicados pela Robinson.
Vale a pena aqui dizer que eu próprio integrei a redacção do «Expresso» e participei nas animadas reuniões de segunda-feira à hora de almoço em que Vicente Jorge Silva ironizava, brilhantemente, sobre o primeiro caderno, enquanto o autor do livro ora publicado escarnecia com desdém, e sem rasgo, das preocupações da «Revista», que então dava os primeiros passos, ainda integralmente em papel de jornal.
ao longo das suas 550 páginas «The Mammoth Book Of Journalism» publica reportagens que ficaram na História, desde o relato da morte pela guilhotina de um homem, em Roma, ocorrido em 1845, escrito por Charles Dickens, até uma actualíssima reportagem de um bombardeamento a Bagdade em 2003, feito por Robert Fisk. Pelo meio ficam os históricos relatos da Convenção Republicana de 1972 por Hunter S. Thomson, o texto de Gore Vidal sobre a experiência de um americano na Mongólia em 1982 e ainda um retrato de Spielberg feito por Martin Amis no mesmo ano. Espalhadas pelas páginas do livro estão reportagens e relatos de George Orwell, Ernest Hemingway, Mark Twain, Winston Churchill, Jack London, John dos Passos, Dorothy Parker, John Reed, John Steinbek, Tom Wolfe ou James Cameron. Esta é daquelas leituras que falta a muita gente – para ao menos quando falam sobre jornalismo e comunicação poderem ter uma ideia sobre a essência daquilo que dizem.
Porque hoje é sexta feira, é dia d'A Esquina aparecer impressa no «Jornal de Negócios»-
Excertos:
Dediquei o meu fim de semana a ler dois livros: «Confissões de Um Director de Jornal» e «The Mammoth Book Of Journalism». O primeiro, cómico, é editado pela Dom Quixote e relata as memórias de certa fase da vida de José António Saraiva como director do «Expresso». O outro, coisa séria, é uma colectânea de textos de grandes jornalistas, seleccionados e editados por Jon E. Lewis e publicados pela Robinson.
Vale a pena aqui dizer que eu próprio integrei a redacção do «Expresso» e participei nas animadas reuniões de segunda-feira à hora de almoço em que Vicente Jorge Silva ironizava, brilhantemente, sobre o primeiro caderno, enquanto o autor do livro ora publicado escarnecia com desdém, e sem rasgo, das preocupações da «Revista», que então dava os primeiros passos, ainda integralmente em papel de jornal.
ao longo das suas 550 páginas «The Mammoth Book Of Journalism» publica reportagens que ficaram na História, desde o relato da morte pela guilhotina de um homem, em Roma, ocorrido em 1845, escrito por Charles Dickens, até uma actualíssima reportagem de um bombardeamento a Bagdade em 2003, feito por Robert Fisk. Pelo meio ficam os históricos relatos da Convenção Republicana de 1972 por Hunter S. Thomson, o texto de Gore Vidal sobre a experiência de um americano na Mongólia em 1982 e ainda um retrato de Spielberg feito por Martin Amis no mesmo ano. Espalhadas pelas páginas do livro estão reportagens e relatos de George Orwell, Ernest Hemingway, Mark Twain, Winston Churchill, Jack London, John dos Passos, Dorothy Parker, John Reed, John Steinbek, Tom Wolfe ou James Cameron. Esta é daquelas leituras que falta a muita gente – para ao menos quando falam sobre jornalismo e comunicação poderem ter uma ideia sobre a essência daquilo que dizem.
INDEPENDÊNCIA
Excerto da minha coluna de hoje em »O Independente»
...O facto de cada um de nós ter uma posição própria deve levar a ser ainda mais cuidadoso a garantir a respectiva independência na vida profissional, nas posições que toma. Todos temos o direito a ter opções políticas, a ter posições críticas, a pensar pela nossa cabeça. E é bom que aqueles que de alguma forma têm vida pública sejam conhecidos por aquilo que pensam e não sejam hipócritas ao ponto de considerar que a independência é a ausência de posição.
Em Portugal, infelizmente, são aqueles que não pensam «de esquerda», que são mais acusados de não serem independentes. É como se a independência fosse conciliável com uma filiação ideológica de esquerda, mas incompatível com uma de direita.
Excerto da minha coluna de hoje em »O Independente»
...O facto de cada um de nós ter uma posição própria deve levar a ser ainda mais cuidadoso a garantir a respectiva independência na vida profissional, nas posições que toma. Todos temos o direito a ter opções políticas, a ter posições críticas, a pensar pela nossa cabeça. E é bom que aqueles que de alguma forma têm vida pública sejam conhecidos por aquilo que pensam e não sejam hipócritas ao ponto de considerar que a independência é a ausência de posição.
Em Portugal, infelizmente, são aqueles que não pensam «de esquerda», que são mais acusados de não serem independentes. É como se a independência fosse conciliável com uma filiação ideológica de esquerda, mas incompatível com uma de direita.
October 23, 2003
REFEIÇÕES
Almocei sózinho - que é uma coisa que gosto de fazer - e estive com um velho amigo noite fora, na conversa vadia - de projectos a rock, passando por Tintin, houve de tudo. Apareceram pelo meio amigos dos dois, mas ficámos ambos no parlapié um com o outro. É isto que mais me descansa quando estou muito cansado: sair da rotina e reganhar uma conversa de amizade - pura, sem outras intenções. Uma pessoa farta-se de falsidades, não é?
Almocei sózinho - que é uma coisa que gosto de fazer - e estive com um velho amigo noite fora, na conversa vadia - de projectos a rock, passando por Tintin, houve de tudo. Apareceram pelo meio amigos dos dois, mas ficámos ambos no parlapié um com o outro. É isto que mais me descansa quando estou muito cansado: sair da rotina e reganhar uma conversa de amizade - pura, sem outras intenções. Uma pessoa farta-se de falsidades, não é?
October 22, 2003
O PAUZINHO NA ENGRENAGEM - 2
Vou fazer como nos filmes:« Não existe qualquer semelhança entre a história relatada e a realidade, todos os personagens são fictícios».
Dito isto, um outro capítulo do meu livro que há-de vir poderia começar assim:
Na minha suave inocência achava que as Secretarias Gerais das empresas serviam para optimizar processos, para ajudar a resolver problemas rapidamente, para serem alavancas do cumprimento dos objectivos estratégicos. Já tinha ouvido dizer que havia quem as considerasse centros de poder próprio cujo exercício servia para pôr em causa decisões, impedir concretizações, dificultar operações. Ontem mesmo percebi como podem ser também medíocres testemunhos de raiva e impotência, mesquinhas bandeiras de resistência à mudança, instrumentos desajeitados de pura incompetência e de falta de capacidade de raciocínio.
Vou fazer como nos filmes:« Não existe qualquer semelhança entre a história relatada e a realidade, todos os personagens são fictícios».
Dito isto, um outro capítulo do meu livro que há-de vir poderia começar assim:
Na minha suave inocência achava que as Secretarias Gerais das empresas serviam para optimizar processos, para ajudar a resolver problemas rapidamente, para serem alavancas do cumprimento dos objectivos estratégicos. Já tinha ouvido dizer que havia quem as considerasse centros de poder próprio cujo exercício servia para pôr em causa decisões, impedir concretizações, dificultar operações. Ontem mesmo percebi como podem ser também medíocres testemunhos de raiva e impotência, mesquinhas bandeiras de resistência à mudança, instrumentos desajeitados de pura incompetência e de falta de capacidade de raciocínio.
GASOLINA
Gosto de meter gasolina à noite. Não gosto de abastecer combustível no meio da confusão do trânsito matinal. À noite tudo é mais rápido. Abasteço quase sempre na mesma bomba, em Campo de Ourique, que fica aberta toda a noite - uma das poucas que restam em Lisboa. Venho de lá agora. Hoje reparei outra vez que a partir de certa hora aquilo torna-se numa tertúlia: há um pessoal a beber umas super bocks pela garrafa, um pessoal a fumar uns cigarros, o empregado de turno à bomba a dar dois dedos de conversa aqui e ali. Enquanto pago fico a ouvir as conversas, a ver a solidão, dou comigo a perceber como aquela deve ser muitas vezes a mais saborosa cerveja que se pode beber.
Gosto de meter gasolina à noite. Não gosto de abastecer combustível no meio da confusão do trânsito matinal. À noite tudo é mais rápido. Abasteço quase sempre na mesma bomba, em Campo de Ourique, que fica aberta toda a noite - uma das poucas que restam em Lisboa. Venho de lá agora. Hoje reparei outra vez que a partir de certa hora aquilo torna-se numa tertúlia: há um pessoal a beber umas super bocks pela garrafa, um pessoal a fumar uns cigarros, o empregado de turno à bomba a dar dois dedos de conversa aqui e ali. Enquanto pago fico a ouvir as conversas, a ver a solidão, dou comigo a perceber como aquela deve ser muitas vezes a mais saborosa cerveja que se pode beber.
October 20, 2003
O PAUZINHO NA ENGRENAGEM - 1
Estou a recolher apontamentos para escrever o meu primeiro livro. Há-de chamar-se «O Pauzinho na Engrenagem» e contará a história de como é possível parar um projecto sem fazer quase nada para isso. Basta ir dizendo que sim num dia, noutro dizendo que não, semeando umas armadilhas, parando uns papéis, cumprindo a burocracia à risca, fazendo por tornar difícil o que podia ser fácil. Há quem tenha feito uma carreira nestes expedientes.
Estou a recolher apontamentos para escrever o meu primeiro livro. Há-de chamar-se «O Pauzinho na Engrenagem» e contará a história de como é possível parar um projecto sem fazer quase nada para isso. Basta ir dizendo que sim num dia, noutro dizendo que não, semeando umas armadilhas, parando uns papéis, cumprindo a burocracia à risca, fazendo por tornar difícil o que podia ser fácil. Há quem tenha feito uma carreira nestes expedientes.
UM PAÍS MELHOR
Gostava mesmo de ter um país melhor. Onde as reformas se consigam concretizar. Onde se consiga trabalhar, onde as pessoas tenham bom nível de vida e se consigam realizar. Onde o sistema político funcione sem ser em clima de conspiração permanente, onde os partidos sejam expressões de organização colectiva e não arregimentações de interesses particulares. Ouvi o Eng. Henrique Neto na SIC e pensei que temos muito em comum. Se pessoas como ele fossem mais activas na política talvez pudéssemos ter um país melhor mais depressa.
Gostava mesmo de ter um país melhor. Onde as reformas se consigam concretizar. Onde se consiga trabalhar, onde as pessoas tenham bom nível de vida e se consigam realizar. Onde o sistema político funcione sem ser em clima de conspiração permanente, onde os partidos sejam expressões de organização colectiva e não arregimentações de interesses particulares. Ouvi o Eng. Henrique Neto na SIC e pensei que temos muito em comum. Se pessoas como ele fossem mais activas na política talvez pudéssemos ter um país melhor mais depressa.
POPULISMO
Alguns bem pensantes fartam-se de atacar o populismo. Depois dos últimos dias fico com uma dúvida: expressões como «estou-me a cagar», «à canelada» ou «são todos uns merdas» também serão sinal de populismo? Será que vamos assistir às críticas aos autores destas frases no contexto da actuação da justiça?
Alguns bem pensantes fartam-se de atacar o populismo. Depois dos últimos dias fico com uma dúvida: expressões como «estou-me a cagar», «à canelada» ou «são todos uns merdas» também serão sinal de populismo? Será que vamos assistir às críticas aos autores destas frases no contexto da actuação da justiça?
October 19, 2003
UM FILME
Trata-se de um diário sobre o processo de concepção, espera-se que pré-produção e, espera-se também, produção de um filme. Chama-se O Mistério da Serra de Sintra e é do meu amigo Jorge Paixão da Costa.
Citação:
O Telles telefonou-me:
"Tens alguma coisa para o ICAM?"
"Tenho!"
"A sim? O quê?"
"Uma vontade enorme de lhes explicar umas coisas sobre a lei do cinema"
O Telles ficou mudo. Fez-se um silêncio. E quando eu pensava que estava tudo dito, ele deve ter acabado o que estava a fazer e redisse-me:
"Tens alguma coisa para o ICAM, um guião?
Tenho, mas não é completamente meu!
É de quem?"
É do Eça.
Não faz mal, eu falo com ele!
O melhor é falar com o Efe.
Com o Efe ou com o Eça?
Com o Efe!
Porquê?
Porque o Efe é que falou com uma senhora..."
Trata-se de um diário sobre o processo de concepção, espera-se que pré-produção e, espera-se também, produção de um filme. Chama-se O Mistério da Serra de Sintra e é do meu amigo Jorge Paixão da Costa.
Citação:
O Telles telefonou-me:
"Tens alguma coisa para o ICAM?"
"Tenho!"
"A sim? O quê?"
"Uma vontade enorme de lhes explicar umas coisas sobre a lei do cinema"
O Telles ficou mudo. Fez-se um silêncio. E quando eu pensava que estava tudo dito, ele deve ter acabado o que estava a fazer e redisse-me:
"Tens alguma coisa para o ICAM, um guião?
Tenho, mas não é completamente meu!
É de quem?"
É do Eça.
Não faz mal, eu falo com ele!
O melhor é falar com o Efe.
Com o Efe ou com o Eça?
Com o Efe!
Porquê?
Porque o Efe é que falou com uma senhora..."
JÁ GANHEI O DIA
Regressou o Guerra e Pas. E em grande forma. Com coisas picantes e deliciosas. E, como sempre, muito boas considerações.
Regressou o Guerra e Pas. E em grande forma. Com coisas picantes e deliciosas. E, como sempre, muito boas considerações.
October 18, 2003
LER
Nada de actores.
(Nada de direcção de actores.)
Nada de personagens.
(Nada de estudo de personagens.)
Nada de mise en scène.
Antes a utilização de modelos, tirados da vida.
SER (modelos) em lugar de PARECER (actores).
As palavras são de Robert Bresson, citadas pelo Filipe, no Intrusos .
Nada de actores.
(Nada de direcção de actores.)
Nada de personagens.
(Nada de estudo de personagens.)
Nada de mise en scène.
Antes a utilização de modelos, tirados da vida.
SER (modelos) em lugar de PARECER (actores).
As palavras são de Robert Bresson, citadas pelo Filipe, no Intrusos .
ÓCULOS
Reparamos que estamos a ficar mais velhos quando à volta da mesa de jantar todos puxam dos óculos de ver ao perto para ler a ementa. Foi o que ontem me aconteceu com um grupo de amigos, ao jantar, num restaurante. Tirando isso divertimo-nos à grande, comemos bem e tivemos muito boas vistas.
Reparamos que estamos a ficar mais velhos quando à volta da mesa de jantar todos puxam dos óculos de ver ao perto para ler a ementa. Foi o que ontem me aconteceu com um grupo de amigos, ao jantar, num restaurante. Tirando isso divertimo-nos à grande, comemos bem e tivemos muito boas vistas.
UM NOVO SENTIDO DA POLíTICA
Tou-me cagando para o segredo de justiça - relatam os jornais de hoje que a afirmação foi proferida por Ferro Rodrigues nas célebres escutas telefónicas. É sempre elucidativo ver um político deixar-se de hipocrisias e dizer o que pensa de facto, sem ter em conta as necessidade de manter uma aparência de sentido democrático. Bom, bom era saber mais coisas sobre o comportamento e dos ditos dos políticos na intimidade, versus as suas afirmações públicas. Confrontar a teoria com a prática é sempre muito útil.
Tou-me cagando para o segredo de justiça - relatam os jornais de hoje que a afirmação foi proferida por Ferro Rodrigues nas célebres escutas telefónicas. É sempre elucidativo ver um político deixar-se de hipocrisias e dizer o que pensa de facto, sem ter em conta as necessidade de manter uma aparência de sentido democrático. Bom, bom era saber mais coisas sobre o comportamento e dos ditos dos políticos na intimidade, versus as suas afirmações públicas. Confrontar a teoria com a prática é sempre muito útil.
GOMICE
O léxico político português adquiriu nesta semana uma nova expressão: gomice. Trata-se de uma afirmação destemperada e despropositada feita apenas para provocar alarido. Deriva do comportamento de Ana Gomes. Diz-se que a dirigente socialista ficou pior e começou a fazer mais gomices quando percebeu que afinal perdeu a possibilidade de ser a primeira mulher a ocupar a pasta dos negócios estrangeiros em Portugal.
O léxico político português adquiriu nesta semana uma nova expressão: gomice. Trata-se de uma afirmação destemperada e despropositada feita apenas para provocar alarido. Deriva do comportamento de Ana Gomes. Diz-se que a dirigente socialista ficou pior e começou a fazer mais gomices quando percebeu que afinal perdeu a possibilidade de ser a primeira mulher a ocupar a pasta dos negócios estrangeiros em Portugal.
O CÓDIGO DE CONDUTA
Parece que um jornalista do «Expresso» adquiriu umas acções de determinada empresa para poder estar na respectiva Assembleia Geral e, assim, poder depois escrever sobre o que lá se passara. No meu tempo o Código Deontológico dos jornalistas reprovava a prática de reportar sem que o repórter se tivesse claramente identificado como jornalista. Quer-me parecer que o célebre Código de Conduta do «Expresso» também não concorda com o método da reportagem-espionagem. Esperava que alguém do próprio jornal explicasse hoje aos leitores o que se passara, porquê e o que a Direcção da publicação pensava do assunto. Nada. Nadinha. Giro, não é?
Parece que um jornalista do «Expresso» adquiriu umas acções de determinada empresa para poder estar na respectiva Assembleia Geral e, assim, poder depois escrever sobre o que lá se passara. No meu tempo o Código Deontológico dos jornalistas reprovava a prática de reportar sem que o repórter se tivesse claramente identificado como jornalista. Quer-me parecer que o célebre Código de Conduta do «Expresso» também não concorda com o método da reportagem-espionagem. Esperava que alguém do próprio jornal explicasse hoje aos leitores o que se passara, porquê e o que a Direcção da publicação pensava do assunto. Nada. Nadinha. Giro, não é?
PORTUGUÊS
No meio da confusão desta semana nem tinha dado pela polémica sobre os livros de português para o 10º ano. Percebo agora que por causa da reforma da ex-secretária de estado da Educação do Governo do PS, Ana Benavente, os alunos não são levados a ler literatura portuguesa. Em alternativa à literatura são encaminhados para o regulamento do Big Brother e pormenores deste «reality-show». Eu até sou capaz de perceber que por detrás das recomendações programáticas em torno da televisão pode, eventualmente, estar um desejo de estimular o espírito crítico e de incentivar a descodificação, coisa pouco habitual em Portugal - levar os adolescentes a interpretar a realidade e a perceber o porquê das coisas não é mau. Mau é levá-los a isso sem antes os ter entusiasmado com a aventura dos livros. Mau é ceder-se todo o terreno à televisão. Mau é não tentar que eles percebem como nasce uma história escrita.
No meio da confusão desta semana nem tinha dado pela polémica sobre os livros de português para o 10º ano. Percebo agora que por causa da reforma da ex-secretária de estado da Educação do Governo do PS, Ana Benavente, os alunos não são levados a ler literatura portuguesa. Em alternativa à literatura são encaminhados para o regulamento do Big Brother e pormenores deste «reality-show». Eu até sou capaz de perceber que por detrás das recomendações programáticas em torno da televisão pode, eventualmente, estar um desejo de estimular o espírito crítico e de incentivar a descodificação, coisa pouco habitual em Portugal - levar os adolescentes a interpretar a realidade e a perceber o porquê das coisas não é mau. Mau é levá-los a isso sem antes os ter entusiasmado com a aventura dos livros. Mau é ceder-se todo o terreno à televisão. Mau é não tentar que eles percebem como nasce uma história escrita.
BOLAS PARA O SAPO
A minha ligação doméstica ADSL do SAPO tem andado irritante na última semana: lentidão, muitas vezes indisponível durante horas seguidas. Isto é daquelas coisas que me irrita - ainda por cima ninguém explica o que se passa no serviço de apoio, tentam despachar. Enfim uma desgraça.
A minha ligação doméstica ADSL do SAPO tem andado irritante na última semana: lentidão, muitas vezes indisponível durante horas seguidas. Isto é daquelas coisas que me irrita - ainda por cima ninguém explica o que se passa no serviço de apoio, tentam despachar. Enfim uma desgraça.
October 17, 2003
ESQUIRE
(excertos da edição impressa da Esquina da semana passada)
Leio a «Esquire» regularmente desde há uns 20 anos. Habituei-me às suas secções. Gosto de ver as suas páginas, de ler os seus artigos, de descobrir as suas revelações.
Muito da «Esquire» tem a ver com revelações. Com descobertas. Com o criar de um estilo, de uma moda. Com o mostrar o que ainda não tinha sido mostrado. Com o explicar o que se pensava não poder ter explicação.
Nas suas exemplares entrevistas descobri pessoas onde antes só via celebridades. Isto não é dizer pouco de quem fez estas entrevistas. Ao longo da minha vida de jornalista, quando tive oportunidade de fazer entrevistas (muito menos vezes do que gostaria) foi este o estilo que tentei seguir. Muitas vezes inspirei-me em ideias da «Esquire» para alinhar eu próprio secções e edições.
A «Esquire»começou há setenta anos nos Estados Unidos, no meio da Depressão. Era a primeira revista americana direccionada para homens. Não mudou de rumo desde então. A edição de Outubro da «Esquire» celebra os 70 anos da revista em grande estilo. Em primeiro lugar, esta edição reproduz integralmente o artigo que os actuais editores consideram como o melhor de todos os que a revista publicou ao longo da sua existência – trata-se de um perfil de Frank Sinatra, escrito em 1966 por Gay Talese, um dos grandes talentos da «Esquire» e que com esta peça ajudou a redefinir o que é a escrita jornalística em revistas. Chama-se «Frank Sinatra Has A Cold» e vem em separata destacável para guardar.
Igualmente imperdíveis (bolas, detesto esta palavra – mas aqui aplica-se) são as colectâneas de conselhos da já citada secção «Man At His Best» (nos anos 30 aconselhava que a melhor forma de tratar uma senhora era pôr uma gotas de gin no seu copo de água...), mas também as 50 melhores capas da publicação (incluindo o Pai Natal negro de Dezembro de 1963 que levou a desmarcações de publicidade nas edições seguintes no valor de um milhão de dolares...), uma retrospectiva da história da revista, as 70 melhores frases de sempre da «Esquire» e uma ficação sobre como seria John F. Kennedy se ele hoje estivesse vivo e com 86 anos.
Este, acreditem caros amigos, é mesmo um número de colecção, que vale bem mais que muitos livros. Está bem guardadinho na minha estante e já me deu várias noites de prazer. É mais do que se pode dizer da generalidade do que acontece hoje em dia.
(excertos da edição impressa da Esquina da semana passada)
Leio a «Esquire» regularmente desde há uns 20 anos. Habituei-me às suas secções. Gosto de ver as suas páginas, de ler os seus artigos, de descobrir as suas revelações.
Muito da «Esquire» tem a ver com revelações. Com descobertas. Com o criar de um estilo, de uma moda. Com o mostrar o que ainda não tinha sido mostrado. Com o explicar o que se pensava não poder ter explicação.
Nas suas exemplares entrevistas descobri pessoas onde antes só via celebridades. Isto não é dizer pouco de quem fez estas entrevistas. Ao longo da minha vida de jornalista, quando tive oportunidade de fazer entrevistas (muito menos vezes do que gostaria) foi este o estilo que tentei seguir. Muitas vezes inspirei-me em ideias da «Esquire» para alinhar eu próprio secções e edições.
A «Esquire»começou há setenta anos nos Estados Unidos, no meio da Depressão. Era a primeira revista americana direccionada para homens. Não mudou de rumo desde então. A edição de Outubro da «Esquire» celebra os 70 anos da revista em grande estilo. Em primeiro lugar, esta edição reproduz integralmente o artigo que os actuais editores consideram como o melhor de todos os que a revista publicou ao longo da sua existência – trata-se de um perfil de Frank Sinatra, escrito em 1966 por Gay Talese, um dos grandes talentos da «Esquire» e que com esta peça ajudou a redefinir o que é a escrita jornalística em revistas. Chama-se «Frank Sinatra Has A Cold» e vem em separata destacável para guardar.
Igualmente imperdíveis (bolas, detesto esta palavra – mas aqui aplica-se) são as colectâneas de conselhos da já citada secção «Man At His Best» (nos anos 30 aconselhava que a melhor forma de tratar uma senhora era pôr uma gotas de gin no seu copo de água...), mas também as 50 melhores capas da publicação (incluindo o Pai Natal negro de Dezembro de 1963 que levou a desmarcações de publicidade nas edições seguintes no valor de um milhão de dolares...), uma retrospectiva da história da revista, as 70 melhores frases de sempre da «Esquire» e uma ficação sobre como seria John F. Kennedy se ele hoje estivesse vivo e com 86 anos.
Este, acreditem caros amigos, é mesmo um número de colecção, que vale bem mais que muitos livros. Está bem guardadinho na minha estante e já me deu várias noites de prazer. É mais do que se pode dizer da generalidade do que acontece hoje em dia.
HOJE HÁ JORNAL
Como hoje é sexta, há edição impressa da Esquina. Excerto:
AINDA A SOCIEDADE CIVIL
Como era de esperar começa a correr o rumor de que afinal não existe. Existe, há-de mostrar-se e terá espaço para crescer. No entanto, nunca se desenvolverá nem ganhará força para existir melhor se fizerem dela um objecto ideal, que nasça já perfeito e crescido. Quanto mais cedo se começar a dar-lhe oportunidade de se expôr, mais depressa chegará à maturidade. Quanto mais tempo se demorar, mais tarde ela se fará sentir. Não perder tempo, nesta como noutras matérias, é evitar alcançar a perfeição e trabalhar a partir da realidade. Quanto mais cedo, melhor.
Como hoje é sexta, há edição impressa da Esquina. Excerto:
AINDA A SOCIEDADE CIVIL
Como era de esperar começa a correr o rumor de que afinal não existe. Existe, há-de mostrar-se e terá espaço para crescer. No entanto, nunca se desenvolverá nem ganhará força para existir melhor se fizerem dela um objecto ideal, que nasça já perfeito e crescido. Quanto mais cedo se começar a dar-lhe oportunidade de se expôr, mais depressa chegará à maturidade. Quanto mais tempo se demorar, mais tarde ela se fará sentir. Não perder tempo, nesta como noutras matérias, é evitar alcançar a perfeição e trabalhar a partir da realidade. Quanto mais cedo, melhor.
October 16, 2003
EXACTIDÃO
Serão os jornalistas rigorosos? Privilegiarão apenas as más notícias? Têm falta de cuidado com citações e com a análise dos números? Aqui vão algumas afirmação polémicas de um professor japonês de História e Ciência Política, Toshi Minoara.
Serão os jornalistas rigorosos? Privilegiarão apenas as más notícias? Têm falta de cuidado com citações e com a análise dos números? Aqui vão algumas afirmação polémicas de um professor japonês de História e Ciência Política, Toshi Minoara.
BERTOLUCCI
A edição desta semana da New Yorker publica um magnífico artigo sobre o novo filme de Bernardo Bertolucci, «The Dreamers», uma obra que fala da vida de Henri Langlois (o fundador da Cinemateca Francesa), de Maio de 68, de um invulgar trio amoroso e de Paris em todo o seu explendor. O artigo evoca ainda a presença de Paris na obra de Bertolucci, a forma como vai introduzindo ao longo dos seus filmes formas invulgares de abordagem da sexualidade. Vale mesmo a pena ler este artigo de Louis Menand.
A edição desta semana da New Yorker publica um magnífico artigo sobre o novo filme de Bernardo Bertolucci, «The Dreamers», uma obra que fala da vida de Henri Langlois (o fundador da Cinemateca Francesa), de Maio de 68, de um invulgar trio amoroso e de Paris em todo o seu explendor. O artigo evoca ainda a presença de Paris na obra de Bertolucci, a forma como vai introduzindo ao longo dos seus filmes formas invulgares de abordagem da sexualidade. Vale mesmo a pena ler este artigo de Louis Menand.
October 15, 2003
COM A DEVIDA VÉNIA
Não resisto a transcrever o Homem A Dias sob o título «As putas não sabem nadar» : Ainda não vi, mas disseram-me que, ao longo de oito páginas, a «Time» desta semana descobre em Bragança a Sodoma do séc. XXI, exclusivamente heterossexual e com sotaque brasileiro. Não sei se alguma das lendárias Mães locais é correspondente europeia da revista. Sei que vou a Bragança dezenas de vezes por ano (sou de um concelho vizinho), e nunca encontrei quaisquer vestígios desse orgíaco mundo subterrâneo. Se calhar, é demasiado subterrâneo para a intuição deste vosso criado, admito. De uma forma ou de outra, a ser verdade e agora que a minha consorte não nos lê, imploro às autoridades que comecem a incluir os eixos de luxúria nos roteiros oficiais da cidade, fornecendo moradas, telefones e, se possível, imagens graficamente explícitas das maravilhas que temos andado a perder. Caso contrário, para os incautos como eu, Bragança continuará a assemelhar-se a uma cidadezinha de província, onde se janta divinamente e, em seguida, a falta de actividades digestivas de pendor cultural faz-se sentir com acintosa frequência. Perante o artigo da «Time», o sr. governador civil pede reforços policiais; eu peço divulgação ampla, adequada e nacional. Parece-me justo, a menos que os responsáveis deste País insistam em manter a Cultura adiada, deixando que os arqueólogos desenterrem as brasileiras quando estas não passarem de fósseis e garatujas na parede.
Não resisto a transcrever o Homem A Dias sob o título «As putas não sabem nadar» : Ainda não vi, mas disseram-me que, ao longo de oito páginas, a «Time» desta semana descobre em Bragança a Sodoma do séc. XXI, exclusivamente heterossexual e com sotaque brasileiro. Não sei se alguma das lendárias Mães locais é correspondente europeia da revista. Sei que vou a Bragança dezenas de vezes por ano (sou de um concelho vizinho), e nunca encontrei quaisquer vestígios desse orgíaco mundo subterrâneo. Se calhar, é demasiado subterrâneo para a intuição deste vosso criado, admito. De uma forma ou de outra, a ser verdade e agora que a minha consorte não nos lê, imploro às autoridades que comecem a incluir os eixos de luxúria nos roteiros oficiais da cidade, fornecendo moradas, telefones e, se possível, imagens graficamente explícitas das maravilhas que temos andado a perder. Caso contrário, para os incautos como eu, Bragança continuará a assemelhar-se a uma cidadezinha de província, onde se janta divinamente e, em seguida, a falta de actividades digestivas de pendor cultural faz-se sentir com acintosa frequência. Perante o artigo da «Time», o sr. governador civil pede reforços policiais; eu peço divulgação ampla, adequada e nacional. Parece-me justo, a menos que os responsáveis deste País insistam em manter a Cultura adiada, deixando que os arqueólogos desenterrem as brasileiras quando estas não passarem de fósseis e garatujas na parede.
OUTRA TIME
A capa da edição internacional da «Time» é sobre como comer melhor, com um guia completo de dietas. Depois é que vem Arnold, uma história do Iraque e mais umas tantas coisas. Na internacional, Bragança nem vê-la. Curioso, não é?
A capa da edição internacional da «Time» é sobre como comer melhor, com um guia completo de dietas. Depois é que vem Arnold, uma história do Iraque e mais umas tantas coisas. Na internacional, Bragança nem vê-la. Curioso, não é?
WORK
Dia 25 de Outubro o Centro de Artes Visuais (CAV) de Coimbra inaugura uma exposição chamada «trabalhowork» com imagens de António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Daniel Malhão, Filipa César, Hugo Canoilas, Inês Gonçalves, Joana Pimentel, Nuno Ribeiro, Paulo Catrica e Pedro Letria. A coisa promete. Mais uma criação do Albano da Silva Pereira. Mais uma exposição de fotografia, cá para mim devia haver mais. às vezes tenho pena que em Lisboa haja tão poucas. Mas fico muito contente por em Coimbra existir o CAV.
Dia 25 de Outubro o Centro de Artes Visuais (CAV) de Coimbra inaugura uma exposição chamada «trabalhowork» com imagens de António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Daniel Malhão, Filipa César, Hugo Canoilas, Inês Gonçalves, Joana Pimentel, Nuno Ribeiro, Paulo Catrica e Pedro Letria. A coisa promete. Mais uma criação do Albano da Silva Pereira. Mais uma exposição de fotografia, cá para mim devia haver mais. às vezes tenho pena que em Lisboa haja tão poucas. Mas fico muito contente por em Coimbra existir o CAV.
CÓMICO
Um cómico que se assina André Bonito e que tem um endereço de mail curiosamente chamado beijamemuito@hotmail.com escreveu-me este elucidativo e pluralista e-mail:
The boy who never stops to show his erudition abt reading the best press and journalism, now says
that TIME magazine reporters and editors were stoned while writting abt Braganza........
Sure they are'nt ex leninists turned socialists and again turned liberal butlers.
An maybe you better crawl for another jovb cause this is the endo of ppl like you in the portuguese
media.
Poor guy...........
Um cómico que se assina André Bonito e que tem um endereço de mail curiosamente chamado beijamemuito@hotmail.com escreveu-me este elucidativo e pluralista e-mail:
The boy who never stops to show his erudition abt reading the best press and journalism, now says
that TIME magazine reporters and editors were stoned while writting abt Braganza........
Sure they are'nt ex leninists turned socialists and again turned liberal butlers.
An maybe you better crawl for another jovb cause this is the endo of ppl like you in the portuguese
media.
Poor guy...........
NEWSWEEK
Os títulos da capa da «Newsweek» são normais: «Arnold's Earthquake», «Berlusconi Battles Prodi», a beatificação de Madre Teresa. Histórias de interesse, coisas que aconteceram. Não imaginações. Por isso é que eu há muito prefiro a «Newsweek» que diligentemente continuo a assinar.
Os títulos da capa da «Newsweek» são normais: «Arnold's Earthquake», «Berlusconi Battles Prodi», a beatificação de Madre Teresa. Histórias de interesse, coisas que aconteceram. Não imaginações. Por isso é que eu há muito prefiro a «Newsweek» que diligentemente continuo a assinar.
DOIS DISCOS
Volta e meia revisito discos com uns meses. Eu explico: quando compro um disco ouço-o uma ou duas vezes em casa; se gosto muito passa para o carro, onde anda durante uma semana; depois é substituído por outro. Volta e meia, quando vou de viagem, pego em dois, ao acaso, da pilha dos últimos meses que ainda não esta devidamente arrumada. Desta vez calhou«out of season» de Beth Gibbons e Rustin Man e não me arrependi; e calhou o «a musical banquet» de Andreas Scholl. Acho que este ano me vou oferecer um ipod para poder ouvir música nos aviões.
Volta e meia revisito discos com uns meses. Eu explico: quando compro um disco ouço-o uma ou duas vezes em casa; se gosto muito passa para o carro, onde anda durante uma semana; depois é substituído por outro. Volta e meia, quando vou de viagem, pego em dois, ao acaso, da pilha dos últimos meses que ainda não esta devidamente arrumada. Desta vez calhou«out of season» de Beth Gibbons e Rustin Man e não me arrependi; e calhou o «a musical banquet» de Andreas Scholl. Acho que este ano me vou oferecer um ipod para poder ouvir música nos aviões.
UMA COMPANHIA
A minha companhia dos meus últimos três dias foi o livro «Koba O Terrível», de Martin Amis. Aqui o deixo publicamente recomendado com um alerta: espíritos fracos que sejam admiradores de Lenine e Staline ou do sistema soviético podem considerar algumas páginas chocantes.
A minha companhia dos meus últimos três dias foi o livro «Koba O Terrível», de Martin Amis. Aqui o deixo publicamente recomendado com um alerta: espíritos fracos que sejam admiradores de Lenine e Staline ou do sistema soviético podem considerar algumas páginas chocantes.
DE REGRESSO
Chegado a Lisboa dou com uma tempestade em torno da reportagem de capa da revista «Time», que compara Bragança ao Red District de Amsterdão. É claro que quem escreveu aquilo devia estar sob influência de alguma substãncia estranha. Mas é também claro que ainda vai aparecer por aí um regionalista convicto a dizer que o planalto transmontano é que é o local ideal para o novo aeroporto, tendo em conta a horda de turistas que já devem estar de malas aviadas. Julgavam que o Euro ía ser o acontecimento do ano? Esperem por Bragança...
Chegado a Lisboa dou com uma tempestade em torno da reportagem de capa da revista «Time», que compara Bragança ao Red District de Amsterdão. É claro que quem escreveu aquilo devia estar sob influência de alguma substãncia estranha. Mas é também claro que ainda vai aparecer por aí um regionalista convicto a dizer que o planalto transmontano é que é o local ideal para o novo aeroporto, tendo em conta a horda de turistas que já devem estar de malas aviadas. Julgavam que o Euro ía ser o acontecimento do ano? Esperem por Bragança...
October 12, 2003
O LENTO DESPERTAR
Estou no MIPCOM, o mercado de programas de televisão que se realiza duas vezes por ano em Cannes. Desde o 11 de Setembro que não se via tanta gente no mercado. Aos poucos a coisa recomeça a funcionar. A coisa é o mercado do entretenimento. As esperanças viram-se agora para os países de Leste e para a China, o gigante que desperta e que de repente compra produção ocidental. Os analistas dizem que as vendas nestes dois primeiros dias do mercado são as melhores desde há dois anos. Bom sinal.
O MUNDO VISTO DO LIBÉRATION
Pego no «Libération» e vejo como vai ser a nova maqueta, as novas secções. Descubro a revista de fim de semana, «style», que ainda não conhecia. No jornal, folheio as páginas e a publicidade: Paulo Branco anuncia a estreia francesa de «Um Filme Falado», a Espanha anuncia a Galiza. São as duas únicas referências à Península Ibérica.
Folheio outra vez o «Libération» e comparo mentalmente o que é o jornal e o que são os jornais portugueses. Lemos o «Libération» e percebemos o que não sabemos., reparamos nas coisas que não se sabem. Leio a notícia sobre o caso Juppé e penso no que acontecerá em Portugal quando se começarem a investigar os conflitos entre os interesses partidários e os públicos.
Estou no MIPCOM, o mercado de programas de televisão que se realiza duas vezes por ano em Cannes. Desde o 11 de Setembro que não se via tanta gente no mercado. Aos poucos a coisa recomeça a funcionar. A coisa é o mercado do entretenimento. As esperanças viram-se agora para os países de Leste e para a China, o gigante que desperta e que de repente compra produção ocidental. Os analistas dizem que as vendas nestes dois primeiros dias do mercado são as melhores desde há dois anos. Bom sinal.
O MUNDO VISTO DO LIBÉRATION
Pego no «Libération» e vejo como vai ser a nova maqueta, as novas secções. Descubro a revista de fim de semana, «style», que ainda não conhecia. No jornal, folheio as páginas e a publicidade: Paulo Branco anuncia a estreia francesa de «Um Filme Falado», a Espanha anuncia a Galiza. São as duas únicas referências à Península Ibérica.
Folheio outra vez o «Libération» e comparo mentalmente o que é o jornal e o que são os jornais portugueses. Lemos o «Libération» e percebemos o que não sabemos., reparamos nas coisas que não se sabem. Leio a notícia sobre o caso Juppé e penso no que acontecerá em Portugal quando se começarem a investigar os conflitos entre os interesses partidários e os públicos.
October 11, 2003
PRESO POLÍTICO?
Não resisto a voltar ao caso Paulo Pedroso. Ele tem todo o óbvio direito a ser considerado inocente até prova em contrário. Mas nem ele nem o seu partido têm o direito de se fazerem passar por presos ou perseguidos políticos no contexto em que o querem impôr à opinião pública. Paulo Pedroso não foi detido por delito de opinião nem por consequência de acção política. Confundir assim o plano das coisas e tornar a Assembleia da República palco desta encenação foram das piores coisas que podiam ter acontecido. A Assembleia da República já está desacreditada demais para sobreviver a muitas asneiras como esta.
DIFÍCIL
Não foi muito facil, mas acabou por funcionar: o Vodafone Connect Card que este Verão assegurou que este Blog fosse sempre feito, afinal também funciona bem fora de Portugal. Ontem tive alguma dificuldade em acerat com a rede e configuração, mas agora os problemas estão resolvidos e aqui estou eu de novo. E já li o «Público» de hoje. A vida é bem mais fácil assim, mesmo que às vezes seja difícil acertar com as ligações.
Não resisto a voltar ao caso Paulo Pedroso. Ele tem todo o óbvio direito a ser considerado inocente até prova em contrário. Mas nem ele nem o seu partido têm o direito de se fazerem passar por presos ou perseguidos políticos no contexto em que o querem impôr à opinião pública. Paulo Pedroso não foi detido por delito de opinião nem por consequência de acção política. Confundir assim o plano das coisas e tornar a Assembleia da República palco desta encenação foram das piores coisas que podiam ter acontecido. A Assembleia da República já está desacreditada demais para sobreviver a muitas asneiras como esta.
DIFÍCIL
Não foi muito facil, mas acabou por funcionar: o Vodafone Connect Card que este Verão assegurou que este Blog fosse sempre feito, afinal também funciona bem fora de Portugal. Ontem tive alguma dificuldade em acerat com a rede e configuração, mas agora os problemas estão resolvidos e aqui estou eu de novo. E já li o «Público» de hoje. A vida é bem mais fácil assim, mesmo que às vezes seja difícil acertar com as ligações.
October 09, 2003
INTERROGAÇÃO
Não sei quem és mas tens graça.
Não sei quem és mas tens graça.
NÃO GOSTO
O que vi nas últimas 24 horas de confusão entre poder político e poder judicial, aquilo a que assisti de pressão de políticos sobre juízes e uma investigação, as cenas que vi na Assembleia da República, tudo me faz duvidar muito que o país e os seus eleitos estejam no bom caminho.
O que vi nas últimas 24 horas de confusão entre poder político e poder judicial, aquilo a que assisti de pressão de políticos sobre juízes e uma investigação, as cenas que vi na Assembleia da República, tudo me faz duvidar muito que o país e os seus eleitos estejam no bom caminho.
UM FILME
Gosto deste filme que se pode ir fazendo. Vou gostar de ver este meu amigo a escrevê-lo, a relatar o desenlace dos mistérios da serra de Sintra.
Gosto deste filme que se pode ir fazendo. Vou gostar de ver este meu amigo a escrevê-lo, a relatar o desenlace dos mistérios da serra de Sintra.
OPTIMISMO
De uma assentada só, mais três mulheres no Governo. É uma boa notícia. São pessoas competentes. Repararam como as oposições se limitaram a fazer declarações de circunstância sobre os novos nomes?
De uma assentada só, mais três mulheres no Governo. É uma boa notícia. São pessoas competentes. Repararam como as oposições se limitaram a fazer declarações de circunstância sobre os novos nomes?
October 08, 2003
A MUDANÇA
O actor norte-americano nascido na Áustria Arnold Schwarzenegger foi eleito governador da Califórnia. O democrata Gray Davis, afastado do cargo, já admitiu a derrota. - Esta é a notícia do dia em termos mundiais, mesmo que por cá a nossa linha de prioridades seja outra. É uma notícia - a da eleição de Schwarzenegger - que vale a pena reter. O actor tinha já uma participação cívica esporádica, mas agora a conversa é outra. Entrou na política de repente, era dado até há bem pouco tempo como potencial perdedor, e afinal ganhou. Aqui está um bom exemplo de como uma campanha bem organizada a partir de uma figura mediaticamente incontornavel e um elevado grau de notoriedade pública pode interferir no processo político como o conhecemos. A verdade é esta: no século XXI a política vai mudando aos poucos. Schwarzenegger é a primeira prova disso.
O actor norte-americano nascido na Áustria Arnold Schwarzenegger foi eleito governador da Califórnia. O democrata Gray Davis, afastado do cargo, já admitiu a derrota. - Esta é a notícia do dia em termos mundiais, mesmo que por cá a nossa linha de prioridades seja outra. É uma notícia - a da eleição de Schwarzenegger - que vale a pena reter. O actor tinha já uma participação cívica esporádica, mas agora a conversa é outra. Entrou na política de repente, era dado até há bem pouco tempo como potencial perdedor, e afinal ganhou. Aqui está um bom exemplo de como uma campanha bem organizada a partir de uma figura mediaticamente incontornavel e um elevado grau de notoriedade pública pode interferir no processo político como o conhecemos. A verdade é esta: no século XXI a política vai mudando aos poucos. Schwarzenegger é a primeira prova disso.
O CLIMA VAI ESTRANHO
Isto anda um pouco esquisito. Estava a oposição sem saber o que fazer quando o Governo de repente comprou um saco de sarna para se coçar. É daqueles casos em que vale a pena dizer «não havia necessidade».
Isto anda um pouco esquisito. Estava a oposição sem saber o que fazer quando o Governo de repente comprou um saco de sarna para se coçar. É daqueles casos em que vale a pena dizer «não havia necessidade».
O'CONNOR, O MINISTRO E O ENSINO
Um leitor d'Aesquina, Luis F., evoca esse grande actor que foi Donald O'Connor, fala do caso do Ministro dos Negócios Estrangeiros, dos jornais tendenciosos e do ensino universitário: Não sabia que tinha morrido e como fã que sou não consegui reprimir a vontade de te escrever algo sobre ele. Para mim a cena em que interpreta "Make'em laugh" (Singin'in the rain) também é uma referência como aquela em que aparece com Gene Kelly e Debbie Reynolds a dançar e cantar (cenário) pela casa toda. Foi um extraordinário bailarino nos fifties teve como muitos outros o "azar de ser contemporâneo de um Gene Kelly ou de um Fred Astaire em fim de carreira. Outros como Bob Fosse também o foram e tiveram o mesmo problema de notoriedade cinéfila.
Outra situação em que o recordo é no "Buster Keaton story" onde desempenha o papel daquele que em Portugal foi conhecido pelo Pamplinas e que foi o maior rival de Chaplin no mudo cómico.
Mudando de assunto e sobre a independencia da BBC, achei curiosa a tua menção. O problema da independencia ou não dos jornais não me preocupa particularmente. Para mim o que é problemático é os jornais aparecerem como independentes, ou "neutrais" politicamente mas de facto terem uma tendência definida o predominante que aparece subliminarmente como acontece com grande parte da imprensa portuguesa. Como é referido no teu post em Inglaterra, ou ainda na França ou Espanha por exemplo sabemos que quando compramos o Le Figaro, o Daily Telegraph ou o ABC temos uma linha e quando compramos o El Pais, o Guardian ou o Le Monde outra.
Claro que no caso da BBC como no da RTP o carácter público deveria implicar uma independencia e um pluralismo não querendo isso dizer uma opiniâo "amalgamada", mas sim um comentário com as várias perspectivas cada uma com a sua coerência.
O caso Martins da Cruz - Pedro Lynce é uma tristeza a ser verdade o que se tem ouvido na imprensa. Note-se que como tu sou um eleitor "à direita" do expectro político daí apoiar este governo e Durão Barroso, mas a actuação de Martins da Cruz é altamente condenável em termos éticos e também pelo mal que faz á maioria e ao governo, quando este precisa de serenidade e já tem inúmeros problemas pela frente que decorrem do esforço reformista, que muito bem está a empreender.
Quanto a mim o acesso a Medicina como a qualquer curso deve ser feito exclusivamente pela nota do exame de admissão, sendo preferível que a médio prazo ele seja da responsabilidade da própria universidade. Assim acabaria esta imoralidade que é a inflação de notas no ensino precedente e a aldrabice classificativa do sistema escolar obrigatório. O nº de vagas dependeria das necessidades do país e das capacidades das faculdades para leccionarem esses alunos. Uma vez estabelecido o nº de vagas entravam os melhores classificados no exame.
. Mais pormenores em
largo do rato
Um leitor d'Aesquina, Luis F., evoca esse grande actor que foi Donald O'Connor, fala do caso do Ministro dos Negócios Estrangeiros, dos jornais tendenciosos e do ensino universitário: Não sabia que tinha morrido e como fã que sou não consegui reprimir a vontade de te escrever algo sobre ele. Para mim a cena em que interpreta "Make'em laugh" (Singin'in the rain) também é uma referência como aquela em que aparece com Gene Kelly e Debbie Reynolds a dançar e cantar (cenário) pela casa toda. Foi um extraordinário bailarino nos fifties teve como muitos outros o "azar de ser contemporâneo de um Gene Kelly ou de um Fred Astaire em fim de carreira. Outros como Bob Fosse também o foram e tiveram o mesmo problema de notoriedade cinéfila.
Outra situação em que o recordo é no "Buster Keaton story" onde desempenha o papel daquele que em Portugal foi conhecido pelo Pamplinas e que foi o maior rival de Chaplin no mudo cómico.
Mudando de assunto e sobre a independencia da BBC, achei curiosa a tua menção. O problema da independencia ou não dos jornais não me preocupa particularmente. Para mim o que é problemático é os jornais aparecerem como independentes, ou "neutrais" politicamente mas de facto terem uma tendência definida o predominante que aparece subliminarmente como acontece com grande parte da imprensa portuguesa. Como é referido no teu post em Inglaterra, ou ainda na França ou Espanha por exemplo sabemos que quando compramos o Le Figaro, o Daily Telegraph ou o ABC temos uma linha e quando compramos o El Pais, o Guardian ou o Le Monde outra.
Claro que no caso da BBC como no da RTP o carácter público deveria implicar uma independencia e um pluralismo não querendo isso dizer uma opiniâo "amalgamada", mas sim um comentário com as várias perspectivas cada uma com a sua coerência.
O caso Martins da Cruz - Pedro Lynce é uma tristeza a ser verdade o que se tem ouvido na imprensa. Note-se que como tu sou um eleitor "à direita" do expectro político daí apoiar este governo e Durão Barroso, mas a actuação de Martins da Cruz é altamente condenável em termos éticos e também pelo mal que faz á maioria e ao governo, quando este precisa de serenidade e já tem inúmeros problemas pela frente que decorrem do esforço reformista, que muito bem está a empreender.
Quanto a mim o acesso a Medicina como a qualquer curso deve ser feito exclusivamente pela nota do exame de admissão, sendo preferível que a médio prazo ele seja da responsabilidade da própria universidade. Assim acabaria esta imoralidade que é a inflação de notas no ensino precedente e a aldrabice classificativa do sistema escolar obrigatório. O nº de vagas dependeria das necessidades do país e das capacidades das faculdades para leccionarem esses alunos. Uma vez estabelecido o nº de vagas entravam os melhores classificados no exame.
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AO PEQUENO ALMOÇO
Tomo sempre o pequeno almoço sentado na mesa da cozinha, a olhar para a janela. Lá fora há um pátio largo, entra boa luz e a vista é desafogada. Ao fundo do pátio há um prédio novo. Quiseram os arquitectos que as janelas da casa de banho desse prédio fossem largas e encostadas ao duche. Agora, quando por volta das sete ainda está lusco-fusco, a luz no prédio do outro lado deixa ver as silhuetas recortadas. Uma delas, a de uma mulher, morena e de cabelos compridos, aparece a tomar duche à mesma hora que eu tomo o pequeno almoço. Vejo-a, recortada na sombra,mesmo em frente, a acompanhar-me o café. Adivinho-lhe o contorno do corpo, espreito-lhe as curvas, mesmo sem querer. Tornei-me um involuntário voyeur de pequeno almoço. Os arquitectos que há pouco mais de um ano colocaram o prédio da frente num espaço desafogado nunca pensaram que estavam a oferecer esta possibilidade aos vizinhos.
Tomo sempre o pequeno almoço sentado na mesa da cozinha, a olhar para a janela. Lá fora há um pátio largo, entra boa luz e a vista é desafogada. Ao fundo do pátio há um prédio novo. Quiseram os arquitectos que as janelas da casa de banho desse prédio fossem largas e encostadas ao duche. Agora, quando por volta das sete ainda está lusco-fusco, a luz no prédio do outro lado deixa ver as silhuetas recortadas. Uma delas, a de uma mulher, morena e de cabelos compridos, aparece a tomar duche à mesma hora que eu tomo o pequeno almoço. Vejo-a, recortada na sombra,mesmo em frente, a acompanhar-me o café. Adivinho-lhe o contorno do corpo, espreito-lhe as curvas, mesmo sem querer. Tornei-me um involuntário voyeur de pequeno almoço. Os arquitectos que há pouco mais de um ano colocaram o prédio da frente num espaço desafogado nunca pensaram que estavam a oferecer esta possibilidade aos vizinhos.
October 07, 2003
A BBC SERÁ PARCIAL?
Todos os defensores irredutíveis da BBC como exemplo de seriedade informativa devem ler o artigo publicado esta semana na revista The Spectator em que se defende a tese de que a BBC desde há muito favorece de forma clara a esquerda. A análise é curiosa e o método devia ser aplicado em Portugal. Excerto: A group of researchers at Cchange, the Tory pressure group, devised this test. And it works. First of all go to the website of the Daily Telegraph — www.telegraph.co.uk — and study a range of political stories. Note the way they are covered, the experts who are quoted and the overall slant. You won’t be surprised by what you find. The Telegraph is the great broadsheet of the British Right, read by colonels and company directors of the more traditional kind.
Now visit the Guardian’s website —www.guardian.co.uk — to see the same stories covered from a very different ideological perspective. Again the results are predictable. The term ‘Guardian reader’ is a synonym for left-winger, and many social workers and university lecturers wear the label with pride.
Finally click on to the BBC’s excellent site, www.bbc.co.uk. It is a cornucopia of information. Not only can you get up-to-date news but it’s also possible to read transcripts of certain bulletins and political programmes and even to watch past editions online.
One might expect the BBC, with its compulsory levy and statutory duty of impartiality, to have none of the political bias of the other two sites. All programmes should be strictly neutral — but they’re not. At the very least it would be reasonable to expect a balance of biases. If one edition of Panorama denounces greedy employers for exploiting downtrodden workers, then surely another will point out that small businesses are drowning in over-regulation and increasingly onerous employment legislation. Not a bit of it. The fact is that, on issue after issue, the BBC broadcasts the views of the Guardian and its readers as if they were gospel. This takes place across a range of programmes. As goes the Left, so goes the BBC.
Todos os defensores irredutíveis da BBC como exemplo de seriedade informativa devem ler o artigo publicado esta semana na revista The Spectator em que se defende a tese de que a BBC desde há muito favorece de forma clara a esquerda. A análise é curiosa e o método devia ser aplicado em Portugal. Excerto: A group of researchers at Cchange, the Tory pressure group, devised this test. And it works. First of all go to the website of the Daily Telegraph — www.telegraph.co.uk — and study a range of political stories. Note the way they are covered, the experts who are quoted and the overall slant. You won’t be surprised by what you find. The Telegraph is the great broadsheet of the British Right, read by colonels and company directors of the more traditional kind.
Now visit the Guardian’s website —www.guardian.co.uk — to see the same stories covered from a very different ideological perspective. Again the results are predictable. The term ‘Guardian reader’ is a synonym for left-winger, and many social workers and university lecturers wear the label with pride.
Finally click on to the BBC’s excellent site, www.bbc.co.uk. It is a cornucopia of information. Not only can you get up-to-date news but it’s also possible to read transcripts of certain bulletins and political programmes and even to watch past editions online.
One might expect the BBC, with its compulsory levy and statutory duty of impartiality, to have none of the political bias of the other two sites. All programmes should be strictly neutral — but they’re not. At the very least it would be reasonable to expect a balance of biases. If one edition of Panorama denounces greedy employers for exploiting downtrodden workers, then surely another will point out that small businesses are drowning in over-regulation and increasingly onerous employment legislation. Not a bit of it. The fact is that, on issue after issue, the BBC broadcasts the views of the Guardian and its readers as if they were gospel. This takes place across a range of programmes. As goes the Left, so goes the BBC.
A MEDICINA
Este lamentável caso da filha do Ministro Martins da Cruz podia ao menos servir para lançar um debate sério sobre uma questão que permanece inexplicável: porque é que o acesso aos cursos de Medicina em Portugal é o que é? Porque é que os hospitais portugueses têm cada vez mais médicos e enfermeiros estrangeiros? Porque é que somos aparentemente incapazes de formar profissionais da saúde em número suficiente para as necessidades do país? Porque é que só conta a média e não interessa a vocação em profissões como estas?
Este lamentável caso da filha do Ministro Martins da Cruz podia ao menos servir para lançar um debate sério sobre uma questão que permanece inexplicável: porque é que o acesso aos cursos de Medicina em Portugal é o que é? Porque é que os hospitais portugueses têm cada vez mais médicos e enfermeiros estrangeiros? Porque é que somos aparentemente incapazes de formar profissionais da saúde em número suficiente para as necessidades do país? Porque é que só conta a média e não interessa a vocação em profissões como estas?
October 06, 2003
SOBRE A FACILIDADE
O mais fácil é sempre não fazer nada. Não mudar. Deixar andar. Não tocar nas propinas. Não criar protestos. Não mudar as leis do trabalho. Não perturbar interesses estabelecidos. O mais fácil é deixar as coisas correrem por si sem interferir. O problema é que o mais fácil é o que nos impede de progredir. De avançar. De ser um país melhor, Quando não se faz nada raramente há vozes de protesto. A inacção não sofre contestação. É terrível, mas é assim - por isso é que uns acham que governar é só gerir equilíbrios e outros consideram que governar é agir sobre a mudança. Por mais fina que seja a linha, gerir equilíbrios é sempre mais fácil, mais caro e menor reprodutivo. Mas é o que as pessoas gostam.
O mais fácil é sempre não fazer nada. Não mudar. Deixar andar. Não tocar nas propinas. Não criar protestos. Não mudar as leis do trabalho. Não perturbar interesses estabelecidos. O mais fácil é deixar as coisas correrem por si sem interferir. O problema é que o mais fácil é o que nos impede de progredir. De avançar. De ser um país melhor, Quando não se faz nada raramente há vozes de protesto. A inacção não sofre contestação. É terrível, mas é assim - por isso é que uns acham que governar é só gerir equilíbrios e outros consideram que governar é agir sobre a mudança. Por mais fina que seja a linha, gerir equilíbrios é sempre mais fácil, mais caro e menor reprodutivo. Mas é o que as pessoas gostam.
October 05, 2003
DOIS DIAS
Quase dois dias sem alimentar este meu querido «tamagochi». Quase dois dias sem escrever. Dois dias para descansar, para pensar, para tomar umas decisões. Para decidir que vale a pena prosseguir, mesmo que a outro ritmo. Até já.
Quase dois dias sem alimentar este meu querido «tamagochi». Quase dois dias sem escrever. Dois dias para descansar, para pensar, para tomar umas decisões. Para decidir que vale a pena prosseguir, mesmo que a outro ritmo. Até já.
October 03, 2003
CITAÇÃO DO DIA
Se os homens fossem anjos, os governos não seriam necessários.
James Madison (1751 - 1836)
Se os homens fossem anjos, os governos não seriam necessários.
James Madison (1751 - 1836)
SOCIEDADE CIVIL
Como hoje é dia da esquina aparecer impressa no Jornal de Negócios, aqui vão uns excertos:
A existência ou não da sociedade civil em Portugal parece continuar a ser tema de muita polémica (...) De facto o argumento mais utilizado, apesar de vir da esquerda ideológica, é essencialmente conservador e imobilista – e resulta, na prática, em tentar liquidar todas e quaisquer tentativas de que a cidadania se possa desenvolver (...) Esta questão – a da participação da sociedade civil numa televisão - não é nem essencialmente de capacidade financeira nem de capacidade técnica: é de capacidade de organização, de transmissão de experiências, de relacionamento. E é, sobretudo, de dar voz num meio de comunicação massificado a quem não costuma ser dada oportunidade de comunicar (...) Todos aqueles que se insurgem contra o facto de no meio de todos os participantes existirem alguns organismos com ligações ao Estado (...) apenas exprimem o desejo de que a sociedade não mude, que continue a ser o Estado sózinho a aparecer, que não consiga trabalhar em conjunto com outras entidades não estatais. Isto acontece, talvez, porque segundo eles tudo deva ser deixado exclusivamente ao Estado. Eu acho que, no fundo, as críticas que surgem radicam num proteccionismo total da intervenção estatal, que é a causa principal do não desenvolvimento da nossa sociedade civil.
(...) Portugal gosta de viver o síndrome de «pescadinha de rabo na boca» : como não existe não se estimula a que possa existir, como não se estimula nunca se desenvolve o que podia existir; portanto, não existe.
Como hoje é dia da esquina aparecer impressa no Jornal de Negócios, aqui vão uns excertos:
A existência ou não da sociedade civil em Portugal parece continuar a ser tema de muita polémica (...) De facto o argumento mais utilizado, apesar de vir da esquerda ideológica, é essencialmente conservador e imobilista – e resulta, na prática, em tentar liquidar todas e quaisquer tentativas de que a cidadania se possa desenvolver (...) Esta questão – a da participação da sociedade civil numa televisão - não é nem essencialmente de capacidade financeira nem de capacidade técnica: é de capacidade de organização, de transmissão de experiências, de relacionamento. E é, sobretudo, de dar voz num meio de comunicação massificado a quem não costuma ser dada oportunidade de comunicar (...) Todos aqueles que se insurgem contra o facto de no meio de todos os participantes existirem alguns organismos com ligações ao Estado (...) apenas exprimem o desejo de que a sociedade não mude, que continue a ser o Estado sózinho a aparecer, que não consiga trabalhar em conjunto com outras entidades não estatais. Isto acontece, talvez, porque segundo eles tudo deva ser deixado exclusivamente ao Estado. Eu acho que, no fundo, as críticas que surgem radicam num proteccionismo total da intervenção estatal, que é a causa principal do não desenvolvimento da nossa sociedade civil.
(...) Portugal gosta de viver o síndrome de «pescadinha de rabo na boca» : como não existe não se estimula a que possa existir, como não se estimula nunca se desenvolve o que podia existir; portanto, não existe.
CUIDADO COM O ARROZ DE POLVO
Não resisto a transcrever esta do Público de hoje: Os polvos são os únicos animais de corpo mole que conseguem ter uma erecção, descobriram investigadores da Universidade de Chicago. O órgão sexual do polvo, chamado lígula, tem uma estrutura idêntica ao do pénis humano, e situa-se no braço que o polvo usa para acasalar. Quando não está numa fase eréctil, explica a equipa, é tão pequeno que mal se consegue ver. A irrigação sanguínea da lígula tem uma função tão importante como nos humanos, mas a sua característica mais exótica é a cor branca brilhante que evidencia a falta de pigmentação que serve ao resto do corpo do polvo para se camuflar. Esta ausência de pigmentação, que poderia ser fatal na medida em que poderia atrair predadores, pode justificar o facto da lígula ser tão pequena
Não resisto a transcrever esta do Público de hoje: Os polvos são os únicos animais de corpo mole que conseguem ter uma erecção, descobriram investigadores da Universidade de Chicago. O órgão sexual do polvo, chamado lígula, tem uma estrutura idêntica ao do pénis humano, e situa-se no braço que o polvo usa para acasalar. Quando não está numa fase eréctil, explica a equipa, é tão pequeno que mal se consegue ver. A irrigação sanguínea da lígula tem uma função tão importante como nos humanos, mas a sua característica mais exótica é a cor branca brilhante que evidencia a falta de pigmentação que serve ao resto do corpo do polvo para se camuflar. Esta ausência de pigmentação, que poderia ser fatal na medida em que poderia atrair predadores, pode justificar o facto da lígula ser tão pequena
October 02, 2003
CITAÇÃO DO DIA
«Ainda está por provar que a inteligência tenha algum impacto na sobrevivência».
Arthur C. Clarke (1917 - )
«Ainda está por provar que a inteligência tenha algum impacto na sobrevivência».
Arthur C. Clarke (1917 - )
CONTRA A DITADURA CERVEJEIRA
Uma das coisas que mais me irrita é obrigarem-me a beber uma determinada marca decerveja sem me darem opção de escolha. Nomeadamente irrita-me ter de beber a Super Bock, que acho demasiado adocicada e pesada, e não poder ter alternativa de consumo em muitos restaurantes - esta mania que assolou Portugal há uns anos atrás é uma das práticas mais lesivas dos direitos dos consumidores à livre escolha. às vezes nem existe cerveja de garrafa, ficando tudo pela Imperial, que como se sabe, na maior parte das vezes já não é o que era. Bem que gostava de poder beber uma Cristal de vez em quando ao almoço, mas como as grandes marcas pagam o exclusivo nas casas de pasto, temos que levar em cima com o que não queremos. Irritante, não é?
Uma das coisas que mais me irrita é obrigarem-me a beber uma determinada marca decerveja sem me darem opção de escolha. Nomeadamente irrita-me ter de beber a Super Bock, que acho demasiado adocicada e pesada, e não poder ter alternativa de consumo em muitos restaurantes - esta mania que assolou Portugal há uns anos atrás é uma das práticas mais lesivas dos direitos dos consumidores à livre escolha. às vezes nem existe cerveja de garrafa, ficando tudo pela Imperial, que como se sabe, na maior parte das vezes já não é o que era. Bem que gostava de poder beber uma Cristal de vez em quando ao almoço, mas como as grandes marcas pagam o exclusivo nas casas de pasto, temos que levar em cima com o que não queremos. Irritante, não é?
PARA OS FANÁTICOS DA PALM
A nova linha de produtos da Palm (38 por cento do mercado de PDA's) é revelada pela Wired. Ligações bluetooth, ecrã maior, leitor MP3 e câmara digital fazem parte das novidades disponíveis: As for its "menu" options, the Tungsten T3 has an MP3 player and a multimedia player for video clips. Palm has also updated the software for its personal information management system, giving users more fields to input multiple addresses, e-mail accounts -- even someone's birthday. The Tungsten T3 is retailing for $400.
A nova linha de produtos da Palm (38 por cento do mercado de PDA's) é revelada pela Wired. Ligações bluetooth, ecrã maior, leitor MP3 e câmara digital fazem parte das novidades disponíveis: As for its "menu" options, the Tungsten T3 has an MP3 player and a multimedia player for video clips. Palm has also updated the software for its personal information management system, giving users more fields to input multiple addresses, e-mail accounts -- even someone's birthday. The Tungsten T3 is retailing for $400.
UM NEGÓCIO GORDO
E se entrasse num restaurante, escolhesse o que pretende e o criado tirasse do bolso um computador que lhe dizia ali, imediatamente, a composição em gordura e hidratos de carbono do que decidiu engolir? Não é ficação, como relata o The Economist num artigo sobre as oportunidades de negócio desenvolvidas num nicho de mercado (cada vez maior) para os mais gordos: The business implications are also enormous. American girls today shop for clothes that are roughly two sizes bigger than those worn by their mothers. Seats in public places such as sports arenas are being made bigger, as are those in aircraft. Drug firms are searching for miracle slimming drugs and the latest dieting fads become best-sellers. After claims that its advice on healthy eating is obsolete, the Bush administration said on September 23rd that it will draw up new guidelines. Expect hard lobbying by food firms fearful that the government's panel of experts may advise against eating their products.
E se entrasse num restaurante, escolhesse o que pretende e o criado tirasse do bolso um computador que lhe dizia ali, imediatamente, a composição em gordura e hidratos de carbono do que decidiu engolir? Não é ficação, como relata o The Economist num artigo sobre as oportunidades de negócio desenvolvidas num nicho de mercado (cada vez maior) para os mais gordos: The business implications are also enormous. American girls today shop for clothes that are roughly two sizes bigger than those worn by their mothers. Seats in public places such as sports arenas are being made bigger, as are those in aircraft. Drug firms are searching for miracle slimming drugs and the latest dieting fads become best-sellers. After claims that its advice on healthy eating is obsolete, the Bush administration said on September 23rd that it will draw up new guidelines. Expect hard lobbying by food firms fearful that the government's panel of experts may advise against eating their products.
OS NOVOS CARDEAIS
A sucessão no Vaticano é analisada com rigôr pelo The Economist., nomeadamente tendo em conta as recentes nomeações de novos cardeais: The latest 31 appointments are typical. Seven hold senior jobs in the Curia. Among those elevated are George Pell, the archbishop of Sydney, Australia, who stood aside last year during an investigation of allegations that he abused a 12-year-old boy during the 1960s but has since been cleared. Another is Justin Rigali, the archbishop of Philadelphia, also a conservative. Victims of clerical sexual abuse in America lamented his appointment, accusing Mr Rigali of being insensitive. One of the few liberals appointed was Keith O’Brien, the archbishop of Edinburgh and St Andrews, who has said he would have no problem with the Catholic tradition of priestly celibacy “withering away”.
A sucessão no Vaticano é analisada com rigôr pelo The Economist., nomeadamente tendo em conta as recentes nomeações de novos cardeais: The latest 31 appointments are typical. Seven hold senior jobs in the Curia. Among those elevated are George Pell, the archbishop of Sydney, Australia, who stood aside last year during an investigation of allegations that he abused a 12-year-old boy during the 1960s but has since been cleared. Another is Justin Rigali, the archbishop of Philadelphia, also a conservative. Victims of clerical sexual abuse in America lamented his appointment, accusing Mr Rigali of being insensitive. One of the few liberals appointed was Keith O’Brien, the archbishop of Edinburgh and St Andrews, who has said he would have no problem with the Catholic tradition of priestly celibacy “withering away”.
FAVORITOS
Um dos meus sites favoritos é o Arts & Letters Daily, uma compilação de artigos, críticas e crónicas de todo o mundo que permite dar uma vista de olhos rápido ao pensamento contemporâneo. A coluna de ensaios e opiniões tem de tudo, desde reflexões sobre o jornalismo, até à análise do sistema educativo norte-americano, o pós-guerra no Iraque ou o apreço dos presidentes norte-americanos pela correspondência com famosos.
Um dos meus sites favoritos é o Arts & Letters Daily, uma compilação de artigos, críticas e crónicas de todo o mundo que permite dar uma vista de olhos rápido ao pensamento contemporâneo. A coluna de ensaios e opiniões tem de tudo, desde reflexões sobre o jornalismo, até à análise do sistema educativo norte-americano, o pós-guerra no Iraque ou o apreço dos presidentes norte-americanos pela correspondência com famosos.
October 01, 2003
CITAÇÃO DO DIA
«O maior disparate que se pode fazer na vida é viver continuamente com medo de cometer um erro», Elbert Hubbard
«O maior disparate que se pode fazer na vida é viver continuamente com medo de cometer um erro», Elbert Hubbard
CURIOSO
A BBC está a ser acusada de utilizar o seu site na Web mais para o marketing que para a informação - e a coisa está a gerar polémica.
A BBC está a ser acusada de utilizar o seu site na Web mais para o marketing que para a informação - e a coisa está a gerar polémica.
MAIS TV
A Fox vai criar novos canais de notícias, focados na economia e no entretenimento, depois do sucesso da Fox News. Aqui explica-se tudo.
A Fox vai criar novos canais de notícias, focados na economia e no entretenimento, depois do sucesso da Fox News. Aqui explica-se tudo.
DONALD O'CONNOR
Mão amiga, bem entendida em cinema, o MP, fez-me chegar uma nota, que trasncrevo, evocando a memória de um grande nome desaparecido do cinema, Donald O'Connor, e cuja morte passou quase desapercebida no meio dos obituários de Elia Kazan: «Hoje, depois de ver a "entrada" sobre a morte do Elia Kazan, resolvi escrever-te para te dizer que te esqueceste de outro nome importante, que, por acaso, morreu no mesmo dia. Aliás, não foste só tu: quase toda a gente se esqueceu. Refiro-me ao Donald O'Connor, actor, cantor, dançarino, e muitas outras coisas mais. Perguntas-me o que é que ele fez para que o Mundo se lembre dele? Pois, se calhar tens razão, se calhar (obviamente) o Elia Kazan tem uma obra imensa (embora eu faça parte de uma pequena minoria que acha que não o põe nos píncaros) e o Donoald O'Connor não. Mas é engraçado: lembro-me melhor (com outra força, com outra alegria) de um só momento protagonizado pelo Donald O'Connor do que de toda a filmografia do Elia Kazan. Refiro-me a essa cena de estarrecer que é o "Make Them Laugh", no "Serenata à Chuva". Recordas-te? Esses três minutos são, para mim (e como sabes, tudo isto é muito subjectivo) mais "cinema" que toda a obra do Kazan. Pelo menos marcaram-me mais. Muito mais.
É óbvio que estou a "desabafar" contigo, que até percebo a importância que se deu à morte do Kazan (primeira página do Público de hoje, por exemplo). Mas nem sequer uma nota de rodapé para um actor que, em três minutos, fez grande cinema? Acho injusto que quase ninguém se tenha lembrado dele...»
Mão amiga, bem entendida em cinema, o MP, fez-me chegar uma nota, que trasncrevo, evocando a memória de um grande nome desaparecido do cinema, Donald O'Connor, e cuja morte passou quase desapercebida no meio dos obituários de Elia Kazan: «Hoje, depois de ver a "entrada" sobre a morte do Elia Kazan, resolvi escrever-te para te dizer que te esqueceste de outro nome importante, que, por acaso, morreu no mesmo dia. Aliás, não foste só tu: quase toda a gente se esqueceu. Refiro-me ao Donald O'Connor, actor, cantor, dançarino, e muitas outras coisas mais. Perguntas-me o que é que ele fez para que o Mundo se lembre dele? Pois, se calhar tens razão, se calhar (obviamente) o Elia Kazan tem uma obra imensa (embora eu faça parte de uma pequena minoria que acha que não o põe nos píncaros) e o Donoald O'Connor não. Mas é engraçado: lembro-me melhor (com outra força, com outra alegria) de um só momento protagonizado pelo Donald O'Connor do que de toda a filmografia do Elia Kazan. Refiro-me a essa cena de estarrecer que é o "Make Them Laugh", no "Serenata à Chuva". Recordas-te? Esses três minutos são, para mim (e como sabes, tudo isto é muito subjectivo) mais "cinema" que toda a obra do Kazan. Pelo menos marcaram-me mais. Muito mais.
É óbvio que estou a "desabafar" contigo, que até percebo a importância que se deu à morte do Kazan (primeira página do Público de hoje, por exemplo). Mas nem sequer uma nota de rodapé para um actor que, em três minutos, fez grande cinema? Acho injusto que quase ninguém se tenha lembrado dele...»