August 25, 2003

COSTA NOVA
Gosto da Costa Nova, ali nas cercanias de Aveiro. Ontem passei lá o dia, naquela língua de terra com a ria de um lado e o oceano do outro. Ao almoço a minha amiga Ana serviu-nos o melhor petisco que imaginar se pode: caldeirada de enguias, uma perfeita delícia, com os bichinhos a nadar num abundante molho amarelo, saborosíssimo, onde andam umas batatas de boa consistência a ganhar paladar. Pelo meio da tarde houve sesta e antes de se ganhar alguma boa disposição com o empate do FCP face ao Estrela da Amadora, tive tempo de beber uma cerveja a contemplar um dos mais bonitos pôr do sol que conheço. Espreita-se para trás da casa e vê-se o Sol a cair no oceano, naquela luz de fim de tarde; viramo-nos para a ria e vemos o lado de lá banhado pela mesma luz, reflectida na água e nos bancos de areia. Tem que se viver aquela luz, naquele sítio, para se perceber o que é.
A Costa Nova é um dos paraísos portugueses, mas nos últimos anos a especulação imobiliária e as sempre suspeitas tentações imobiliárias de alguns autarcas arrasam com o que existe. Na ponta da Costa Nova deixaram construir um condomínio quase sem espaço até à estrada, demasiado movimentada, ainda por cima; e do outro lado, na Barra, preparam um complexo imobiliário de excessiva dimensão, durante anos empatado pelo Ministério do Ambiente e agora, sem se saber bem porquê, subitamente autorizado. É isto que chateia.