A GRANDE MUDANÇA
(Publicado na edição de Quarta-Feira 10 de Outubro do diário «Meia Hora»)
No distante ano de 1992, somente há 15 anos, em Portugal havia apenas dois canais de televisão, ambos do Estado. A possibilidade de escolha do telespectador era quase zero. Proponho situar as coisas no tempo: em 1992 foi assinado o Tratado de Maastricht, que mudou a face da Comunidade Europeia, António Guterres tornou-se Secretário Geral do PS, a EuroDisney abriu em Paris, a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade como uma doença e Madonna lançou o seu polémico álbum «Erótica». Lembravam-se disto?
Pode parecer estranho, mas nessa altura, a menos que se tivesse uma parabólica – então um objecto caro e incómodo – o universo televisivo estava reduzido aos dois canais da RTP. A entrada da SIC no mercado, em Outubro de 92, foi de facto uma lufada de ar fresco – três anos depois, a meio de 1995, a SIC ultrapassava pela primeira vez as audiências da RTP; em 1997 a SIC atingia 49,3% de share e a RTP tinha caído para 33% (perdendo dois terços da sua audiência em apenas cinco anos). O cabo era um mundo ainda desconhecido, mas em 1998, começava a sua ascensão meteórica: dos 5,2% de share que representava nesse ano passou para os 15% actuais.
A entrada no novo milénio trouxe um realinhamento das estações: a SIC começou a perder audiência e a TVI subiu meteoricamente graças aos reality shows e à ficção produzida em Portugal. Hoje em dia a distribuição de audiências pelos três canais é muito mais equilibrada que na segunda metade dos anos 90: nos primeiros nove meses deste ano a audiência média da RTP foi de 25%, a da SIC de 25,4% e a da TVI 29%.
Mas, mais importante que tudo isto, o início da televisão privada em Portugal provocou o desenvolvimento de uma indústria audiovisual, e a possibilidade de carreiras para técnicos, argumentistas, produtores e actores. O emprego gerado pela actividade dos privados é na ordem dos milhares de postos de trabalho (directa e indirectamente) e o impacto do audiovisual na economia passou a ser assinalável. Como vai o Estado deixar o sector desenvolver-se nos próximos 15 anos, agora que já tem dados para comprovar a importância dos privados na dinamização do mercado audiovisual?
(Publicado na edição de Quarta-Feira 10 de Outubro do diário «Meia Hora»)
No distante ano de 1992, somente há 15 anos, em Portugal havia apenas dois canais de televisão, ambos do Estado. A possibilidade de escolha do telespectador era quase zero. Proponho situar as coisas no tempo: em 1992 foi assinado o Tratado de Maastricht, que mudou a face da Comunidade Europeia, António Guterres tornou-se Secretário Geral do PS, a EuroDisney abriu em Paris, a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade como uma doença e Madonna lançou o seu polémico álbum «Erótica». Lembravam-se disto?
Pode parecer estranho, mas nessa altura, a menos que se tivesse uma parabólica – então um objecto caro e incómodo – o universo televisivo estava reduzido aos dois canais da RTP. A entrada da SIC no mercado, em Outubro de 92, foi de facto uma lufada de ar fresco – três anos depois, a meio de 1995, a SIC ultrapassava pela primeira vez as audiências da RTP; em 1997 a SIC atingia 49,3% de share e a RTP tinha caído para 33% (perdendo dois terços da sua audiência em apenas cinco anos). O cabo era um mundo ainda desconhecido, mas em 1998, começava a sua ascensão meteórica: dos 5,2% de share que representava nesse ano passou para os 15% actuais.
A entrada no novo milénio trouxe um realinhamento das estações: a SIC começou a perder audiência e a TVI subiu meteoricamente graças aos reality shows e à ficção produzida em Portugal. Hoje em dia a distribuição de audiências pelos três canais é muito mais equilibrada que na segunda metade dos anos 90: nos primeiros nove meses deste ano a audiência média da RTP foi de 25%, a da SIC de 25,4% e a da TVI 29%.
Mas, mais importante que tudo isto, o início da televisão privada em Portugal provocou o desenvolvimento de uma indústria audiovisual, e a possibilidade de carreiras para técnicos, argumentistas, produtores e actores. O emprego gerado pela actividade dos privados é na ordem dos milhares de postos de trabalho (directa e indirectamente) e o impacto do audiovisual na economia passou a ser assinalável. Como vai o Estado deixar o sector desenvolver-se nos próximos 15 anos, agora que já tem dados para comprovar a importância dos privados na dinamização do mercado audiovisual?
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