March 21, 2005

QUALQUER DIA
VAMOS AO NIMAS NO TELEMÓVEL

INVEJA – Excertos do novo filme da saga «Star Wars», o «Revenge Of The Sith», podem já ser vistos pelos clientes do operador de telemóveis norte-americano Cingular Wireless, que assegurou também downloads exclusivos de temas musicais do filme, assim como screensavers.
FILMES – A Motion Picture Association Of America anunciou esta semana que a indústria cinematográfica se encontra de boa saúde. As vendas de bilhetes de cinema nos Estados Unidos em 2004 atingiram 9,54 mil milhões de dólares, o terceiro ano seguido acima do dígito 9, assim como pelo terceiro ano consecutivo o número de bilhetes vendidos ultrapassou os 1 500 milhões de unidades. O custo de produção de um filme de primeira linha foi em média de 63,6 milhões de dólares e os custos médios de marketing por lançamento foram de 34,4 milhões, o que significa um orçamento médio de 98 milhões de dólares por filme – aqui se explica muita coisa quando se comparam estes valores mesmo com as produções europeias mais ambiciosas.
TESTES – Na Finlândia começaram os testes para experimentar a oferta de serviços de TV para telemóveis com a participação de várias companhias locais, entre elas inevitavelmente a Nokia. Os consumidores do painel de teste, que pertencem a dois operadores locais de telemóveis, podem receber programas de rádio e TV nos telefones Nokia 7710, equipados com um acessório especial que permite captar as emissões de televisão. Os testes, que permitem, para além do acesso a estações locais, a canais como o Euronews, CNN, MTV, Eurosport, Viva Plus e Fashion TV, além de acesso on line a diversas informações. O sistema vai estar em teste até final de Junho após o que deverá ser comercializado se tudo correr bem.

UNICIDADE – A coisa que mais me irrita num bar ou restaurante é dizerem-me que só têm cerveja de uma marca apenas. Ainda fico mais irritado quando a cerveja é Super-Bock – não gosto do líquido adocicado, insípido, vulgarote. Esta unicidade cervejeira, invenção marketeira de desprezo pelo cliente, é muito irritante: alguém suportaria que num restaurante médio não existisse uma escolha de vinhos nem de lista de comidas? Então porque é que em tanto sítio temos que gramar a existência de apenas uma cerveja, as mais das vezes mázota?

LEITURA – Resisti a comprar o livro uma semana mas, pronto, rendi-me. «O Canto da Sereia» de Nelson Motta é uma grande novela policial. O assassínio de uma cantora pop em pleno desfile do Carnaval da Bahia, em directo para as televisões, frente ao guarda-costas que era suposto protegê-la, mas escrevia umas notícias de crime como passatempo. Estão a ver a história que isto dá? Nem imaginem porque será pouco o que podem pensar. É mesmo preciso ler. Ponham quatro horas de lado e deliciem-se com este belo livro. Escritor, jornalista, compositor musical e produtor artístico, Nelson Motta era uma das figuras do programa «Manhattan Connection», da GNT. Edição Palavra, 254 páginas.

BANDA SONORA – Este artigo foi escrito tendo como pano de fundo musical o disco que no último fim de semana mais me animou, «Di Korpu Com Alma», da cantora Lura, de Cabo Verde. Festiva e sentida, Lura é menina-senhora de uma voz invulgar, arrebatadora e sentida, maestra de uma forma de arrastar sílabas que enrola os nossos sentidos. Este é o seu terceiro CD, edição Lusáfrica.

COMIDINHA – O país está em contenção, dedico-me a honestas casas de pasto onde se come bem e barato, onde o vinho da casa é bom em vez de ser uma zurrapa engarrafada em produto branco. Aqui o caso é leitão, assado de fresco para as bandas de Moscavide. Chama-se «Casa Bota Feijão» e fica por trás do Hotel Tryp, no Parque das Nações, para além da linha de caminho de ferro, na Rua Conselheiro Lopo Vaz nº5. O leitão é importado do centro do país e assado no local. As batatas fritas que acompanham são do melhor. O restaurante tem poucas mesas, habita numa velha casa, e a prudência manda reservar pelo telefone 218 532 489. Há espumante da casa, singelo e honesto, branco ou tinto, a rematar uma baba de camelo hiper-calórica como é suposto.

REMATE – Não basta parecer estar sossegado. É preciso não dar nas vistas.