O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Hugo Chávez dificilmente seria uma estrela do You Tube: os seus longos discursos não encaixam nos formatos reduzidos que agradam aos espectadores do canal de vídeo para computadores. Mas a verdade é que Chávez também não precisa – quando quer vai à TV do Estado na Venezuela e fica dezenas de minutos a falar sem ser interrompido; por cá, Sócrates e seus ministros têm cada vez mais lugar garantido nos telejornais, preparam cuidadosamente os momentos em que aparecem e aquilo que vão dizer, cada vez mais sem oportunidade a perguntas ou lugar a contraditório. Na realidade o espaço mediático da oposição – nomeadamente o seu espaço no mais poderoso dos media, que é a televisão – está cada vez mais reduzido às polémicas internas de cada partido e não a questões de fundo.
A televisão, na sua forma actual, favorece objectivamente a propaganda em detrimento da informação: relatar às pessoas o que aconteceu ou o que um político pensa arrisca-se a ser monótono e desinteressante, ganha sempre uma qualquer acção bem encenada mesmo que vazia de conteúdo ou até, paradoxalmente, de novidade.
A decisão de Paulo Portas, de assinalar a rentrée política no You Tube, tem duas leituras: por um lado é claramente a tentativa de ganhar uma imagem de modernidade e de contemporaneidade tecnológica; mas, por outro, é também a constatação de que, de outra forma, não conseguiria expor o que pensa, de forma articulada, sobre cada um dos temas que abordou: os vetos presidenciais, a destruição de propriedade privada por neo-ecologistas em Silves e, finalmente, a questão do aumento das taxas de juro.
A nossa sociedade alimenta-se de paradoxos e um deles, delicioso por sinal, é que Paulo Portas se tenha estreado no You Tube na mesma semana em que o Governo andou por esse país a distribuir computadores e placas de acesso à internet por banda larga para ter mais um pretexto para aparecer na televisão. Resta a esperança de que alguns dos destinatários dos computadores o tenham usado para ver Portas no You Tube, à mesma hora em o cerimonial das ofertas era religiosamente passado no Telejornal.
Hugo Chávez dificilmente seria uma estrela do You Tube: os seus longos discursos não encaixam nos formatos reduzidos que agradam aos espectadores do canal de vídeo para computadores. Mas a verdade é que Chávez também não precisa – quando quer vai à TV do Estado na Venezuela e fica dezenas de minutos a falar sem ser interrompido; por cá, Sócrates e seus ministros têm cada vez mais lugar garantido nos telejornais, preparam cuidadosamente os momentos em que aparecem e aquilo que vão dizer, cada vez mais sem oportunidade a perguntas ou lugar a contraditório. Na realidade o espaço mediático da oposição – nomeadamente o seu espaço no mais poderoso dos media, que é a televisão – está cada vez mais reduzido às polémicas internas de cada partido e não a questões de fundo.
A televisão, na sua forma actual, favorece objectivamente a propaganda em detrimento da informação: relatar às pessoas o que aconteceu ou o que um político pensa arrisca-se a ser monótono e desinteressante, ganha sempre uma qualquer acção bem encenada mesmo que vazia de conteúdo ou até, paradoxalmente, de novidade.
A decisão de Paulo Portas, de assinalar a rentrée política no You Tube, tem duas leituras: por um lado é claramente a tentativa de ganhar uma imagem de modernidade e de contemporaneidade tecnológica; mas, por outro, é também a constatação de que, de outra forma, não conseguiria expor o que pensa, de forma articulada, sobre cada um dos temas que abordou: os vetos presidenciais, a destruição de propriedade privada por neo-ecologistas em Silves e, finalmente, a questão do aumento das taxas de juro.
A nossa sociedade alimenta-se de paradoxos e um deles, delicioso por sinal, é que Paulo Portas se tenha estreado no You Tube na mesma semana em que o Governo andou por esse país a distribuir computadores e placas de acesso à internet por banda larga para ter mais um pretexto para aparecer na televisão. Resta a esperança de que alguns dos destinatários dos computadores o tenham usado para ver Portas no You Tube, à mesma hora em o cerimonial das ofertas era religiosamente passado no Telejornal.
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