O PAÍS ACESSÓRIO
A auto-estima nacional vive um momento alto. Mourinho deu uma taça ao Chelsea e confirmou a capacidade de Portugal se projectar além das suas fronteiras. Tudo indica que a nova campanha da Selecção Nacional de Futebol ajude a criar mais momentos de festa e grande esperança. E, claro, a final da taça UEFA vai de novo pôr Lisboa nas bocas do Mundo. Quando no ano passado o regime tornou doutrina que o futebol devia ser o motor da auto-estima nacional deu o pontapé de saída para esta situação em que o nosso destino fica depositado na habilidade demonstrada num jogo jogado com os pés.
Bem podem depois as altas autoridades mostrar preocupação face ao estado da economia, à desindustrialização do país, aos maus resultados a matemática e ao insucesso escolar generalizado. Que interessa isso se na bola continuamos a dar que falar e se é ela o emblema oficial e apadrinhado da nossa auto-estima?
Podíamos ser conhecidos pela nossa capacidade de descoberta e de produção, pela excelência dos nossos serviços, pela exportação da nossa cultura e da nossa indústria. Mas não somos. Estamos na cauda da Europa em indicadores básicos, descremos da nossa classe política, do nosso sistema judicial, temos motivo de sobra para achar que vivemos numa sociedade fiscalmente injusta em que os cidadãos que trabalham por conta de outrem pagam mais do que aquilo que recebem de volta do Estado. Mas vivemos felizes porque há um português, arrogante, birrento e mal-educado, que se tornou num herói dos hooligans e num símbolo sexual das bifas. Há vidas piores. Mas também há países melhores. Deixar o acessório e procurar o essencial custa, não custa?
A auto-estima nacional vive um momento alto. Mourinho deu uma taça ao Chelsea e confirmou a capacidade de Portugal se projectar além das suas fronteiras. Tudo indica que a nova campanha da Selecção Nacional de Futebol ajude a criar mais momentos de festa e grande esperança. E, claro, a final da taça UEFA vai de novo pôr Lisboa nas bocas do Mundo. Quando no ano passado o regime tornou doutrina que o futebol devia ser o motor da auto-estima nacional deu o pontapé de saída para esta situação em que o nosso destino fica depositado na habilidade demonstrada num jogo jogado com os pés.
Bem podem depois as altas autoridades mostrar preocupação face ao estado da economia, à desindustrialização do país, aos maus resultados a matemática e ao insucesso escolar generalizado. Que interessa isso se na bola continuamos a dar que falar e se é ela o emblema oficial e apadrinhado da nossa auto-estima?
Podíamos ser conhecidos pela nossa capacidade de descoberta e de produção, pela excelência dos nossos serviços, pela exportação da nossa cultura e da nossa indústria. Mas não somos. Estamos na cauda da Europa em indicadores básicos, descremos da nossa classe política, do nosso sistema judicial, temos motivo de sobra para achar que vivemos numa sociedade fiscalmente injusta em que os cidadãos que trabalham por conta de outrem pagam mais do que aquilo que recebem de volta do Estado. Mas vivemos felizes porque há um português, arrogante, birrento e mal-educado, que se tornou num herói dos hooligans e num símbolo sexual das bifas. Há vidas piores. Mas também há países melhores. Deixar o acessório e procurar o essencial custa, não custa?
<< Home