May 24, 2006

RETOMA ESTATIZADA
Brilhante o editorial de hoje de Sérgio Figueiredo no Jornal de Negócios. Excerto:
Celebrar o anúncio da retoma é imprudente. E, repito, ainda por cima pouco original.

Mas o Governo decidiu juntar-se à festa. Ou melhor, tomou a iniciativa de assumir a responsabilidade. E, numa homenagem imprevista à demissão do professor Campos e Cunha, anunciou ontem, pela voz do ministro da tutela, «investimentos fortíssimos» na construção.

O engenheiro Mário Lino não é um fanático do mercado. Mas também não precisava dar cabo dele. E se a sua intenção era animar uma plateia de construtores viciada em obras públicas e certamente atingiu o objectivo. Deixa é o resto do país em estado de choque.

Se perguntar qual é o pior contributo que este Governo pode dar para destruir a confiança que tanto prega, para lançar descrédito na sua acção, enfim, para matar à nascença este promissor «levantar de cabeça» do sector privado, a resposta é uma: anunciar investimentos públicos e mais investimentos públicos.

Um Estado, num momento de crise financeira, não pode dizer que deixa de ter dinheiro para pagar pensões dentro de poucos anos e, ao mesmo tempo, espalhar milhões de milhões na construção civil.