LIMPEZA – Os abstencionistas lisboetas, entre os quais me incluo com gosto, gostariam que os candidatos, todos os candidatos, retirassem das ruas a sua propaganda, os seus cartazes, que desde o dia 15 são apenas poluição visual. É certo que a esta distância parecem momentos de humor: confrontar as frases de campanha de Roseta, Telmo Correia, Fernando Negrão e José Sá Fernandes com a realidade dos votos é das melhores anedotas dos últimos tempos.
LISBOA – Enquanto escrevo reparo como, à noite, gosto de ficar a olhar para o Aqueduto das Águas Livres, que é das mais belas imagens de Lisboa. Esta cidade podia ser muito visual e no entanto parece acantonada nas filas de trânsito, espartilhada por permanentes obras do Metropolitano, que incomodam quem vive na cidade, que prejudicam os habitantes. Há casos – como o das obras do Metropolitano perto do Corte Inglês - em que vale a pena questionar se o que se passa é em nome do bem comum. Eu duvido e acho que António Costa precisa de pôr mão na maneira como o Metropolitano esventra e trata Lisboa e os seus habitantes.
OUVIR – Armando Anthony Corea nasceu em 1941 e começou a estudar piano com quatro anos de idade. Em 1962 estava a entrar no mundo do jazz e começou a ser conhecido como Chick Corea. Bela Fleck nasceu em Nova York em 1958 e é considerado um dos maiores intérpretes de banjo – o seu grupo chama-se The Flecktones. Pois Corea e Fleck juntaram-se para gravar um disco, um dueto entre um piano e um banjo. O resultado é surpreendente, a sonoridade é arrebatadora, o resultado é uma das mais curiosas gravações de jazz dos últimos tempos, com Corea a surpreender nas respostas rápidas e pontuadas ao banjo de Fleck. O disco inclui onze temas, seis de Fleck, quatro de Corea e uma versão muito curiosa de «Brazil», de Ary Barroso. CD Concorde, distribuído por Universal Music.
DESCOBRIR – Recomendo vivamente que descubram a «Blah», a revista-programa da discoteca Lux em Lisboa, inesperada, maravilhosa, com artigos que não se encontram em mais nenhum lado sobre a música das noites, os dj’s e temas conexos. É, digamos, a mais invulgar e melhor publicação gratuita que se distribui em Portugal.
LER – A edição de Julho da revista norte-americana «Wired» dedica a capa e um dos seus artigos de fundo ao filme «Transformers», baseado numa série de culto japonesa, um desenho animado para televisão com 25 anos, que agora passou a filme. Mais à frente vale a pena ler e reter um artigo cheio de informação sobre a forma como os mapas do Google e o Google Earth estão a transformar o modo como vemos o nosso mundo. A «Wired» continua a mapear o nosso futuro e a ser um guia para o que está a acontecer.
PROVAR – Uma das coisas que me irrita nos restaurantes modernos é o ar desprendido dos seus funcionários, para quem o cliente parece ser apenas um objecto decorativo. Os empregados ficam ali, de olhar perdido no horizonte, bem pode uma pessoa esbracejar e chamar que eles quedam-se imperturbáveis e majestáticos. Quando se deslocam, fazem-no devagar e, de preferência, trazem apenas uma coisa de cada vez. Assim multiplicam as viagens no interior do espaço entre mesas que lhes está destinado e dão uma ideia de apreciável, embora inútil, azáfama. Ainda por cima estes locais, de design a pretender ser moderno, têm sofisticados sistemas de registo de pedidos, que fazem com que uma imperial demore uns dez minutos a ser servida e que fazem os pratos ficar a esfriar quando estão prontos – porque nenhum dos empregados mostra interesse por ir vendo o que pode estar pronto para os aborrecidos clientes que vêm ali perturbar a sua bem programada função. Se isto lhe parece um exagero, experimente ir ao «Magnetic», Avenida Conde de Valbom 18 e vai ver como ainda fui comedido na descrição.
BACK TO BASICS – Nada mais sei do que constatar a minha ignorância – Sócrates, o filósofo grego que viveu cerca de 400 anos antes de Cristo.