RADAR & TERTÚLIA
Qual pode ser a semelhança entre o radar e um blog? Ambos são instrumentos de detecção: o radar é-o por função, o blog torna-se num por vocação.
Passo a explicar: Nos últimos dias tenho andado a espiolhar uma série de blogs que aparecem no fenómeno cascata (o das citações mútuas sucessivas) e rapidamente se conclui que em muitos deles é fácil detectar o estado de espírito dos respectivos autores. As mais das vezes reflectem-se paixões, descobertas, mas também desilusões. Os blogs, por serem tão confessionais, são o espelho perfeito de quem os escreve e mostram, quando são verdadeiramente bons, como estão os bloggers quando os escrevem. Um daqueles que mais me tem captado a atenção é o deslizar no sonho, onde se vai percebendo a matriz das principais preocupações, a recorrência de assuntos, mas muito principalmente a utilização de citações para fazer uma transferência de estados de espírito. Outras vezes, frases súbitas, irrompem com força para mostrar a dor: Primeiro o sentimento é de indignação que se transforma em raiva, depois permanece uma dolorosa decepção pelo leviano julgamento ou comentários impiedosos dos outros.
Uma das coisas curiosas nos blogs e nos bloggers é a relação de extrema cumplicidade que se estabelece entre o exibicionismo e o voyeurismo. Cada blogger é as duas coisas em permanência, como bem mostra a bomba inteligente. Um blogger alimenta sempre a esperança de ser lido, por mais intimista e confessional que seja o seu blog (por isso o expõe num espaço público), e gosta de partir à descoberta de outros seus semelhantes e, sobretudo, de quem o lê - e a tarefa é facilitada pelos motores de busca de utilizadores.
Um blog é ao mesmo tempo um grito e um posto de observação, é uma espécie de castelo medieval de refúgio para trovadores - deve ser por isso que existem tantas referências poéticas.
Esta partilha de sentimentos constante que os blogs proporcionam é um dos maiores factores de atracção - e o que tem permitido que os blogs sejam mais que um grupo solto e desconexo de identidades e se tornem em comunidades e em meio de comunicação entre elas. Na verdade, o blog é o novo espaço da tertúlia, o novo ponto de encontro - ao contrário dos chats e dos sms, os blogs são conteúdos que ficam, que permanecem, que são infinitamente partilháveis. É desta partilha que nascem todas as cumplicidades. Será assim?
Qual pode ser a semelhança entre o radar e um blog? Ambos são instrumentos de detecção: o radar é-o por função, o blog torna-se num por vocação.
Passo a explicar: Nos últimos dias tenho andado a espiolhar uma série de blogs que aparecem no fenómeno cascata (o das citações mútuas sucessivas) e rapidamente se conclui que em muitos deles é fácil detectar o estado de espírito dos respectivos autores. As mais das vezes reflectem-se paixões, descobertas, mas também desilusões. Os blogs, por serem tão confessionais, são o espelho perfeito de quem os escreve e mostram, quando são verdadeiramente bons, como estão os bloggers quando os escrevem. Um daqueles que mais me tem captado a atenção é o deslizar no sonho, onde se vai percebendo a matriz das principais preocupações, a recorrência de assuntos, mas muito principalmente a utilização de citações para fazer uma transferência de estados de espírito. Outras vezes, frases súbitas, irrompem com força para mostrar a dor: Primeiro o sentimento é de indignação que se transforma em raiva, depois permanece uma dolorosa decepção pelo leviano julgamento ou comentários impiedosos dos outros.
Uma das coisas curiosas nos blogs e nos bloggers é a relação de extrema cumplicidade que se estabelece entre o exibicionismo e o voyeurismo. Cada blogger é as duas coisas em permanência, como bem mostra a bomba inteligente. Um blogger alimenta sempre a esperança de ser lido, por mais intimista e confessional que seja o seu blog (por isso o expõe num espaço público), e gosta de partir à descoberta de outros seus semelhantes e, sobretudo, de quem o lê - e a tarefa é facilitada pelos motores de busca de utilizadores.
Um blog é ao mesmo tempo um grito e um posto de observação, é uma espécie de castelo medieval de refúgio para trovadores - deve ser por isso que existem tantas referências poéticas.
Esta partilha de sentimentos constante que os blogs proporcionam é um dos maiores factores de atracção - e o que tem permitido que os blogs sejam mais que um grupo solto e desconexo de identidades e se tornem em comunidades e em meio de comunicação entre elas. Na verdade, o blog é o novo espaço da tertúlia, o novo ponto de encontro - ao contrário dos chats e dos sms, os blogs são conteúdos que ficam, que permanecem, que são infinitamente partilháveis. É desta partilha que nascem todas as cumplicidades. Será assim?
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