FOGOS – O Director de Informação da RTP escandalizou-se com a opinião de um jornalista, crítico e estudioso de TV, sobre a cobertura feita pelo canal do Estado aos incêndios, que acusou de ser manipulada para benefício da imagem do Governo. Ameaçou o autor das críticas de processos judiciais e garantiu ir recorrer à Entidade Reguladora, que agora pelos vistos é a depositária de queixinhas do concessionário de Serviço Público. Acho extraordinária a reacção: as pressões existem, conheço muita gente que as reconhece, conheço quem lhes resista e vejo quem lhes cede. Pensar que o Governo não interfere no Serviço Público é uma ficção perigosa, não é apenas uma ingenuidade própria de lolitas em busca da inocência perdida. A situação é antiga e está sempre presente ao longo dos anos – com o correr dos tempos foi-se refinando: hoje são sugestões transmitidas, cumplicidades sopradas, desabafos deixados cair – no sítio certo, na circunstância certa, com um objectivo preciso. Eduardo Cintra Torres, o crítico em questão, fez bem em recolher dados, mostrá-los, tornar evidente quais os serviços noticiosos que subalternizaram o noticiário relativo a incêndios; à RTP fica mal a maneira como reage, recorrendo a ameaças para justificar um alinhamento editorial mais próprio do Burkina Faso do que de Portugal.
AUDIOVISUAL – Na semana passada o Governo aprovou o Decreto-Lei que regulamenta medidas relativas ao fomento, ao desenvolvimento e à protecção das artes e actividades cinematográficas e audiovisuais. O comunicado do Conselho de Ministros sobre este assunto salienta que o objectivo do diploma é reforçar as «políticas públicas na área do cinema e do audiovisual, tanto através dos apoios ao desenvolvimento da criatividade e inovação artística no âmbito do ICAM, como através das parceiras com o sector privado e dos incentivos no âmbito do fundo de investimento agora criado, visando o desenvolvimento sustentado do tecido empresarial do sector, constituído nomeadamente por pequenas e médias empresas de produção independente». Palavras, lindas palavras. Assim que li isto perguntei logo à Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT) se conheciam o diploma e o que achavam. Resposta: em 3 de Novembro passado enviaram ao Secretário de Estado da Cultura a sua resposta aos projectos de diploma agora aprovados, mas nunca ninguém depois reagiu nem às sugestões, nem às críticas. Ignoravam o que ficou na versão final. Fui à procura do Diploma aprovado e não encontrei nada. Terei que esperar pela sua publicação em «Diário da República». Do documento enviado pela APIT ao Secretário de Estado destacam-se duas ideias-chave: as propostas mantinham uma situação de privilégio nos apoios ao cinema, área que nos últimos cinco anos recebeu 50 milhões de euros para apoios à produção, traduzidos em obras, na generalidade, de pouco valor criativo, artístico e muito menos económico; e o Governo não fazia um esforço sério para fomentar a consolidação do tecido industrial do audiovisual, uma coisa paradoxal num executivo que olha para plataformas digitais e para a convergência de meios como um dos caminhos do futuro. Este Governo volta pois a acarinhar o mito do artesanatozito pretensamente criativo do cinema português, uma fantasia caríssima e que, com raras excepções, não existe. Vou esperar por ler o texto final, mas o que estava nos projectos era mau, era um retrocesso, era a manutenção de um status quo que é responsável pelo nosso atraso na matéria.
VER – A edição de Setembro da revista «Wallpaper», em pleno processo de celebração dos seus dez anos de vida. A «Wallpaper» tornou-se numa das melhores revistas do final dos anos 90, partindo de um posicionamento centrado no design e na arquitectura. Nesta edição destaque precisamente para a consolidação do design no coleccionismo de arte contemporânea, e para os artigos sobre os novos trabalhos do arquitecto Jean Nouvel em Paris e Minneapolis, um museu em Aomori, no Japão e para o novo projecto de Rem Koolhas (Casa da Música, Porto), desta vez um museu em Seul, Coreia. A finalizar, já que esta semana estamos no audiovisual, uma boa lição para muitos dos que pensam cenários em Portugal, imagens das obras cenográficas para televisão da francesa Marina Gadonneix.
OUVIR – Jazz na Europa FM, 90.4 Lisboa.
CURIOSIDADE – O Café Império, renovado, que abre hoje em Lisboa.
BACK TO BASICS – Negar a evidência dá sempre mau resultado.
AUDIOVISUAL – Na semana passada o Governo aprovou o Decreto-Lei que regulamenta medidas relativas ao fomento, ao desenvolvimento e à protecção das artes e actividades cinematográficas e audiovisuais. O comunicado do Conselho de Ministros sobre este assunto salienta que o objectivo do diploma é reforçar as «políticas públicas na área do cinema e do audiovisual, tanto através dos apoios ao desenvolvimento da criatividade e inovação artística no âmbito do ICAM, como através das parceiras com o sector privado e dos incentivos no âmbito do fundo de investimento agora criado, visando o desenvolvimento sustentado do tecido empresarial do sector, constituído nomeadamente por pequenas e médias empresas de produção independente». Palavras, lindas palavras. Assim que li isto perguntei logo à Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT) se conheciam o diploma e o que achavam. Resposta: em 3 de Novembro passado enviaram ao Secretário de Estado da Cultura a sua resposta aos projectos de diploma agora aprovados, mas nunca ninguém depois reagiu nem às sugestões, nem às críticas. Ignoravam o que ficou na versão final. Fui à procura do Diploma aprovado e não encontrei nada. Terei que esperar pela sua publicação em «Diário da República». Do documento enviado pela APIT ao Secretário de Estado destacam-se duas ideias-chave: as propostas mantinham uma situação de privilégio nos apoios ao cinema, área que nos últimos cinco anos recebeu 50 milhões de euros para apoios à produção, traduzidos em obras, na generalidade, de pouco valor criativo, artístico e muito menos económico; e o Governo não fazia um esforço sério para fomentar a consolidação do tecido industrial do audiovisual, uma coisa paradoxal num executivo que olha para plataformas digitais e para a convergência de meios como um dos caminhos do futuro. Este Governo volta pois a acarinhar o mito do artesanatozito pretensamente criativo do cinema português, uma fantasia caríssima e que, com raras excepções, não existe. Vou esperar por ler o texto final, mas o que estava nos projectos era mau, era um retrocesso, era a manutenção de um status quo que é responsável pelo nosso atraso na matéria.
VER – A edição de Setembro da revista «Wallpaper», em pleno processo de celebração dos seus dez anos de vida. A «Wallpaper» tornou-se numa das melhores revistas do final dos anos 90, partindo de um posicionamento centrado no design e na arquitectura. Nesta edição destaque precisamente para a consolidação do design no coleccionismo de arte contemporânea, e para os artigos sobre os novos trabalhos do arquitecto Jean Nouvel em Paris e Minneapolis, um museu em Aomori, no Japão e para o novo projecto de Rem Koolhas (Casa da Música, Porto), desta vez um museu em Seul, Coreia. A finalizar, já que esta semana estamos no audiovisual, uma boa lição para muitos dos que pensam cenários em Portugal, imagens das obras cenográficas para televisão da francesa Marina Gadonneix.
OUVIR – Jazz na Europa FM, 90.4 Lisboa.
CURIOSIDADE – O Café Império, renovado, que abre hoje em Lisboa.
BACK TO BASICS – Negar a evidência dá sempre mau resultado.