AUDIOVISUAL - Após mais de uma década de expectativa, foi finalmente criado o Fundo de Investimento para o Cinema e o Audiovisual, numa parceria entre o Estado (Instituto do Cinema e Audiovisual), PT Multimédia e os operadores de televisão em sinal aberto. O objectivo é produzir filmes, séries e documentários, que tenham um objectivo claro de exibição e de mercado. Não vai ser um caminho fácil num país onde, no audiovisual, o artesanato é elogiado e a indústria é maltratada. Mas é um passo importante, tanto mais que a gestão efectiva do Fundo foi entregue a uma entidade financeira – ESAF – que talvez consiga impor alguma lógica de exploração de conteúdos no processo de produção. O que interessa reter é que o segredo de qualquer operação destas reside em escolher bem o que se vai produzir, com quem se vai trabalhar (do guionista aos actores passando pelo realizador), como se produz e, acima de tudo, acompanhar efectivamente a produção – ou seja, dinamizar a figura anglo-saxónica do produtor que gere de facto o projecto, tanto do ponto de vista do talento artístico, como da montagem e controlo orçamental, como ainda do lançamento e comercialização. Se os bons exemplos forem seguidos, aqui pode estar uma oportunidade para a produção independente no sector audiovisual. A ver vamos se o talento local aceita ser produzido ou se vai continuar a querer ter a última palavra.
INCONFORMISMO - A Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila Rodrigues, foi afastada do cargo depois de, durante os últimos anos, ter apresentado uma invulgar série de exposições interessantes e diferentes do que era hábito, de ter cativado novos públicos, de ter promovido iniciativas especiais que, por exemplo, mostraram como naquele espaço também pode existir um confronto com a arte contemporânea. Acresce que fez intensa divulgação do museu, angariou receitas e patrocínios, fez marketing e relações públicas – tudo coisas muito invulgares e obviamente pecaminosas em museus do Estado. É sabido que Dalila Rodrigues tinha divergências com a tutela e que, num momento muito particular – o de debate público de uma Lei – exprimiu a sua opinião sobre o enquadramento que o Museu Nacional de Arte Antiga devia ter. Foi aliás comedida: limitou-se a defender que o MNAA devia ter um enquadramento semelhante ao do Museu do Prado, depois da sua reestruturação há poucos anos. E o que é isso? – Autonomia financeira (o que quer dizer que as receitas captadas revertem para o Museu e não para o Instituto dos Museus) e dependência directa da tutela, não intermediada por um Instituto que gere burocraticamente dezenas de instalações todas da mesma forma. Ou seja, reivindicava para o MNAA um estatuto que tivesse em conta o seu papel único no panorama dos equipamentos culturais portugueses, estatuto que permitiria ao museu desenvolver-se. Em vez de pensarem no assunto (já sei, pensar é um exercício difícil para a Ministra da Cultura….), a tutela e o Director do Instituto dos Museus, Manuel Bairrão Oleiro, uma figura acinzentada por sinal, resolveram afastar esta voz incómoda que cumpriu o programa que lhe traçaram, valorizou o museu, mas não deixou de dizer o que pensava – sem que isso, note-se, interferisse com o trabalho efectivo que desenvolvia no museu. Na realidade limitou-se a não baixar os braços e foi inconformista. Como se sabe, no Portugal socrático, o inconformismo é o pior dos crimes sobretudo para quem trabalha no Estado.
OUVIR – Antes de morrer, em Janeiro deste ano, o saxofonista Michael Brecker juntou, em Agosto de 2006, num estúdio de Nova York um grupo de músicos invulgar: Pat Metheny na guitarra, Herbie Hancock e Brad Mehldau no piano, John Patitucci no baixo e Jack DeJohnette na bateria. Os temas são todos originais de Brecker, que já estava gravemente doente aquando da gravação. O disco saiu em Maio e a «Downbeat» atribuiu-lhe quatro estrelas num máximo de cinco e sublinha que «na ultima fase antes de morrer o musico aplicou a sua técnica monumental a fazer música cada vez mais bela e profunda». A faixa que dá o título ao álbum, «Pilgrimage», foi precisamente a derradeira gravação de Brecker. CD distribuído em Portugal pela Universal Music.
LER – Na mesma semana em que António Costa tomou posse, é interessante ler a análise que o politólogo Pedro Magalhães faz das eleições intercalares em Lisboa, num artigo publicado na edição de Agosto da revista «Atlântico». No mesmo número destaque para a análise do Compromisso Portugal á governação dos últimos anos, uma bela reportagem sobre Jerusalém de Paulo Pinto de Mascarenhas e um delicioso artigo sobre viagens de João Pereira Coutinho.
BACK TO BASICS – Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és (a propósito da aliança de António Costa com José Sá Fernandes).
INCONFORMISMO - A Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila Rodrigues, foi afastada do cargo depois de, durante os últimos anos, ter apresentado uma invulgar série de exposições interessantes e diferentes do que era hábito, de ter cativado novos públicos, de ter promovido iniciativas especiais que, por exemplo, mostraram como naquele espaço também pode existir um confronto com a arte contemporânea. Acresce que fez intensa divulgação do museu, angariou receitas e patrocínios, fez marketing e relações públicas – tudo coisas muito invulgares e obviamente pecaminosas em museus do Estado. É sabido que Dalila Rodrigues tinha divergências com a tutela e que, num momento muito particular – o de debate público de uma Lei – exprimiu a sua opinião sobre o enquadramento que o Museu Nacional de Arte Antiga devia ter. Foi aliás comedida: limitou-se a defender que o MNAA devia ter um enquadramento semelhante ao do Museu do Prado, depois da sua reestruturação há poucos anos. E o que é isso? – Autonomia financeira (o que quer dizer que as receitas captadas revertem para o Museu e não para o Instituto dos Museus) e dependência directa da tutela, não intermediada por um Instituto que gere burocraticamente dezenas de instalações todas da mesma forma. Ou seja, reivindicava para o MNAA um estatuto que tivesse em conta o seu papel único no panorama dos equipamentos culturais portugueses, estatuto que permitiria ao museu desenvolver-se. Em vez de pensarem no assunto (já sei, pensar é um exercício difícil para a Ministra da Cultura….), a tutela e o Director do Instituto dos Museus, Manuel Bairrão Oleiro, uma figura acinzentada por sinal, resolveram afastar esta voz incómoda que cumpriu o programa que lhe traçaram, valorizou o museu, mas não deixou de dizer o que pensava – sem que isso, note-se, interferisse com o trabalho efectivo que desenvolvia no museu. Na realidade limitou-se a não baixar os braços e foi inconformista. Como se sabe, no Portugal socrático, o inconformismo é o pior dos crimes sobretudo para quem trabalha no Estado.
OUVIR – Antes de morrer, em Janeiro deste ano, o saxofonista Michael Brecker juntou, em Agosto de 2006, num estúdio de Nova York um grupo de músicos invulgar: Pat Metheny na guitarra, Herbie Hancock e Brad Mehldau no piano, John Patitucci no baixo e Jack DeJohnette na bateria. Os temas são todos originais de Brecker, que já estava gravemente doente aquando da gravação. O disco saiu em Maio e a «Downbeat» atribuiu-lhe quatro estrelas num máximo de cinco e sublinha que «na ultima fase antes de morrer o musico aplicou a sua técnica monumental a fazer música cada vez mais bela e profunda». A faixa que dá o título ao álbum, «Pilgrimage», foi precisamente a derradeira gravação de Brecker. CD distribuído em Portugal pela Universal Music.
LER – Na mesma semana em que António Costa tomou posse, é interessante ler a análise que o politólogo Pedro Magalhães faz das eleições intercalares em Lisboa, num artigo publicado na edição de Agosto da revista «Atlântico». No mesmo número destaque para a análise do Compromisso Portugal á governação dos últimos anos, uma bela reportagem sobre Jerusalém de Paulo Pinto de Mascarenhas e um delicioso artigo sobre viagens de João Pereira Coutinho.
BACK TO BASICS – Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és (a propósito da aliança de António Costa com José Sá Fernandes).
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