April 09, 2007

SEMANA – Depois das maternidades e dos centros de saúde, a febre da extinção vai chegar aos tribunais – agora espera-se que o Estado se auto-extinga por falta de objecto social… Sobre o novo aeroporto, o Ministro da tutela diz estar disposto a ouvir tudo o que lhe disserem, mas esclarece que já decidiu não mudar de opinião… O país está mesmo diferente: no final do primeiro trimestre a TVI é a estação de televisão mais vista, a RTP passou para segundo lugar e a SIC, que durante anos liderou, caiu para a última posição… Alguma coisa vai mal quando o tema político mais falado é o grau académico do Primeiro Ministro…Notícia da semana: em Lisboa dono de pitbull mordeu o polícia que perseguia o cão.


OUVIR –Tito Paris é um dos grandes músicos de Cabo Verde a prova está no seu novo disco, «Acústico», a gravação de um concerto de 2004 na Aula Magna de Lisboa. Para este concerto Tito Paris rodeou-se de uma secção de cordas, para além de um grupo de nove músicos escolhidos a dedo, sob a direcção musical de Tomás Pimentel – que com Tito Paris fez os magníficos arranjos. O resultado é uma sonoridade cheia, envolvente, ainda mais acentuada pelos ritmos e pela forma de cantar de Tito Paris, que aqui interpreta grandes temas como «Morna», «Nha Sina», «Sodade» e «Que Vida». O resultado são versões baseadas na tradição, mas com um pé na descoberta. CD World Connection.


TER – Agora todos podem ter «Um Minuto de Silêncio» - basta comprar o livro com o mesmo nome baseado numa ideia da jornalista Marisa Moura e do fotógrafo António Coelho – ambos juntaram textos, imagens e desenhos de 60 pessoas mais ou menos públicas, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Surdos, que visa financiar a actualização de um dicionário de língua gestual. Destaques para os textos de Francisco Pinto Balsemão, Alexandra Lencastre, Paulo Teixeira Pinto, Olga Roriz, Maria do Céu Guerrae Pedro Bidarra. Por gentileza da organizadora eu também lá tenho um texto, e deu-me muito prazer pensá-lo, escrevê-lo, dedicá-lo. Edição Guerra e Paz


LER – Aqui está ela, a nova revista de Tyler Brulé, o homem que inventou a «Wallpaper». A sua nova criação chama-se «Monocle» e parece inesperadamente fora de moda, mas a ditar o estilo. É um misto de atlas do mundo com as Selecções do Reader’s Digest, tem muito para ler, alguma coisa para ver, subalterniza a imagem e fornece imensa informação. O editor avisa que a revista se dedica à política internacional, aos negócios, à cultura e ao design. O tema de capa na edição número 2 é uma reportagem detalhada sobre a Noruega, a sua riqueza, a sua maneira de ver, o seu posicionamento no mundo. Mas também pode ler um belo artigo sobre telenovelas japoneses para telemóvel, um curioso inventário de necessidades dedicado aos consumistas ferozes e uma história de «manga», a banda desenhada japonesa. Ao todo são 200 páginas com muito que ler, por cerca de 11 euros. A «Monocle» é impressa em papel reciclado e tem um formato cómodo para a leitura. É uma revista para ler e não apenas para ver, uma revista que gosta de observar, e que está feita para se ir descobrindo.


COMER– De entre os restaurantes vegetarianos que apareceram nos últimos tempos em Lisboa, o Paladar Zen merece uma boa nota. Bom buffet de saladas, boas alternativas quentes, muito bem temperadas e saborosas, sumos naturais, mas também cerveja e refrigerantes. Boa escolha de música ambiente, aberto aos almoços e jantares, preço do buffet abaixo dos 10 euros. Av. Barbosa du Bocage 107C, tel. 217950009


VER – Em finais de Fevereiro João Tabarra inaugurou na Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto (Rua da Barroca 59) a primeira parte de uma exposição a que chamou «G». Na semana passada , na Galeria Graça Brandão, também no Bairro Alto (Rua dos Caetanos 26), abriu a segunda parte da mesma ideia. Enquanto na Zé dos Bois se assume um lado mais conceptual, de cruzamento assumido de imagens com sons, na Graça Brandão assume-se a provocação e apela-se ao voyeurismo. A Zé dos Bois fecha às 23 horas, a Graça Brandão às 20. Com esta invulgar dupla exposição – quase um caso de dupla personalidade - João Tabarra atinge a maturidade criativa e afirma-se claramente como um dos melhores artistas da sua geração, que tem feito um percurso iniciado na fotografia e se tem vindo a conceptualizar em torno da exploração da utilização das imagens, fixas ou em movimento, de uma forma cada vez mais elaborada.


BACK TO BASICS – Um visionário mente a si próprio, um mentiroso aos que o rodeiam, Friedrich Nietzsche