May 07, 2006

LUCROS – A Time Warner anunciou um aumento de lucros de 60 por cento no primeiro trimestre deste ano (o seu melhor de sempre), a Bertelsmann duplicou os lucros obtidos no período homólogo do ano passado e a BSkyB (operador de televisão de satélite britânico) anunciou que este período foi o mais lucrativo da história da companhia. Nem tudo são más notícias.


DEVORAR – A nova edição da revista «Atlântico», até agora a melhor desta nova série. A reter, em vésperas de Congresso do CDS, um muito interessante artigo de Pedro Ferraz da Costa sobre o partido, uma lúcida análise de Rui Ramos sobre «Um Cavaco Desconhecido», as peripécias do périplo africano do Primeiro-Ministro em «Como Esquiar em Angola», Carla Hilário Quevedo (a autora do blog «Bomba Inteligente») a braços com as polémicas em torno do mais recente livro de Margarida Rebelo Pinto e uma nova coluna, «O Engraxador», dedicada por Fernando Sobral à «Cinderella da política cultural da esquerda», Isabel Pires de Lima. Muita e divertida leitura para o fim de semana.


ESPERAR – A partir de 16 de Setembro vai haver um novo jornal semanário nas bancas, aos sábados. Chama-se «Sol» e será dirigido por António José Saraiva, Director do «Expresso» até ao fim do ano passado. Saraiva fez quarta-feira uma minuciosa apresentação do novo jornal e mostrou que nestes meses ele e a sua equipa fizeram bem o trabalho de casa. O projecto aponta para um jornal politicamente influente com mais características populares que é hábito neste tipo de imprensa, e quer ser assumidamente especulativo e interventivo. O «Sol» (logótipo muito bem conseguido de Pedro Proença) tem um grafismo entre o «back to basics» e detalhes interessantes da utilização da cor. A sua revista, «Tabu», promete ser uma boa surpresa. Sob o lema «Um Jornal Como Nunca Se Viu», o «Sol» vai de certeza dar muita dor de cabeça aos responsáveis do já conturbado mundo editorial português.


DESCOBRIR – Um novo magazine sobre artes plásticas, exclusivamente disponível na Internet, ArteCapital, está desde hoje disponível em www.artecapital.net . Dedicado fundamentalmente à arte moderna e contemporânea, a nova publicação on-line permitirá «ver» algumas das exposições patentes em galerias e museus e a ideia é de um conhecido coleccionador e galerista, Victor Pinto da Fonseca.


OUVIR – Serge Gainsbourg (1928-1991) foi uma das poucas personalidades marcantes na cultura popular francesa do século passado. Poeta, cantor, compositor, actor e realizador, Serge Gainsbourg viveu no início da sua carreira das influências de Boris Vian. Ganhou a notoriedade em 1968 graças a «Je T’Aime, Moi Non Plus» - a primeira versão era com Brigitte Bardot, que proibiu a sua edição e foi substituída em todos os sentido por uma jovem inglesa que tinha dado nas vistas numa cena de nu no filme «Blow Up» de Antonioni, Jane Birkin. A partir daí Gainsbourg tornou-se ainda mais radical nas suas provocações: queimou uma nota de 500 francos em directo num programa de televisão, gravou uma versão reggae da Marselhesa e fez-se fotografar quase nu ao lado da sua filha de 14 anos para o vídeo de «Lemon Incest». Escândalos à parte, Gainsbourg foi de facto um grande escritor de canções e «Monsieur Gainsbourg Revisited» é uma homenagem à sua obra. Nesta edição Jane Birkin coloca-se ao lado dos Franz Ferdinand para uma versão de «Sorry Angel», Cat Power e Karen Elson levam a provocação mais longe em «Je T’aime , Moi Non Plus», os Portishead cantam «Un Jour Comme Un Autre», Michael Stipe interpreta «L’Hotel», Tricky atira-se a «Goodbye Emmanuelle», Marianne Faithfull junta-se a Sly & Robbie para «Lola Rastaquore», os Placebo cantam «Ballade de Melody Nelson» e Carla Bruni retoma a tradição com «Cês Petits Riens». O disco, já devem ter percebido a esta hora, é mesmo imperdível. «Monsieur Gainsbourg Revisited», edição e distribuição Universal Music.


SABOREAR – No restaurante do novo Hotel «Aviz», não se come –saboreia-se. O cuidado posto na escolha de ingredientes, na confecção e no empratamento é grande, e as doses são fartas. Há clássicos que vêm do velho «Aviz» (como o Bacalhau à Gomes de Sá), há influências de mentores do projecto (bife raspado à Monjardino), a cozinha portuguesa impera nos pratos do dia, que vêm acompanhados por boas sugestões de vinhos. A sala é muito confortável, o serviço é primoroso, a conta é pesada, mas o prazer é bastante. Reservas pelo telefone 210 402 104, Rua Duque de Palmela 32, ao Marquês do Pombal.


Back To Basics - «Os políticos deviam ler ficção científica em vez de se meterem em cóboiadas e casos de polícia» - Arthur C. Clarke.