July 07, 2003

O BOLETIM DAS ESCUTAS
Opinião pessoal de velho leitor e ex-jornalista da casa: o «Expresso» está a tornar-se na folha oficial do departamento de escutas telefónicas das polícias. É uma variante do «Diário da República», género que também vai praticando intermitentemente. No editorial de sábado passado o director do boletim das escutas falava, a propósito da misteriosa e suspeita morte de um autarca de Almodôvar, do crime perfeito. Bastava olhar para as primeiras páginas de algumas das suas edições para ver como o crime perfeito existe mesmo a seu lado, levemente disfarçado de investigação jornalística, na verdade pouco mais que um amplificador de telefonemas de «fontes de confiança» feitos sexta-feira em cima da hora de fecho e que são publicados como se de verdades provadas se tratasse porque muita gente por lá acha que isso é que é bom jornalismo e ninguém está para ter muitas maçadas.
Desde há uns anos tenho um passatempo: olho para as primeiras páginas do «Expresso» e desato a tentar adivinhar quem plantou como notícias algumas das coisas que lá estão. Depois vou às colunas de opinião da casa e imagino quem andou a almoçar no com quem - tenho agora uma dúvida, depois da mudança das instalações para os subúrbios que sítio terá substituído o «Pabe» para estes encontros?