April 16, 2007

SEMANA – José Sócrates fez duas declarações diferentes à Assembleia da República sobre as suas habilitações em 13 de Fevereiro de 1992 … Regista-se que, para esclarecer a trapalhada criada, o Primeiro Ministro escolheu um registo de «Conversa Em Família» na RTP a uma sessão parlamentar com transmissão em directo…O Supremo Tribunal de Justiça considerou que publicar uma notícia verdadeira é acto que merece castigo… Se a moda pega os jornais que investigaram as trapalhadas à volta do percurso académico de Sócrates vão ser todos punidos… Se calhar é isso que os juízes do Supremo pretendem…


EXPERIÊNCIAS – O novo site da revista «Wired» (www.wired.com ) , um exemplo para o que pode ser a evolução gráfica na relação entre o papel e o digital…Constatando que os museus do Reino Unido tinham falhado completamente na aquisição de obras de arte contemporânea no século XX, a estrutura independente Art Fund lançou um ambicioso projecto que aplicará cinco milhões de libras em novas aquisições, garantindo que gerações futuras possam ter nos museus britânicos uma selecção do que de mais inovador se produz no mundo inteiro e não apenas localmente – o site do Art Fund tem muitos motivos de interesse e está em www.artfund.org... Para quem gosta de fotografia o site da agência portuguesa Kamera Photo tem uma boa escolha, quer em termos de trabalhos recentes, quer de trabalhos em arquivo – www.kameraphoto.com


AGENDA – Aqui há uns anos a Câmara Municipal de Lisboa começou a editar a «Agenda Lx», uma publicação mensal que elaborava um roteiro do que a cidade tinha para oferecer, desde a cultura a restaurantes, bares, ou sugestões sobre actividades diversas. O grafismo e boa parte dos conteúdos da publicação foram feitos pelo atelier de Jorge Silva, que criou um objecto com a sua marca bem própria, elogiado em diversas ocasiões. Sabe-se agora que a CML deve à Silva!Designers dez meses de produção da revista, o que torna inviável que ela continue a ser feita nos mesmos moldes. Confrontado com a situação o Director Municipal de Cultura Rui Pereira, afirmou aos jornais que a saída de Jorge Silva do projecto pode proporcionar «uma mudança para melhor». Em qualquer lugar os burocratas serão sempre o mesmo: liquidatários de tudo o que se distinga pela diferença e qualidade.


REGISTO – Em cinco anos e meio a Apple vendeu cem milhões dos diversos modelos de iPod, cuja comercialização começou em Novembro de 2001. Hoje em dia a iTunes Store aloja mais de cinco milhões de canções, 350 programas de televisão e mais de 400 filmes, tendo vendido 2,5 mil milhões de downloads de canções, 50 milhões de programas de televisão e 1,3 milhões de filmes. Não foi só a maneira de ouvir e ver que o iPod e Steve Jobs mudaram – o principal reflexo foi na forma de distribuição da indústria do entretenimento, que conseguiu encontrar uma forma de rentabilizar os seus activos no mundo digital.


OUVIR – Uma gravação histórica de jazz, efectuada em três sessões diferentes, entre1961 e 1962 nos estúdios Van Gelder, com John Coltrane no sax tenor, McCoy Tyner no piano, Jimmy Garrison no baixo e Elvin Jones na bateria. Na mesma época em que Coltrane se fazia notar pela sua ousadia e intensidade na exploração de novos caminhos para o jazz, este disco dá-nos um registo mais suave, em torno de baladas muito bluesy, irremediavelmente cativantes. «Ballads», CD Impulse Classics, distribuição Universal Music.


LER – A edição de Março da revista «Egoísta» é dedicada à escrita, com a curiosidade de ter nas imagens, nas fotografias, os seus pontos altos. Destaque para os pessoalíssimos retratos que Daniel Mordzinski fez de ums série de grandes escritores, como Manuel Vázquez Montalban, Zoe Valdês, Enrique Vila-Matas, Agustina Bessa-Luís ou Luís Sepúlveda. Outro grande portfolio sobre escritores vem assinado por Alfredo Cunha e aí destaco dois intensos retratos, de Eugénio de Andrade e de David Mourão Ferreira. E finalmente destaque ainda para um provocador ensaio fotográfico sobre as palavras escritas na noite das cidades, assinado por João Vilhena e outro, belíssimo, sobre locais do livro e da palavra, por Candida Hofer. O menos interessante é uma banal entrevista com José Saramago feita pela previsível Ana Sousa Dias. Os melhores textos são de Hugo Gonçalves e Pedro Mexia.


BACK TO BASICS – Amem a verdade e perdoem o erro, Voltaire.