May 16, 2005

TELESPECTADORES – A nível mundial, em 1995, cada telespectador consumia 205 minutos de televisão por dia. O valor tem sempre subido e em 2004 já era de 229 minutos. O Japão vai à frente com 301 minutos e a Suécia contenta-se com 151. Em Portugal o valor foi 214 minutos, mais sete que no ano anterior. Percebem porque é que o controlo da televisão é sempre uma coisa tão apetecida? Por cá existem duas profissões sobre as quais toda a gente dá palpites: treinador de futebol e director de um canal de TV. É o nosso destino, como diria o outro.

ELOGIO – Nesta terra de prima-donnas haver um ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros que se dispõe, sem vaidades nem preconceitos, a ir resolver um problema diplomático complicado (a negociação com os Emiratos Árabes Unidos sobre a detenção do cidadão português Ivo Ferreira) é caso para elogio. Diriam que era a obrigação do diplomata. Será, mas estamos todos fartos de ver diplomatas a não cumprirem o que deles se espera. E sabemos todos como os ex-governantes odeiam ser incomodados pelos problemas dos cidadãos comuns. Por isso mesmo o trabalho do diplomata António Monteiro merece, mais uma vez, ser elogiado.

LER – António Costa Pinto, Historiador, meteu ombros à tarefa de fazer um retrato escrito do «Portugal Contemporâneo» e daí saíu um livro com o mesmo nome, que contou com uma vasta equipa de colaboradores. Destaco quatro dos textos fundamentais aqui inluídos: «A Identidade Nacional Portuguesa» de Nuno G. Monteiro e António Costa Pinto; «Mudança Social em Portugal, 1960-2000», por António Barreto; «Eleições, Partidos e Instituições Políticas no Portugal Democrático» por Pedro C. Magalhães e «A Arte Portuguesa do Século XX», por João Pinharanda. Não é bem um livro de cabeceira. Mas é uma obra fundamental para quem gosta de pensar sobre o que Portugal é, e sobre aquilo em que se está a tornar. «Portugal Contemporâneo», edição Dom Quixote.

OUVIR – Sabem quem foi Harold Arlem? Eu ajudo: foi o autor da banda sonora do «Wizard Of Oz», e, portanto, do inesquecível «Over The Rainbow». O centenário do nascimento de Arlen assinala-se este ano e a bom propósito a Verve organização uma colectânea de alguns dos seus grandes temas, cantados por vários intérpretes. Ora reparem em alguns exemplos: Ella Fitzgerald canta «Hooray For Love», «Over the Rainbow» vem com Sarah Vaughan, Billie Holiday canta obviamente «Stormy Weather», Diana Krall dá apropriadamente voz a «Let’s Fall In Love» e não menos apropriadamente Louis Armstrong canta « I Gotta Right To Sing The Blues». A música de Arlen, rica e variada, sobrevive ao tempo e dá felicidade – como em «Get Happy», por Mel Tormé. Edição Verve, distribuída por Universal Music.

COMIDINHA – Se lhe apetece uma salada ou uma sanduíche sofisticada numa esplanada em cima do rio, o local a ir é o novo Deli DeLuxe, na fiada de armazéns onde está a Bica do Sapato. Basicamente a proposta é uma mercearia sofisticada, com uma excelente garrafeira com preços razoáveis, boa selecção de massas, queijos (não muito abrangente, é certo), ingredientes raros e chocolates invulgares, tudo a preços correspondentes. Uma boa ideia é sentar-se na esplanada e abrir uma garrafa de vinho da loja, que pode ali consumir mediante um suplemento de cinco euros, razoável para a utilização da mesa, copos e serviço. Se quiser juntar a isto a tábua de queijos, fica com uma bela ideia para uma lanche ao fim da tarde. Ao fim de semana dizem-me que há um brunch simpático. Do que vi e experimentei é pena que o serviço seja amador e distraído, demorado até. Se a coisa se resolver o sítio pode ficar simpático para um almoço rápido.

SUGESTÃO – De hoje até dia 22 decorre em Oeiras a segunda edição da Festa da Poesia, uma iniciativa única nesta nossa terrinha. Por causa das efeméridas na edição deste ano há destaques para Cesário Verde e para Bocage. Desde sessões de leitura a recitais, espectáculos de teatro ou concertos há de tudo – até Pedro Abrunhosa a escolher e a ler poemas dos autores que prefere. Todas as informações em www.festadapoesia-oeiras.pt .

REMATE – A maior preocupação dos portugueses é saber quem passa à frente numa porta. Por isso é que isto está como está.