A Cultura é cara?
(Publicado no diário «Meia Hora» do dia 7 de Novembro)
«Quanto Custa a Cultura?» é o tema de um ciclo de conferências organizado em conjunto pela Reitoria da Universidade do Porto e pela Casa-Museu Abel Salazar, todas as terças feiras ao fim da tarde até 4 de Dezembro. As conferências já realizadas têm títulos sugestivos: « A ignorância é barata?»; «A cultura e o dinheiro»; «A cultura é cara?».
Os parcos relatos dos jornais sobre esta iniciativa mostram como é importante debater sem problemas esta questão, assim como algumas outras que nas próximas semanas serão abordadas – nomeadamente a relação entre a Cultura e a política e como organizar a Cultura. Eu por mim espero que no final deste ciclo de conferências haja alguma forma de revisitar as conversas (não haverá maneira de colocar um podcast?). Era importante fazer a memória de algumas intervenções, até porque é cada vez mais importante levar os principais partidos políticos a tomarem uma posição sobre o que entendem dever ser a política cultural. Os ocupantes do bloco central fogem de debater estas questões no concreto – com temas como os que este ciclo de conferências arriscou – e preferem refugiar-se em banalidades e lugares comuns. A cultura é um território político que se assemelha a uma feira de vaidades com muita prosápia e pouca discussão séria.
Eu por mim tenho curiosidade em ver como Luís Filipe Menezes irá, no âmbito da anunciada revisão do programa do PSD, abordar esta questão. A curiosidade tem razões: nos últimos anos Gaia tem servido de refúgio para os exilados culturais do terrível consulado de Rui Rio, no Porto. Mário Dorminsky, o homem que criou o Fantasporto, é o vereador da Cultura de Menezes e a actividade do município de Gaia nesta área tem dado nas vistas. Até insuspeitas figuras como o jornalista Baptista Bastos aparecem a elogiar o perfil de Menezes nesta matéria, dizendo que ele «apoiou as artes e a cultura, e não caiu na tentação da intolerância e do ostracismo políticos».
Por uma vez podia ser que um líder partidário aceitasse trazer o assunto à discussão, que o elencasse entre as matérias a debater, entre as questões para as quais vale a pena elaborar uma estratégia. E mostrasse que a política cultural não é monopólio da esquerda.
(Publicado no diário «Meia Hora» do dia 7 de Novembro)
«Quanto Custa a Cultura?» é o tema de um ciclo de conferências organizado em conjunto pela Reitoria da Universidade do Porto e pela Casa-Museu Abel Salazar, todas as terças feiras ao fim da tarde até 4 de Dezembro. As conferências já realizadas têm títulos sugestivos: « A ignorância é barata?»; «A cultura e o dinheiro»; «A cultura é cara?».
Os parcos relatos dos jornais sobre esta iniciativa mostram como é importante debater sem problemas esta questão, assim como algumas outras que nas próximas semanas serão abordadas – nomeadamente a relação entre a Cultura e a política e como organizar a Cultura. Eu por mim espero que no final deste ciclo de conferências haja alguma forma de revisitar as conversas (não haverá maneira de colocar um podcast?). Era importante fazer a memória de algumas intervenções, até porque é cada vez mais importante levar os principais partidos políticos a tomarem uma posição sobre o que entendem dever ser a política cultural. Os ocupantes do bloco central fogem de debater estas questões no concreto – com temas como os que este ciclo de conferências arriscou – e preferem refugiar-se em banalidades e lugares comuns. A cultura é um território político que se assemelha a uma feira de vaidades com muita prosápia e pouca discussão séria.
Eu por mim tenho curiosidade em ver como Luís Filipe Menezes irá, no âmbito da anunciada revisão do programa do PSD, abordar esta questão. A curiosidade tem razões: nos últimos anos Gaia tem servido de refúgio para os exilados culturais do terrível consulado de Rui Rio, no Porto. Mário Dorminsky, o homem que criou o Fantasporto, é o vereador da Cultura de Menezes e a actividade do município de Gaia nesta área tem dado nas vistas. Até insuspeitas figuras como o jornalista Baptista Bastos aparecem a elogiar o perfil de Menezes nesta matéria, dizendo que ele «apoiou as artes e a cultura, e não caiu na tentação da intolerância e do ostracismo políticos».
Por uma vez podia ser que um líder partidário aceitasse trazer o assunto à discussão, que o elencasse entre as matérias a debater, entre as questões para as quais vale a pena elaborar uma estratégia. E mostrasse que a política cultural não é monopólio da esquerda.
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