August 13, 2007

TELEVISÃO – Esta semana fiz uma análise curiosa: no primeiro trimestre a RTP 1 teve 25,2% de share médio de audiência, a SIC ficou pouco à frente com 25,8% e a TVI continuou a liderar, embora por uma margem escassa, com 28,7%. Mas de Abril para cá a coisa mudou: neste novo período (contas feitas até 6 de Agosto) a RTP 1 caíu para 24,1%, a SIC apesar do investimento em programação caíu também para 25,4% e a TVI foi a única a subir, para 29,1%. Deve haver gente por aí com uma pequena crise de nervos: José Eduardo Moniz, no período mais importante em termos de receitas publicitárias da primeira metade do ano, conseguiu roubar espectadores aos outros dois canais comerciais.


JUDICIÁRIA – Há qualquer coisa que não bate certo na actuação da Polícia Judiciária – não é de agora, é de há muitos anos. A Judiciária preocupa-se mais com a sua imagem do que em descobrir a verdade, preocupa-se mais em aparentar apresentar «resultados» do que em fazer um trabalho sério de investigação. Esta semana, com alguma pompa , surgiram notícias sobre corrupção naquela força – só os ingénuos acharão que ela não existia. Para quem observa o que se passa no país, a Polícia Judiciária surge como um território de manobras, um local de disputas de poder e de influência, um local receptivo a pressões e manobras, até mesmo venais. Mas, verdadeiramente, não parece ser uma polícia de investigação séria.



FOTOGRAFIA – A exposição «Entrar na Obra, Estar no Mundo: a fotografia na Colecção da Fundação de Serralves», que vai estar patente até 14 de Outubro, mostra pela primeira vez um lado pouco divulgado da colecção de Serralves, em que a fotografia é utilizada como suporte do processo criativo. A mostra inclui artistas portugueses como Paulo Nozolino, Fernando Calhau, Augusto Alves da Silva, Jorge Molder e Helena Almeida e internacionais como John Baldessari, Sigmar Rilke, Jan Dibbets e Roni Horne, entre outros.


VER – A «Slate» foi a primeira revista exclusivamente on-line. Tem evoluído ao longo dos anos e há pouco tempo «abriu» um videomagazine chamado Slate V, que pode ser visto em www.slatev.com . Lá poderão encontrar uns anúncios a sabonetes (sim, anúncios a sabonetes), realizados por Ingmar Bergman - imperdível. Igualmente imperdíveis são os três trailers de apresentação do filme dos Simpsons que se podem visionar no YouTube, bastando procurar «Simpson Trailer». Já agora fiquem a saber uma coisa: o filme é mesmo divertidíssimo.


OUVIR - Os Taraf de Haidouks são um grupo de músicos ciganos, originários da Roménia, que tocam de uma forma arrebatada. Aqui há uns anos encantei-me pelo seu estilo quando tive oportunidade de os ouvir ao vivo em Portugal e de estar ligado a um documentário sobre a sua carreira, feito por Luciana Fina. O novo disco dos Taraf é um surpreendente exercício que conjuga o rigor e o virtuosismo da interpretação instrumental com a espontaneidade da música cigana. «Maskarada», o novo CD dos Taraf, inclui interpretações de temas como «Danza Ritual del Fuego» de Manuel de Falla, «Waltz From Masquerade» de Khachaturian, «Danças Romenas» de Bela Bartok, além de vários originais do grupo. Edição Crammed, disponível no Corte Inglês e na FNAC.


JAPA – Pessoa que muito estimo costuma dizer, a propósito de alguns restaurantes, que «quem não tem competência não se devia estabelecer». Pois este singelo e verdadeiro pensamento aplica-se que nem uma luva a quem dirige o restaurante Japa, na Praça de Touros do Campo Pequeno. É certo, dirão, que quem vai a uma praça de touros para comer sujeita-se às ocorrências. É verdade, mas enganado por alguns elogiadores profissionais senti-me tentado a experimentar este japonês. A comida é sem história, é do género japonês industrial, mas não é esse o grande problema do local. O grande problema é o péssimo serviço, a desorganização completa, a absoluta falta de formação e arrogância dos empregados, a falta de direcção na sala, o descuido pelos pedidos dos clientes. O mais espantoso é que a sala não é muito grande e tem uns seis ou sete empregados mais uma criatura mascarada de chefe de sala. Cada um corre para seu lado, parece um bando de zombies, a desorganização é absoluta. Alguém devia explicar às criaturas que resolvem abrir um restaurante – ainda por cima com pretensão de ser um local agradável e que quer estar na moda – que a comida é importante mas não é tudo. Num restaurante, o serviço é tão importante como a comida. Na verdade este Japa não é um restaurante, é um teste à paciência de quem lá vai. A evitar absolutamente.


BACK TO BASICS – Uma secretária é um sítio particularmente perigoso para daí se observar o mundo – John Le Carré.