May 29, 2006

TIMOR, PELA CNN
Para não ficarmos condicionados pelo lado sentimental, vale a pena ler o que fontes menos envolvidas dizem sobre o que se está a passar.Este é o despacho de hoje da CNN. Excertos:
What began in recent months as a schism within the armed forces spilled over during the past week to the general population, which is divided on geographical lines of east and west, or those perceived to have been pro-Indonesian against those who wanted independence, AP reported.

Rival gangs torched homes and battled with machetes for a third day on Sunday. Fire across the city filled the sky with smoke overnight and into Monday, and the streets were strewn with smoldering debris while Black Hawk helicopters roared overhead.

Australian troops rumbled toward the sound of gunfire in armored personnel carriers, but seemed to only briefly scatter combatants.

Fighting erupted last week when renegade soldiers attacked unarmed police who were being escorted to safety by U.N. staff, leaving nine dead.

Dili's Becora hospital said the toll had risen to 20 by Sunday.

QUERO UM TELEFONE SIMPLES
Belo artigo este da Wired : um telefone deve servir para falar, ser simples de usar e não provocar maçadas - parece ser isto que um largo numero de utilizadores prefere.
CABELOS EM PÉ
Quem ler a entrevista com Jack Welch (o gestor que multiplicou o valor da General Electric)ao Jornal de Negócios só pode ficar com os cabelos em pé. Excerto:
«É humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, que é a de uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos», disse Jack Welch hoje de manhã numa mesa redonda com empresários portugueses, citado pelo presidente do Fórum para a Competitividade, Luís Mira Amaral, na conferência de imprensa que se seguiu para revelar as conclusões do encontro.

«Welch disse que somos demasiado estáticos em Portugal», afirmou Mira Amaral, confirmando assim o «ralhete» que o ex-CEO da General Electric deu aos empresários portugueses na mesa redonda destinada à análise e discussão sobre «Os Desafios das Empresas e da Economia Portuguesa no Contexto Competitivo Actual», uma iniciativa apoiada pelo Jornal de Negócios.

Jack Welch defendeu o empreendedorismo e um aumento sustentado da produtividade e deu alguns exemplos de sistemas financeiros que actuaram como estímulo para o empreendedorismo: a elevação do nível tecnológico, maior contribuição do Estado (na garantia de qualidade a todos os níveis de ensino, por exemplo) e na inovação e valorização dos recursos humanos, que devem ser as preocupações básicas das empresas.

IMPRESCINDÍVEL «ATLÂNTICO»
A edição de Junho da revista «Atlântico» vem cheia de boas razões de leitura. Destaco três: o artigo de Maria Filomena Mónica a desconstruir a Casa da Música no Porto; a deliciosa análise de Fernando Sobral ao livro recente de Manuel Maria Carrilho, que apelida de «romance light» ; e, finalmente um belíssimo artigo de Rui Ramos intitualdo «O 25 de Abril de Salazar».

May 28, 2006

MARCELO E A COMUNICAÇÃO
Com o seu velho estilo de sabe tudo, Marcelo opinou Domingo sobre televisões, rádios, jornais e revistas: manipulou na análise e errou nos factos. Um clássico das conversas marcelistas.
PARAÍSO – Para os arquitectos a China está a transformar-se num país de sonho, com indíces de construção elevadíssimos e um número impressionante de grandes edifícios que irão estar prontos até aos Jogos Olímpicos de 2008. Vários grandes ateliers de arquitectura europeia confirmaram não poder aceitar mais encomendas da China nos próximos meses. As estatísticas mais recentes dizem que a China consome já 54,7 por cento da produção mundial de cimento e 36,1 por cento da produção mundial de aço.


CRISE – Face à diminuição de circulação da imprensa, que também existe nos Estados Unidos, a diferença está na organização: o princípio da resposta ao problema aparece no site do American Press Institute (www.americanpressinstitute.org) e no do projecto «Newspaper Next» (www.newspapernext.org), uma iniciativa daquele
Instituto que visa analisar as transformações nos jornais e revistas e
arranjar soluções para a crise. Há-de haver um relatório no fim do
ano, mas já lá estão intervenções e relatos de conferências que são
bem interessantes.

SURPRESA – Os espectadores norte-americanos que seguiam o episódio final da segunda série de «Lost» no dia 3 de Maio deram de repente com um spot publicitário da Fundação Hanso, com a indicação de um número gratuito para onde poderiam ligar e de um endereço (www.thehansofoundation.org). Na realidade esta Fundação é fictícia e faz parte de um eleborado esquema de um jogo construído em torno da série, «The Lost Experience». Quem telefonou ou visitou o site teve que seguir uma série de pistas deste jogo, que faz parte de uma nova forma de jogos on-line conhecida por ARG (Alternate Reality Games), na qual histórias fictícias são combinadas com elementos da vida real. Há enigmas para resolver e muita pesquisa para desenvolver numa rede de sites. Na realidade esta operação visa prolongar o interesse pela série, durante os meses de Verão em que ela não é exibida nos Estados Unidos.

POLÉMICA – O EMF (European Media Forum) distribuíu esta semana um relatório onde preconiza que a BBC deveria passar os serviços de rádio BBC 1 e BBC 2 para a iniciativa privada. Estes dois serviços emitem predominantemente música pop e rock e diversas formas de entretenimento radiofónico. O EMF argumenta que a presença da BBC neste sector, com investimentos altos e uma grande capacidade de promoção cruzada através de todos os seus canais de rádio e televisão, está a estrangular de facto o crescimento da rádio privada na Grã-Bretanha. Esta é uma polémica que começa a surgir em todos os países onde as emissões de serviço público abandonam a sua matriz complementar e procuram entrar na guerra de audiências. A BBC One e Two são as duas estações de rádio mais ouvidas no Reino Unido.

VER – Seis séculos de pintura europeia através das 95 obras da colecção Rau, exposta até Setembro no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Iniciada nos anos 60 pelo médico alemão Gustav Rau, a colecção inclui obras de Fra Angélico, El Greco e Canaletto e inclui um forte núcleo do século XIX e primeira metade do século XX, com obras de Monet, Degas, Bonnard e Morandi, entre outros.


NOVIDADE – A Galeria Graça Brandão chegou a Lisboa, depois de se ter afirmado no Porto como um dos locais que mais apostou em novos talentos nacionais. Em Lisboa a Galeria fica no Bairro Alto, Rua dos Caetanos 26. A exposição inaugural («Constelações Afectivas») fica exposta até 24 de Junho.


OUVIR – Para uma tarde de primavera os concertos para piano de Brahams, na interpretação de Nelson Freire, acompanhado pela Gewandhausorchester, dirigida por Riccardo Chailly. As gravações foram efectuadas em concertos ao vivo realizados em Novembro de 2005 e Fevereiro de 2006 em Gewandhaus, Leipzig. Estes dois concertos, considerados como expoentes da música romântica, têm uma interpretação de rara sensibilidade com o pianista brasileiro Nelson Freire, cuja técnica e virtuosismo se adaptam particularmente a estas obras de Brahams. CD duplo Decca, distribuído por Universal Music.

DEVORAR – Chegaram as cerejas, a fruta da Primavera. Este ano estão soberbas, redondas ou em forma de coração, rosadas ou de um vermelho carregado.

BACK TO BASICS – «Para recuperar a minha juventude faria tudo no mundo menos fazer exercício, levantar-me cedo ou ser respeitável» – Oscar Wilde

May 26, 2006

MILES FOREVER
Se fosse vivo, Miles Davis faria hoje 80 anos. Imperdível a emissão especial que a Rádio Marginal está a fazer (FM 98.10, Lisboa).

TUNNELS
Muito boa a exposição de André Princípe na Galeria Fernando Santos, de terça a sábado, entre as 13h00 e as 20h00. Rua de S.Paulo 98, ao Cais de Sodré.Em exposição até 24 de Junho.
MUDANÇAS...
Há uma semana atrás começava a excitação com a equipa portuguesa de Sub 21. Uma semana depois e duas derrotas seguidas a coisa já é quase ignorada. Os «desaires», esquecem-se depressa. Vai começar a miragem do mundial... D.Sebastião, onde andas tu?
NOTÍCIAS NO iTUNES
A partir de hoje a iTunes Music Store vai passar a distribuir um conjunto de programas e documentários produzidos pela NBC News, MSNBC e CNBC, incluindo alguns títulos produzidos exclusivamente para a loja virtual criada pela Apple.
Por um dólar e novante e nove cêntimos os utilizadores poderão adquirir programas do arquivo histórico e novos especiais como por exemplo sobre o «Código Da Vinci».

May 25, 2006

DESABAFO
Quem diria, há um ano, que por esta altura se iria generalizar a convicação de que há muito tempo não era executada de forma tão eficaz uma política de centro direita?
PRIMAVERA
Há cerejas que parecem corações
CONFIRMA-SE
Já imaginava: As forças policiais portuguesas não têm meios para combater a corrupção, indica um relatório do Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO), do Conselho da Europa.
PORTAGENS POR TODO O LADO
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades - um membro do Governo afirma hoje na imprensa que o executivo vai introduzir cobrança de portagens em IP's e IC's. Quem se lembra das promessas eleitorais do PS sobre esta matéria?
XANGAI ARTE
A Feira de Arte de Xangai tem 260 galerias de todos os continentes e um total de dez mil obras de arte modernas e contemporâneas. A Feira abre hoje num espaço de 8200 metros quadrados.

May 24, 2006

PORMENOR
Não resisto a citar Alberto Gonçalves, no Correio da Manhã, de hoje: «Na medida em que aceitam reproduzir os lamentos e as alucinações do prof. Carrilho, os media já não podem ser apenas acusados de conspiração contra o homem, mas de assassínio premeditado e particularmente cruel».
O ridículo mata
Eduardo Prado Coelho, hoje, no Público, em defesa de Carrilho:
Quanto às agências de informação e comunicação, confesso a minha ingenuidade: não sabia o poder que elas têm e o modo como estão presentes nos jornais portugueses. Por acasos da minha vida, conhecia o que se passava com revistas femininas: o lançamento de determinado produto da L"Oréal implicava a troco de publicidade que se fizesse um dossier sobre o tema em questão. Mas ignorava o que se passava noutros domínios. A verdade é que, certamente por ser um escriba discreto, nunca ninguém me deu nem um rebuçado para escrever seja o que seja - quanto mais um cruzeiro nos mares do Sul...
PROPAGANDA
«Ao conseguir que os jornalistas comecem a funcionar como canibais, Carrilho cumpriu a sua função: é desde já o melhor ministro da propaganda desde o 25 de Abril» - sábias palavras de
Fernando Sobral no Jornal de Negócios.
RETOMA ESTATIZADA
Brilhante o editorial de hoje de Sérgio Figueiredo no Jornal de Negócios. Excerto:
Celebrar o anúncio da retoma é imprudente. E, repito, ainda por cima pouco original.

Mas o Governo decidiu juntar-se à festa. Ou melhor, tomou a iniciativa de assumir a responsabilidade. E, numa homenagem imprevista à demissão do professor Campos e Cunha, anunciou ontem, pela voz do ministro da tutela, «investimentos fortíssimos» na construção.

O engenheiro Mário Lino não é um fanático do mercado. Mas também não precisava dar cabo dele. E se a sua intenção era animar uma plateia de construtores viciada em obras públicas e certamente atingiu o objectivo. Deixa é o resto do país em estado de choque.

Se perguntar qual é o pior contributo que este Governo pode dar para destruir a confiança que tanto prega, para lançar descrédito na sua acção, enfim, para matar à nascença este promissor «levantar de cabeça» do sector privado, a resposta é uma: anunciar investimentos públicos e mais investimentos públicos.

Um Estado, num momento de crise financeira, não pode dizer que deixa de ter dinheiro para pagar pensões dentro de poucos anos e, ao mesmo tempo, espalhar milhões de milhões na construção civil.

OS PRÉMIOS WIRED
Todos os anos a revista WIRED atrbui os seus prémios, The Rave Awards. Na música venceram os Clap Your Hands Say Yeah, na arquitectura Cameron Sinclair e Kate Stohr, na categoria podcast o Ricky Gervais Show. Todos os detalhes mais o vencecdor do Steve Jobs Award em RAVE.
PALHAÇADA
Já nem sei a que ache mais palhaçada - se ao que se passou no programa «Prós e Contras» sobre o opúsculo de Carrilho, se à posição do Presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social sobre o assunto e que hoje vem nos jornais- parece que a Autoridade se dispõe «a analisar as questões levantadas pelo livro de Manuel Maria Carrilho». De repente o país percebeu que existem lobbies e que eles se movimentam - de todos os lados e em todas as direcções. Um pouco menos de cinismo e de hipocrisia era bem vindo.
FUTEBOL EM ECRÃS GIGANTES

Não percebo é como é que as autarquias, que cobram impostos e taxas e na generalidade dos casos prestam serviço deficiente aos seus residentes, aperecem agora a achar normal que se possam usar abusivamente direitos de emissão das transmissões do Mundial para exibição pública. O caso resume-se a isto, por muito que custe: o negócio do desporto está alicerçado em direitos de imagem e de transmissão que são pagos a preços altos. Quem compra os direitos revende-os depois aos utilizadores finais sob diversas formas. Quem os quiser exibir tem que negociar e pagar. Roubar não vale.

May 23, 2006

NET VIGIADA
Ora espreitem este artigo da Wired sobre a forma como a AT&T auxiliou a National Security Administration a patrulhar a internet. Um técnico da AT&T, Mark Kleim, elaborou uma série de documentos para a Electronic Frontier Foundation, que o site da Wired reproduz, justificando a divulgaçãoo dos documentos pela sua importância no contexto da salvaguarda das liberdades e direitos. Excerto de um deles:
I wrote the following document in 2004 when it became clear to me that AT&T, at the behest of the National Security Agency, had illegally installed secret computer gear designed to spy on internet traffic. At the time I thought this was an outgrowth of the notorious Total Information Awareness program, which was attacked by defenders of civil liberties. But now it's been revealed by The New York Times that the spying program is vastly bigger and was directly authorized by President Bush, as he himself has now admitted, in flagrant violation of specific statutes and constitutional protections for civil liberties. I am presenting this information to facilitate the dismantling of this dangerous Orwellian project.
.
As operações são descritas da seguinte forma:
In 2003 AT&T built "secret rooms" hidden deep in the bowels of its central offices in various cities, housing computer gear for a government spy operation which taps into the company's popular WorldNet service and the entire internet. These installations enable the government to look at every individual message on the internet and analyze exactly what people are doing. Documents showing the hardwire installation in San Francisco suggest that there are similar locations being installed in numerous other cities.
.
Se quiserem ler mais, já sabem, Wired News .
O NÚMERO
A Função Pública tem 1050 carreiras, leio hoje nos jornais. É um pouco demais para tão fraco serviço, não é?
CRIATIVIDADE
Quanto mais olho para o que se passa à volta, mais acho que um dos nossos maiores deficits está na criatividade. Espreitem lá esta página de Richard Florida .

May 22, 2006

PONHAM 2 de JUNHO NAS AGENDAS
Patrick Monteiro de Barros vai responder no dia 2 de Junho às acusações que o Governo lhe tem feito e diz que os números divulgados pelo executivo sobre o projecto da refinaria de Sines estão errados. A coisa promete... Aqui está uma história que vai ser gira de seguir.
SIMPLICIDADE...
As coisas não são muito complicadas, como explica Alberto Gonçalves, hoje, no «Correio da Manhã»: Hoje, nem o PS é exactamente de esquerda nem o PSD é exactamente uma alternativa. Durante os próximos dois anos, pelo menos, será uma coisinha inócua, uma bijuteria democrática em busca dos ocasionais desgostosos da governação e de uma palavra amiga de Cavaco. Não importa o que o seu aclamado líder faça ou diga: o PSD entrou no limbo e de lá não sairá tão cedo. Se preciso fosse, este destino foi selado no discurso do dr. Mendes ao congresso, ontem de manhã, que suscitou a simpatia possível dos militantes, do dr. Menezes e do representante do PS na Póvoa, o dr. Alberto Martins. A irrelevância merece sempre consenso e carinho, quase pena.
O ESTADO
É certo que temos Estado a mais. A dúvida está em saber se se acaba com ele, ou se faz uma reforma a sério, que o agilize, emagreça e torne mais eficaz. Passar os serviços do Estado para os privados não é a solução milagreira para todos os problemas. Às vezes pode ser apenas sacudir a água do capote. Passar do oito ao oitenta é uma habilidade que os portugueses gostam de fazer sem estudarem bem as coisas. Uma das razões que leva tanta coisa a correr mal na política é começar a dizer coisas antes de estudar bem os assuntos. O improviso continua a ser a ideologia da maior parte dos partidos e líderes partidários. Navegar à vista, é o que é...

May 21, 2006

OLHO VIVO
Muito bom o »Olho Vivo» de Eduardo Cintra Torres no «Público» deste Domingo. Não resisto a citar um excerto: «São raros os media, como o Correio da Manhã ou a Rádio Renascença, com relatos frescos, vitais, isentos de subjectividade, descritivos, respondendo às perguntas quem, quando, onde, o quê, porquê e como. Quase todas as organizações jornalísticas consideram que, havendo inúmeras fontes de informação, já não têm de limitar-se a informar e podem transformar quase toda a sua produção em informação comentada. Julgo que terão de parar para reflectir - e para isso os índices de vendas e audiências são um auxiliar decisivo. Não é por acaso que o Correio da Manhã vende mais enquanto os outros baixam tiragens, não é por acaso que a Renascença mantém uma supremacia que a ligação à Igreja não chega para explicar: é porque estes órgãos têm outputs informativos com menos subjectividade e mais informação.»
DESCOBRIR - Sugiro esta semana alguma ronda por blogs recentes e bem interessantes. Começo pelo novo de Paulo Pinto Mascarenhas, o director da revista «Atlântico», autor do «abcdoppm». Humor, espírito de observação e uma despretenciosa crónica do quotidiano podem ser por lá encontrados. O jornalista Pedro Boucherie Mendes regressa também às lides bloguísticas c om o «Aos 35», muito pessoal, a escolher boas citações, com um fino sentido de humor. Finalmente recomenda-se também vivamente o menos novo mas sempre muito polémico «Esplanar», de Carlos Leone e João Pedro George (este último muito divulgado por causa das críticas aos livros de Margarida Rebelo Pinto). E se querem uma visão diferente da política espreitem o «Bloguitica», de Paulo Gorjão. Com persistência e apurado sentido crítico, o seu autor escolhe citações, recolhe posições e depois junta-as em raciocínios que fazem sentido. Têm os links aqui ao lado.


LER- «Desperate Networks» de Bill Carter é um livro fundamental para todos os que se interessam por televisão. Foi agora editado nos Estados Unidos (é para isto que a Amazon serve…) e analisa as profundas transformações surgidas na época mais conturbada da história da TV, precisamente estes doze últimos anos. Neste período, nos Estados Unidos, as audiências das quatro grandes cadeias nacionais caíram de 72 para 46 por cento, o peso dos canais de cabo independentes como a HBO aumentou e surgiram novos tipos de programas (como os reality-shows), que perturbaram completamente as tradicionais grelhas de programas – da mesma forma que a evolução tecnológica veio permitir ver o que se quer quando se deseja e não quando o programador estabelece – é o que acontece com os downloads de episódios para iPod’s. O livro é muito baseado na realidade americana, é muito documentado mas para nós tem um interesse acrescido: é que muito do que Cárter agora analisa e já acontece nos Estados Unidos, há-de estar a chegar à Europa muito em breve. «Desperate Networks», editado pela Doubleday.


OUVIR - Sérgio Mendes foi dos primeiros músicos brasileiros oriundos da Bossa Nova a fazer carreira nos Estados Unidos – foi para lá em 1966 e agora, quarenta anos depois, faz um disco que propõe novas abordagens a êxitos como «Mas Que Nada», «Berimbau», «Lamento», «E Menina», «Bananeira» ou n«Samba da Bênção». O curioso é que o produtor do disco é Wil. I. Am. Dos Black Eyed Peas – que aliás participam no disco ao lado de nomes como Erykah Badu, Q-Tip, Jill Scott, Mr. Vegas ou Justin Timberlake. Simplesmente irresistível – aliás a publicidade já pegou na versão dos Black Eyed Peas para «Mas Que Nada», que já anda aí em spots relacionados com o Mundial. «Timeless», Sérgio Mendes, CD Concord, distribuído por Universal Music.


COMIDAS – Aqui deixo o meu protesto contra a falta de cardápio de verão decente nos restaurantes deste país. Abundam as sardinhas com pimentos (que são deliciosas, diga-se), mas faltam boas saladas, alternativas leves para um almoço. É raro o sítio onde se consegue encontrar uma salada elaborada que sirva de prato principal. Se estiverem desesperados e procurarem ideias para saladas, visitem a secção respectiva no site www.petiscos.com, um dos melhores locais da rede com receitas em português.


BACK TO BASICS - As pequenas economias têm que ser virtuosas, devem pensar nos outros, naqueles com quem se têm que relacionar, não podem ser egoístas e pensarem apenas em si próprias (F.R.)

May 20, 2006

FAZER E PODER


O mais recente filme de Claude Chabrol chama-se «L’Ivresse Du Pouvoir» («A Embriaguez do Poder») e aborda a relação entre investigadores e investigados e os complexos jogos de poder que se estabelecem.

O caso é tão actual, pelos vistos, aqui como em França. Mas não afecta só o mundo da justiça, passa por todo o aparelho do Estado. Tomemos o exemplo de um Governo – não este em particular, mas um qualquer. Um membro do Governo tem sempre a ilusão de ser detentor de um poder (quase mágico) que efectivamente não tem. Muitas vezes deslumbra-se com esse poder e vive como se o tivesse. A pior forma de ilusão é quando o iludido se deixa convencer de que o poder que tem é suficiente para modificar as coisas e obter resultados, mesmo que apenas use lindas palavras e boas ideias e depois se esqueça de criar os mecanismos de acção que poderiam levar à sua concretização.

A versão mais recorrente da embriaguez do poder está na embriaguez da palavra. A promessa é o poder da política, o anúncio de medidas que não se concretizam é o abuso de poder.

A sociedade – em particular os media – não têm o salutar hábito de questionar e verificar o ratio entre promessas ou anúncios produzidos e medidas concretizadas. No subconsciente social é a evidente desproporção entre promessas e resultados que leva à degradação da imagem dos políticos. Nos dias que correm a demagogia não é só fazer promessas eleitorais impossíveis, é anunciar como de facto medidas e reformas que depois não são implementadas nem escrutinadas.

Tomemos o caso de Manuel Maria Carrilho, que se auto-proclama o melhor Ministro da Cultura de sempre. Acho que se alguém com seriedade fosse ver, de entre as coisas que prometeu, anunciou e falou, aquelas que efectivamente foram concretizadas teria uma grande surpresa. Carrilho poderá ser um homem de pensamento e palavra, mas não é um homem de acção, a não ser para a chicana política, como esta semana se viu. Ele não sabe fazer. Não sabe concretizar. Não é o único, mas é o mais evidente de todos. Façam o exercício e comparem o dito com o feito. O facto de uma boa parte do aparelho socialista ter ido ao beija mão a Carrilho é elucidativo. É gente para quem interessa pouco o que se faz. Gostam muito de falar, nem sempre de ouvir, raras vezes de fazer.

May 19, 2006

MANIFESTO
Vão AQUI ler o manifesto de Rodrigo Moita de Deus, a propósito da moção que leva ao congresso do PSD. É das coisas mais lúcidas escritas sobre a política à portuguesa nos últimos tempos. Excerto:«Portugal é governado por políticos que andam nisto há pelo menos trinta anos. Trinta anos! Perpetuam-se, tiram senhas, exercem o poder à vez. Tinham, pelo menos, a obrigação de fazer mais e de fazer melhor. Mas quando saírem de lá, daqui a outros trinta anos, vão devolver o país em pior estado do que o encontraram. Nesse dia, o problema já não será deles...Hoje a política é um problema. É uma espécie de obstáculo ao desenvolvimento do país e ao bem-estar das pessoas. Em vez de solução é um estorvo. Que chocante paradoxo!»
PERGUNTA
Porque é que a colecção de Moda e Design de Francisco Capelo não vai para o Pavilhão de Portugal, em vez de ir para um palacete onde nunca ficará bem alojada nem exposta - como a própria responsável pela sua montagem reconhece?
Acresce que mandava a lógica que o Pavilhão de Portugal fosse usado como área expositiva moderna e fortalecesse a oferta na zona da Expo, em vez de concentrar ainda mais problemas numa zona de difícil acesso e péssimo estacionamento, como o Bairro Alto. Enfim, por estas e outras é que Lisboa vai ficando mais pobre...
PERGUNTA INCÓMODA
Quantas árvores do Parque da Belavista já foram destruídas «por acidente» pela muito ecologica e politicamente correcta equipa do Rock In Rio?
VIVA O MNAA!
A equipa do Museu Nacional de Arte Antiga está de parabéns: grande exposição (95 peças da Colecção Rau) de mestres da pintura europeia, muito bem apresentada, grande festa, grande noite. Boa música, bares a funcionar, uma belíssima mistura de públicos, tudo o que esteve a cargo da equipa do Museu correu sobre rodas. Dalila Rodrigues - a Directora do MNAA - está de parabéns. É a melhor exposição a visitar Lisboa desde há uns bons anos. Absolutamente imperdível - todos às Janelas Verdes até 17 de Setembro!
(Só foi pena a polícia municipal ser tão intolerante e estúpida -mas para que serve a polícia municipal para além de garantir estacionamento aos dignatários camarários, alguém me diz?)

May 18, 2006

O SONHO EUROPEU
Um velho amigo meu, céptico militante e lúcido impenitente, dizia ontem: «Na Europa as pessoas não olham para as artroses, preferem disfarçar e pintar o cabelo de louro e querem andar de skate como se fossem jovens norte-americanos - o sonho europeu dos últimos anos resume-se a isto».
OTA...
Leio nos jornais que afinal já não é assim tão certo que se faça já o novo aeroporto e que, talvez, se possa ainda estudar outra localização. É nestes momentos que sinto um formigueirozito no pé...

May 17, 2006

BLOG-CONGRESSO
Rodrigo Moita de Deus é um dos autores do «Manifesto da Culpa dos Outros», um imperdível documento sobre o PSD, dirigido ao seu Congresso, que pode ser lido neste blog.
AS OBRAS NO CINEMA SÃO JORGE
Parece que o cinema S. Jorge vai reabrir temporariamente para depois ser encerrado para obras longas, contrariando aliás mais uma incumprida recente promessa do pelouro da Cultura da CML.Há um ano atrás, quando foi encerrado, o S.Jorge tinha infiltrações estruturais na cobertura, o sistema eléctrico datava da construção (as célebres obras de João Soares nem tocaram no assunto, limitaram-se a lavar paredes),e constava de fios de cobre forrados a tecido apodrecido, que circulam entre madeira e gesso ressequido, no meio de carradas de novelos de pó. Na sala grande a zona de palco´está em instabilidade absoluta e não deve levar pesos - foi uma solução atamancada nos anos 70 e a única coisa que faz sentido é repor a sala na sua dimensao original. O resto é engano demagógico.
É bom que quem fôr abrir o S. Jorge tenha consciência da situação em que a sala está. E que a coisa não se resolve com umas habilidades electrotécnicas provisórias.
NAO APOIEM O ROCK IN RIO
Irrita-me que o banco de que sou cliente apoie uma fantochada que dá pelo nome de Rock In Rio; irrita-me que um refrigerante de que gosto faça o mesmo; irrita-me que a cerveja mais portuguesa tenha feito uma palhaçada abrasileirada de propósito para a carnavalada foleirosa. E irrita-me a nossa saloice face a um festival importado, musicalmente imprestável, quando já tínhamos o bom Super Rock Super Bock. Porque é que tanta gente se deslumbra com o importado e ignora o que cá é feito.
Outra coisa que me irrita um pouco é o oportunismo em torno da tanga do marketing social e do mundo melhor que não passam de melaço para papalvos. Francamente!

May 16, 2006

NÃO SE ESTRAGAM DUAS CASAS...
Carlos Martins, que em alguns momentos conseguiu ser uma referência no
jazz português, voltou às trapalhadas e misturadas que nos últimos
anos têm afligido a sua carreira e no seu disco «Do Outro Lado»
associa-se a esse expoente do engano musical lusitano que é Carlos do
Carmo. Duas conclusões: 1 - Carlos Martins definitivamente passou-se
para o outro lado; 2- Não se estragam duas casas.
Carlos do Carmo tornou-se notado nos últimos meses por ser o arauto de
um filme propangandistico teoricamente sobre o fado realizado pelo
decadente Carlos Saura e pago pelo erário público, no caso pela
autarquia lisboeta.
O ABC
Paulo Pinto de Mascarenhas regressou em grande com novo blog, ABC que é imperativo ler. E já que lá estão podem sugerir alguns dos links sugeridos, como o do Rodrigo Moita de Deus.

May 13, 2006

ESPREITAR – O site da revista que ganhou um dos National Magazine Awards norte-americanos, a «Virginia Quarterly Review». Graficamente deslumbrante, os conteúdos vão de artigos sobre ciência a design, passando por literatura, história e filosofia. É editada pela Universidade da Virgínia quatro vezes por ano. Podem levantar a ponta do véu em http://www.vqronline.org/ .


EUROPEIZAR – Por cá o Dia da Europa foi este ano assinalado com guloseimas no velho Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço. A vetusta casa que albergou, entre outros, Fernando Pessoa, foi a escolhida em Portugal na iniciativa Café d’Europe. À porta, nesse dia, distribuía-se uma edição especial do «Frankfurter Allgemeine», felizmente escrita em inglês, e que levava em subtítulo «The Europe Journal». Cada um dos membros da União tinha direito a um artigo. Alguns exemplos: a boa aposta da Estónia nas novas tecnologias, a capacidade de integração dos emigrantes na Holanda, uma curiosa experiência de agricultura na Sicília, a florescente actividade artística em Barcelona, o inesperado sucesso de escritores policiais suecos, uma inovadora política social na Dinamarca. E qual o tema escolhido para Portugal? – Os incêncios de verão, num retrato devastador da política florestal e de segurança dos últimos anos. No meio de artigos essencialmente positivos, um retrato negativo do país. Nada de que nos possamos orgulhar.


VER - «Movimentos Perpétuos, cine-tributo a Carlos Paredes» é talvez o melhor dos filmes que Edgar Pêra realizou até hoje. Fruto de um trabalho longo e persistente de edição e pesquisa, baseado na gravação áudio de um recital de Paredes, promovido pelo «Mundo da Canção» no Porto, o filme acaba por ser uma espécie de «o Mundo visto por Carlos Paredes» e é isso que o torna precisamente tão atraente e contemporâneo – e por vezes incómodo. Em exibição no Lusomundo-Vasco da Gama.


VISITAR – A exposição de pintura de Francisco Vidal na VPFcream Arte (Rua da Boavista 84-2º, Lisboa, de terça a sábado das 14 às 19h30, até 17 de Junho). Já agora aproveite para conhecer o novo espaço da VPF, um andar acima, a meio caminho para a Plataforma Revólver. Aí poderá ver obras do acervo da galeria, com destaque para fotografias recentes (e muito interessantes) de José Maçãs de Carvalho, esculturas, vídeos e pinturas de diversos artistas. Mais acima, na Plataforma Revólver, está uma exposição de fotografias de Pedro Loureiro.


OUVIR – Para muitos Pete Seeger é sobretudo o autor de canções de protesto, como «We Shall Overcome», que foi o hino do Movimento pelas Liberdades Cívicas e também dos movimentos contra a guerra no Vietname, nos anos 60, nos Estados Unidos. Mas Seeger foi muito mais que isso, foi essencialmente um talentoso compositor, um divulgador persistente da música folk norte-americana. São suas canções como «Turn, Turn, Turn», «If I Had A Hammer», ou «Where Have All The Flowers Gone». O novo disco de Bruce Springsteen é um tributo a Pete Seeger através de alguns dos seus temas mais ricos do ponto de vista musical, como «Old Dan Tucker», «O Mary Don’t You Weep», «John Henry» ou «Erie Canal». Springsteen inteligentemente recria as composições com arranjos notáveis e de uma fidelidade musical absoluta às raízes do folk norte-americano, num exercício de contenção e criatividade absolutamente exemplares. Para além do CD, esta edição oferece em bónus um DVD sobre o processo de gravação, com algumas interpretações ao vivo. «We Shall Overcome – The Seeger Sessions», Bruce Springsteen, CD e DVD Columbia.


COMIDINHA – Apesar de ser muito elogiada pela generalidade dos críticos gastronómicos da estimada praça, a Quinta de Catralvos (estrada Azeitão-Sesimbra) revela-se na prática bem menos entusiasmante do que aquilo que os bem pensantes locais têm escrito. Eu não sou grande fã dos restaurantes que impingem menus degustação à força e, neste caso, o resultado foi francamente decepcionante em relação à fama que precedia o trabalho do chefe Luís Baena. O serviço foi pouco cuidado, apressado, esquecido (apesar de a sala estar meio vazia). Em suma, não apetece muito lá voltar. Tel. 212197610.


Back To Basics - «Belas palavras e uma aparência insinuante raramente estão associadas à virtude» - Confúcio.
POLÍCIA ATRAPALHA O TRÂNSITO


O trânsito em Lisboa está cada vez mais caótico e isso deve-se em grande parte à complacência da polícia. Vamos a factos: frequentemente vejo polícias a multarem e a prepararem para reboque carros que estão estacionados em contravenção, mas que não empatam o trânsito. Constantemente vejo a polícia a não fazer nada para dissuadir do estacionamento em dupla e em tripla fila. Isto sempre me fez espécie: porque é que a polícia não dissuade o estacionamento que empata o trânsito e persegue males menores? Qual o sentido disto? Dará menos trabalho?

Os locais são conhecidos, mas é nas Avenidas Novas de Lisboa que a coisa se revela mais desesperante, em particular no troço de sentido único da Avenida Miguel Bombarda – onde as quatro faixas teoricamente existentes chegam a estar reduzidas a uma única útil.

Passo por lá todos os dias e nunca vi um polícia a multar, a dissuadir. O mesmo se pode dizer da Avenida João Crisóstomo – que não se consegue fazer sem zigue-zaguear entre os carros estacionados – neste caso a escassas dezenas de metros de uma esquadra policial.

Se a polícia sabe o que se passa, não faz nada e empata recursos noutras operações que se reflectem menos no conforto dos cidadãos, só pode ser porque gosta de atrapalhar o trânsito, gosta que as coisas se compliquem, que as pessoas se enervem, que se criem engarrafamentos.

Chamemos as coisas pelo seu nome: a grande responsável do caos no trânsito na capital é a divisão de trânsito da Polícia de Segurança Pública, incapaz de definir prioridades e de agir com inteligência em vez de espírito persecutório. Um autêntico caso de polícia.

May 07, 2006

POLÍCIA DE INSEGURANÇA PÚBLICA


Nos últimos seis meses um dos meus filhos foi assaltado duas vezes em plena luz do dia, na Praça do Areeiro, junto à saída do metropolitano. Da última vez dirigiu-se a um polícia, que o mandou ir à esquadra fazer a participação sem perguntar mais nada, sem se interessar sequer pelo sucedido.

Um amigo meu que é entendido nestas coisas de segurança diz que é normal, que o Areeiro é uma zona de risco, como qualquer ponto de cruzamento de diversos meios de transportes públicos.

Pois eu não acho nada disto normal – nem a atitude do polícia, nem que se encare como normal que não se pode andar na rua à luz do dia no centro da cidade sem correr o risco de ser assaltado. É certo que tenho as maiores reservas em relação ao funcionamento da PSP – a sucessão de casos em que elementos dessa polícia aparecem ligados ao crime organizado explica muita da indiferença face à protecção das pessoas.

Tenho as maiores reservas face a uma força policial cujos agentes se preocupam mais com eles próprios do que com as pessoas, que dedicam mais energia a fazer manifestações e greves que a patrulhar as ruas, que mais depressa incomodam cidadãos desprotegidos do que criminosos. A polícia portuguesa continua a ser prepotente contra os cidadãos e cobarde – ou conivente – face aos criminosos.

A responsabilidade disto é, em primeiro lugar, das suas chefias e dos seus comandos que não conseguem pôr de pé um plano mínimo de presença física policial em zonas de risco que sirva de dissuasor, que permitem que Lisboa se esteja a tornar cada vez mais numa selva, com assaltos em sinais vermelhos ou à entrada de parques de estacionamento – como agora acontece com frequência nas Amoreiras, ou no meio de zonas centrais. Todas as cidades que fizeram diminuir a criminalidade usaram a presença física constante dos agentes nas zonas mais problemáticas para garantir maior segurança. Será que os comandos da PSP não sabem quais são as zonas problemáticas de Lisboa? – Provavelmente não – já que manifestamente sabem tão pouco do que se passa dentro da organização que é suposto dirigirem, não admira que ignorem tudo o resto.
LUCROS – A Time Warner anunciou um aumento de lucros de 60 por cento no primeiro trimestre deste ano (o seu melhor de sempre), a Bertelsmann duplicou os lucros obtidos no período homólogo do ano passado e a BSkyB (operador de televisão de satélite britânico) anunciou que este período foi o mais lucrativo da história da companhia. Nem tudo são más notícias.


DEVORAR – A nova edição da revista «Atlântico», até agora a melhor desta nova série. A reter, em vésperas de Congresso do CDS, um muito interessante artigo de Pedro Ferraz da Costa sobre o partido, uma lúcida análise de Rui Ramos sobre «Um Cavaco Desconhecido», as peripécias do périplo africano do Primeiro-Ministro em «Como Esquiar em Angola», Carla Hilário Quevedo (a autora do blog «Bomba Inteligente») a braços com as polémicas em torno do mais recente livro de Margarida Rebelo Pinto e uma nova coluna, «O Engraxador», dedicada por Fernando Sobral à «Cinderella da política cultural da esquerda», Isabel Pires de Lima. Muita e divertida leitura para o fim de semana.


ESPERAR – A partir de 16 de Setembro vai haver um novo jornal semanário nas bancas, aos sábados. Chama-se «Sol» e será dirigido por António José Saraiva, Director do «Expresso» até ao fim do ano passado. Saraiva fez quarta-feira uma minuciosa apresentação do novo jornal e mostrou que nestes meses ele e a sua equipa fizeram bem o trabalho de casa. O projecto aponta para um jornal politicamente influente com mais características populares que é hábito neste tipo de imprensa, e quer ser assumidamente especulativo e interventivo. O «Sol» (logótipo muito bem conseguido de Pedro Proença) tem um grafismo entre o «back to basics» e detalhes interessantes da utilização da cor. A sua revista, «Tabu», promete ser uma boa surpresa. Sob o lema «Um Jornal Como Nunca Se Viu», o «Sol» vai de certeza dar muita dor de cabeça aos responsáveis do já conturbado mundo editorial português.


DESCOBRIR – Um novo magazine sobre artes plásticas, exclusivamente disponível na Internet, ArteCapital, está desde hoje disponível em www.artecapital.net . Dedicado fundamentalmente à arte moderna e contemporânea, a nova publicação on-line permitirá «ver» algumas das exposições patentes em galerias e museus e a ideia é de um conhecido coleccionador e galerista, Victor Pinto da Fonseca.


OUVIR – Serge Gainsbourg (1928-1991) foi uma das poucas personalidades marcantes na cultura popular francesa do século passado. Poeta, cantor, compositor, actor e realizador, Serge Gainsbourg viveu no início da sua carreira das influências de Boris Vian. Ganhou a notoriedade em 1968 graças a «Je T’Aime, Moi Non Plus» - a primeira versão era com Brigitte Bardot, que proibiu a sua edição e foi substituída em todos os sentido por uma jovem inglesa que tinha dado nas vistas numa cena de nu no filme «Blow Up» de Antonioni, Jane Birkin. A partir daí Gainsbourg tornou-se ainda mais radical nas suas provocações: queimou uma nota de 500 francos em directo num programa de televisão, gravou uma versão reggae da Marselhesa e fez-se fotografar quase nu ao lado da sua filha de 14 anos para o vídeo de «Lemon Incest». Escândalos à parte, Gainsbourg foi de facto um grande escritor de canções e «Monsieur Gainsbourg Revisited» é uma homenagem à sua obra. Nesta edição Jane Birkin coloca-se ao lado dos Franz Ferdinand para uma versão de «Sorry Angel», Cat Power e Karen Elson levam a provocação mais longe em «Je T’aime , Moi Non Plus», os Portishead cantam «Un Jour Comme Un Autre», Michael Stipe interpreta «L’Hotel», Tricky atira-se a «Goodbye Emmanuelle», Marianne Faithfull junta-se a Sly & Robbie para «Lola Rastaquore», os Placebo cantam «Ballade de Melody Nelson» e Carla Bruni retoma a tradição com «Cês Petits Riens». O disco, já devem ter percebido a esta hora, é mesmo imperdível. «Monsieur Gainsbourg Revisited», edição e distribuição Universal Music.


SABOREAR – No restaurante do novo Hotel «Aviz», não se come –saboreia-se. O cuidado posto na escolha de ingredientes, na confecção e no empratamento é grande, e as doses são fartas. Há clássicos que vêm do velho «Aviz» (como o Bacalhau à Gomes de Sá), há influências de mentores do projecto (bife raspado à Monjardino), a cozinha portuguesa impera nos pratos do dia, que vêm acompanhados por boas sugestões de vinhos. A sala é muito confortável, o serviço é primoroso, a conta é pesada, mas o prazer é bastante. Reservas pelo telefone 210 402 104, Rua Duque de Palmela 32, ao Marquês do Pombal.


Back To Basics - «Os políticos deviam ler ficção científica em vez de se meterem em cóboiadas e casos de polícia» - Arthur C. Clarke.

May 02, 2006

ANOTAR - Al Gore reinventou-se e na semana passada foi o orador convidado de uma plateia que juntou as estrelas de Silicon Valley, como os líderes da Apple, Yahoo e Google, entre outros. Num discurso apaixonado de hora e meia, Gore espantou a audiência com a forma como expôs a sua cruzada contra o aquecimento global do planeta. O seu objectivo era conseguir convencer os cérebros de Silicon Valley de que é fundamental descobrir soluções técnicas sólidas para combater o aquecimento global, numa espécia de aliança entre a ecologia, a tecnologia e o capitalismo. Além de estar num autêntico road-show mundial com este discurso, baseado num powerpoint que se está a tornar num mito, Gore e esta sua cruzada são o tema central de um documentário que foi uma das estrelas do Festval de Sundance e que vai ser distribuído agora pela Paramount, «An Inconvenient Truth». Gore – que cedo se deixou de carpir a derrota na campanha presidencial – conseguiu dar completamente a volta à sua actividade e é hoje em dia conselheiro de empresas como a Apple e a Google, impulsionador de um canal de televisão baseado na cidadania, a Current TV e está a concluir um novo livro que será editado ainda este ano.


DESCOBRIR - A revista norte-americana «Wired» detecta esta semana o surgimento de um novo grupo social, os «eco-estetas» e define-os assim: o telhado das suas casas está forrado a painéis solares, na garagem têm um carro com motor híbrido, nos armários têm apenas roupa feita a partir de algodão cultivado segundo os princípios orgânicos da agricultura biológica. O que é facto é que nos Estados Unidos são já um grupo de consumidores significativo, que estão a chamar a atenção, constituindo um mercado que ganha dimensão e que procura cada vez mais produtos que estejam associados à protecção do meio ambiente.


LER - A melhor ideia dos últimos tempos nasceu esta semana no jornal espanhol «El Pais». Trata-se de um novo jornal, autónomo, de distribuição gratuita, o «24 Horas», que tem a particularidade de não ser impresso. É de facto um jornal virtual, que existe apenas na Internet, que tem actualizações constantes, e que pode ser descarregado e impresso para se ler com calma à hora do almoço ou num copo de fim de tarde - «o primeiro jornal gratuito actualizado permanentemente», como anuncia o «El Pais». Este autêntico ovo de Colombo pode ainda por cima ser personalizado: cada leitor define o seu próprio perfil e pode pedir mais artigos relacionados com desporto, ou tecnologias, ou política internacional, ou cultura, ou sociedade. O jornal é feito a partir de artigos do «El Pais», pela redacção do diário madrileno. A distribuição fica facilitada à partida por ser baseada num dos sites mais visitados de Espanha (e da Europa), e a impressão deixa de ser um custo central para ser disseminada pelos leitores que fazem download do ficheiro PDF que se obtém fazendo o download do «24 Horas». O «24 Horas» é patrocinado em exclusivo pela transportadora aérea Iberia. O registo é gratuito, fundamental para se fazer a personalização da edição, mas toda a gente, mesmo os não registados, podem fazer o download. Todas as informações em www.elpais.es .


OUVIR - Sou um fã de canções inspiradas por blues e pelo jazz e, confesso, sou um fã da obra de Harold Arlen, um dos grandes compositores da música popular norte americana, que morreu em 1986. São suas canções como «Over The Rainbow», «One More For The Road», «Come Rain Or Come Shine», «It’s Only A Paper Moon» ou «Stormy Weather». Pois bem, Toots Thielemans, um grande músico de jazz belga que se tornou conhecido pela forma única como toca a harmónica, teve a ideia de juntar algumas das mais marcantes vozes do jazz contemporâneo, fazer novos arranjos das canções de Arlen e juntar tudo num só disco – que apropriadamente se chama «One More For The Road». Ali estão vozes como Jamie Cullum, Till Bronner, Madeleine Peyroux, Silje Nergaard e a grande Oleta Adams que se atira a «Stormy Weather». Um grande disco, CD Verve, distribuído por Universal Music.


EXPERIMENTAR – Os novos vinhos da enóloga Filipa Pato, filha de Luís Pato, «Ensaios». Tanto o branco como o tinto merecem atenção e têm uma belíssima relação qualidade/preço.


BACK TO BASICS – «Ao longo dos anos fui percebendo que um homem inútil é uma vergonha, dois são um escritório de advogados e três ou mais são um parlamento» - John Adams.