October 29, 2007

BOM - O artigo «Alertas Globais» de Bjorn Lomborg publicado esta semana (terça feira passada) aqui no «Jornal de Negócios» sobre algumas falácias ecologistas. Recomendo a todos os ingénuos a sua leitura, no site www.project-syndicate.org . Ali basta procurar o nome do autor e ver o que ele tem disponível para leitura. Além do artigo publicado neste jornal, espreitem a deliciosa análise que ele faz de Al Gore a propósito do Nobel e façam-na chegar a todos os membros da Quercus que conhecerem. Citação: «O número de pessoas com fome no Mundo depende muito menos do clima do que da demografia e do rendimento. Cortes nas emissões de carbono, que são caríssimos de conseguir, podem querer dizer que mais pessoas vão passar fome porque os recursos disponíveis são mal direccionados. Se o nosso objectivo for combater a fome e a subnutrição, políticas que passem por assegurar nutrientes a quem deles precisa são 5000 vezes mais eficazes a conseguir salvar vidas do que o resultado que se obtém em gastar milhares de milhões de dólares a cortar as emissões de carbono».


MAU – Portugal é o país onde as investigações não chegam ao fim, onde nunca se descobrem os culpados, onde os resultados de um inquérito são inconclusivos e em vez da verdade se espalha a dúvida. O sistema judicial é um baralho de dúvidas montado em processos caducados, assentes em instruções deficientes. O sistema cria um curioso paradoxo: só em casos menores ou em flagrante delito há culpados e, por vezes, punição; no resto há sempre uma dúvida qualquer que dá aos culpados a garantia de que enquanto as coisas forem assim escaparão sempre à justiça e que na maior parte dos casos esconde o que na verdade se passou.


PÉSSIMO – Leio que a RTP vai poder ter dois novos canais, no cabo, dedicados à divulgação do conhecimento e à programação infantil, temas definidos como pilares do serviço público de televisão em qualquer país da Europa. Isto quer dizer que o Governo acaba de assegurar que, a médio prazo, esses conteúdos migrarão para canais distribuídos em cabo ou outros sistemas pagos, deitando assim às urtigas o princípio de que o serviço público de televisão deve ser universal e gratuito. Isto quer também dizer que o actual Governo vem dar razão aos que há uns anos atrás diziam que ao serviço público bastava um canal aberto e que o resto dos conteúdos podia passar para o cabo. E, em última análise, quer dizer que o Estado se prepara para intensificar a concorrência que faz aos operadores privados através dos seus dois canais abertos.


O MUNDO AO CONTRÁRIO – Escusam de procurar mistérios: o que o Procurador Geral da República veio dizer, preto no branco, é que há escutas que fogem ao controlo, ele não falava das escutas autorizadas. Falava das ilegais, feitas de forma clandestina – mas conhecida - na judiciária ou nos serviços secretos. Assim se confirma como existe nas polícias portuguesas uma impunidade feita de uma prática sistemática de desrespeito pela lei.


VER – A exposição «Rostos da Central Tejo», baseada no magnífico arquivo de fotografia daquele equipamento, mostra o trabalho na antiga fábrica de produção de electricidade que abastecia Lisboa e documenta o período entre 1918 a 1949. Estas são imagens que marcam a memória do tempo, são uma das essências e razão de ser da fotografia – ainda por cima com imagens feitas de enquadramentos precisos, luz cuidada, sem artifícios nem ilusões. A exposição pode ser visitada até 15 de Dezembro, de terça a Domingo entre as 10 e as 18h00 e às sextas e sábados entre as 10 e as 20h00.


LER – A edição de Novembro da revista «Vanity Fair» é um número para coleccionadores. O primeiro destaque vai para as fotografias inéditas dos Kennedy, da autoria de Richard Avedon, acompanhadas de alguns excertos das notas de Arthur M. Schlesinger Jr. que ajudam a esclarecer como era a vida na Casa Branca no tempo de John Kennedy. Destaque ainda para um belo portfolio de Annie Leibowitz sobre nomea da música folk, a começar em Joan Baez e Joni Mitchell, passando por Feist e acabando em Devendra Banhart e para artigos sobre Syd Barrett, Eric Clapton e Serge Gainsbourg.


OUVIR – Maurizio Pollini é um dos maiores pianistas contemporâneos e em Itália é considerado também como um dos grandes intelectuais do país. Pollini tem a particularidade de se mover tão à vontade a interpretar obras contemporâneas de nomes como Luigi Nono, como clássicos como as três primeiras sonatas de Beethoven, que gravou agora pela primeira vez. O resultado está num disco da Deutsche Grammophon, «beethoven sonatas op.2», e mais uma vez se observa a sua sensibilidade ao interpretar estas composições de uma fase inicial da carreira de Beethoven.



PERGUNTANDO … A edição de Novembro da «Wallpaper» fala do êxito obtido por Mariza no Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, num cenário evocando o Fado desenhado pelo arquitecto Frank Gehry especialmente para este concerto, precisamente no palco do auditório que ele próprio projectou e que se tornou conhecido pela excelência da sua acústica. O actual Presidente da Câmara não quererá transformar as ruínas do desinteressante Pavilhão dos Desportos num auditório com a marca de excelência de Gehry num dos sítios de maior visibilidade da cidade?


BACK TO BASICS – «Quando os homens são puros as leis são inúteis; quando são corruptos, as leis são ignoradas» - Benjamim Disraeli