February 13, 2006

O ESTIMADO CLIENTE


Um inquérito recente a cidadãos estrangeiros que vivem em Portugal tinha um dado curioso. Interrogados sobre a qualidade dos serviços, a maioria dos inquiridos dizia que esperava que fosse introduzida concorrência no fornecimento de energia eléctrica a particulares para poder deixar de ser cliente da EDP. Percebo bem o problema: para a EDP o estimado cliente serve apenas para pagar as facturas, de preferência pagando adiantado e sem refilar muito. Que a energia falhe, seja instável, que as facturas de estimativa tenham pouca correspondência com a realidade e outros pormenores do género são detalhes de somenos importância.

Nos últimos meses assisto muito interessado à discussão sobre o futuro modelo de governação da EDP e correspondentes alterações na sua administração. Muito curiosamente não vejo ninguém da empresa a preocupar-se com o serviço que é prestado, com a assistência aos clientes.

Dir-me-ão que não é caso único. Pois não, mas curiosamente há uma matriz: os piores casos de desrespeito pelo cliente vêm, na generalidade, de empresas que eram exclusivamente de capitais públicos e que existiam como monopólios estatais na sua área. Quem não tem reclamações da PT e seu universo, da Gás de Portugal e seu rol de subsidiárias, das empresas de fornecimento de águas ou da EDP? Como é que empresas desta dimensão tratam de forma tão má – abusiva mesmo - os seus clientes?

Esta área da atenção dada aos clientes, do equilíbrio dos tarifários, da qualidade do serviço prestado devia ser vigiada e regulada por alguém. José Sócrates bem que podia recuperar para o seu Governo a dinâmica de defesa dos consumidores que teve quando foi Ministro com a tutela dessa área.