October 03, 2003

SOCIEDADE CIVIL
Como hoje é dia da esquina aparecer impressa no Jornal de Negócios, aqui vão uns excertos:

A existência ou não da sociedade civil em Portugal parece continuar a ser tema de muita polémica (...) De facto o argumento mais utilizado, apesar de vir da esquerda ideológica, é essencialmente conservador e imobilista – e resulta, na prática, em tentar liquidar todas e quaisquer tentativas de que a cidadania se possa desenvolver (...) Esta questão – a da participação da sociedade civil numa televisão - não é nem essencialmente de capacidade financeira nem de capacidade técnica: é de capacidade de organização, de transmissão de experiências, de relacionamento. E é, sobretudo, de dar voz num meio de comunicação massificado a quem não costuma ser dada oportunidade de comunicar (...) Todos aqueles que se insurgem contra o facto de no meio de todos os participantes existirem alguns organismos com ligações ao Estado (...) apenas exprimem o desejo de que a sociedade não mude, que continue a ser o Estado sózinho a aparecer, que não consiga trabalhar em conjunto com outras entidades não estatais. Isto acontece, talvez, porque segundo eles tudo deva ser deixado exclusivamente ao Estado. Eu acho que, no fundo, as críticas que surgem radicam num proteccionismo total da intervenção estatal, que é a causa principal do não desenvolvimento da nossa sociedade civil.
(...) Portugal gosta de viver o síndrome de «pescadinha de rabo na boca» : como não existe não se estimula a que possa existir, como não se estimula nunca se desenvolve o que podia existir; portanto, não existe.