A ASAE NÃO PRESTA
(Publicado na edição de quarta-feira 6 de Dezembro do diário «Meia Hora»)
Em muitas das barras de tapas que fazem o encanto dos encontros do fim de tarde nas cidades de Espanha a ASAE encontraria sobejos motivos de encerramento ou estabeleceria regras difíceis de cumprir. Muitos dos pequenos restaurantes que preparam delícias por essa Europa fora não teriam oportunidade de existência se por todo o lado se aplicassem os critérios que aqui a ASAE impõe. O efeito disto é que nos vamos tornando incaracterísticos, as nossas especialidades perdem o brilho da diferença, as pessoas deixam até de ter vontade de as manter e um dia destes deixarão de fazer muitas das nossos petiscos e guloseimas locais.
O que eu acho é que, escudando-se por vezes em regulamentos europeus, a ASAE é mais papista que o papa e atira a matar em tudo o que mexe. A ASAE passa uma imagem terrível: a de defender a padronização, a de combater as especificidades, a de considerar tudo por igual. De certa forma a ASAE é uma organização pró-globalização, que prefere um mau produto importado mas bem embalado, a um bom produto local mal embalado. Isto é um total disparate. A ASAE, como ainda recentemente se tem visto, é uma organização que não quer entender os condicionalismos de edifícios antigos em zonas históricas das cidades e não se dispõe a adaptar as coisas à realidade nacional. Um organismo assim, que não sabe agir em função da realidade, não presta.
O que me parece é que a ASAE tem uma enorme falta de bom senso e uma apreciável inabilidade para actuar e comunicar. Na actuação prefere reprimir em vez de educar e na comunicação prefere inspirar o medo, em vez de promover a persuasão.
Eu bem gostava de saber quem será o iluminado, na estrutura da ASAE, que acha estar a fazer um bom trabalho quando chama as televisões e jornais a fotografar cargas de tropas da ASAE fardadas como se estivessem numa acção anti terrorista no Iraque ou no Afeganistão.
Acho estranho que o Ministro Manuel Pinho, que tem a tutela da ASAE, pactue com esta forma disparatada de acção. Custa-me a crer que um membro do Governo, que também tem a área do turismo a seu cargo, privilegie perseguir algumas coisas que fazem de Portugal um país especial, para fomentar uma imagem, um sabor e um aspecto uniforme e incaracterístico.
(Publicado na edição de quarta-feira 6 de Dezembro do diário «Meia Hora»)
Em muitas das barras de tapas que fazem o encanto dos encontros do fim de tarde nas cidades de Espanha a ASAE encontraria sobejos motivos de encerramento ou estabeleceria regras difíceis de cumprir. Muitos dos pequenos restaurantes que preparam delícias por essa Europa fora não teriam oportunidade de existência se por todo o lado se aplicassem os critérios que aqui a ASAE impõe. O efeito disto é que nos vamos tornando incaracterísticos, as nossas especialidades perdem o brilho da diferença, as pessoas deixam até de ter vontade de as manter e um dia destes deixarão de fazer muitas das nossos petiscos e guloseimas locais.
O que eu acho é que, escudando-se por vezes em regulamentos europeus, a ASAE é mais papista que o papa e atira a matar em tudo o que mexe. A ASAE passa uma imagem terrível: a de defender a padronização, a de combater as especificidades, a de considerar tudo por igual. De certa forma a ASAE é uma organização pró-globalização, que prefere um mau produto importado mas bem embalado, a um bom produto local mal embalado. Isto é um total disparate. A ASAE, como ainda recentemente se tem visto, é uma organização que não quer entender os condicionalismos de edifícios antigos em zonas históricas das cidades e não se dispõe a adaptar as coisas à realidade nacional. Um organismo assim, que não sabe agir em função da realidade, não presta.
O que me parece é que a ASAE tem uma enorme falta de bom senso e uma apreciável inabilidade para actuar e comunicar. Na actuação prefere reprimir em vez de educar e na comunicação prefere inspirar o medo, em vez de promover a persuasão.
Eu bem gostava de saber quem será o iluminado, na estrutura da ASAE, que acha estar a fazer um bom trabalho quando chama as televisões e jornais a fotografar cargas de tropas da ASAE fardadas como se estivessem numa acção anti terrorista no Iraque ou no Afeganistão.
Acho estranho que o Ministro Manuel Pinho, que tem a tutela da ASAE, pactue com esta forma disparatada de acção. Custa-me a crer que um membro do Governo, que também tem a área do turismo a seu cargo, privilegie perseguir algumas coisas que fazem de Portugal um país especial, para fomentar uma imagem, um sabor e um aspecto uniforme e incaracterístico.
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