February 27, 2006

BASTA! - Não sou leitor do «24 Horas» – mas há jornais assim em todo o mundo. Mais: ainda bem que em Portugal também há um «24 Horas». O problema de que o «24 Horas» parece ser acusado não é, na realidade, da responsabilidade do jornal: é de alguém, nos meandros do aparelho judicial, seja na duvidosa Procuradoria da República ou na prepotente Judiciária. Alguém de dentro do sistema deixou escapar o que o sistema queria esconder, houve um jornal que publicou o que obteve – e que por acaso mostra abuso de autoridade. Quem está mal? Certamente não é o jornal. A Judiciária anda a assemelhar-se a uma máquina de perseguição – há sectores dentro dessa polícia que consideram ser esse o caminho. E cá para mim, já que o mundo anda em maré de solidariedades, convém dizer aos esbirros da Judiciária: somos todos do «24 Horas».


PENSAR – Uma das coisas curiosas em toda a envolvente da OPA da Sonae sobre a PT é a simpatia geral, em termos de opinião pública, com a qual esta acção foi recebida. Seja qual for o resultado final este acolhimento simpático ultrapassa o carinho pelo mito de David contra Golias. O que dá que pensar é que a PT, com o seu sistemático desprezo pelos clientes, grangeou ao longo dos anos um clima de antipatia latente que agora explodiu. Por aqui passa um dos grandes problemas da PT.


COMER – Chegou a lampreia, e com ela nascem novas alegrias nesta altura do ano. Desde já sublinho que este é um bom pretexto para revisitar o «Manel» do Parque Mayer, onde o bicho é servido à moda do Minho, com arroz farto e cheio de sabores do animal. O estacionamento é fácil, o serviço é bom, a casa continua a merecer uma visita. Telefone antes, para saber quando há lampreia, 21 346 3167.


LER – Todos os que se interessam por meios de comunicação, e em particular pelos conteúdos jornalísticos, deviam ler o artigo que tem honras de capa na edição de Janeiro/Fevereiro da «Columbia Journalism Review». Sob o título «Há Uma Saída Para Isto?» (Is There A Way Out?), Douglas McCollam aborda a relação entre os accionistas e as empresas detentoras de meios, e o círculo vicioso em que se tem vindo a cair – e que tem produzido maus resultados empresariais e péssimos produtos jornalísticos. Da maneira que as coisas andam cá na terrinha há muita gente que poderia aproveitar bastante de uma leitura atenta deste belíssimo artigo, disponível em www.cjr.org .


OUVIR – No meio das celebrações mozartianas foi reeditada uma das mais brilhantes gravações das suas obras para cravo e piano. Trata-se de uma gravação de 1962, devidamente actualizada em termos tecnológicos, e que mostra a interpretação que Wilhelm Kempff fez , ao piano, de duas Fantasias (397 e 475) e duas Sonatas (331 e 310) de Mozart. Em vez de amontoarem vinte discos coleccionáveis que surgem tipo brinde, comprem este só e ouçam-no repetidamente. Nunca é demais dizer que o espírito humano às vezes se eleva para além do que se poderia imaginar.


VER – «O Livro de Cesário Verde», uma exposição de um livro-objecto do pintor João Vieira, na Galeria Arqué (Avenida Miguel Bombarda 120), até dia 7 de Março.


AGENDA – Dia 23, quinta da próxima semana - depois de ter estado na Tate Modern e na Fundacion Caixa Galicia, inaugura no CCB a exposição sobre a obra da pintora mexicana Frida Kahlo. Imperdível.


PERGUNTINHA DA SEMANA – O Ministro da Justiça dorme feliz e descansado?


BACK TO BASICS – Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.