October 23, 2011
Com esta semana de chuva é que vamos ver se António Costa fez o trabalho de casa e limpou as sarjetas
February 25, 2008
ADEUS BLOGGER,
OLÁ SAPO
A PARTIR DESTA DATA A ESQUINA DO RIO DEIXA DE ESTAR AQUI E PASSA A PODER SER ENCONTRADA AQUI.
OU SEJA, O ENDEREÇO DA ESQUINA PASSA A SER WWW.AESQUINADORIO.BLOGS.SAPO.PT
OLÁ SAPO
A PARTIR DESTA DATA A ESQUINA DO RIO DEIXA DE ESTAR AQUI E PASSA A PODER SER ENCONTRADA AQUI.
OU SEJA, O ENDEREÇO DA ESQUINA PASSA A SER WWW.AESQUINADORIO.BLOGS.SAPO.PT
February 23, 2008
MAU - Três anos após ter iniciado funções, a linha política oficial do Governo é agora definida por quatro palavras: «Sacudir água do capote». Foi esta a linha seguida, com humor negro, pelo Ministro do Ambiente a propósito das cheias; e foi esta a linha seguida pelo Primeiro Ministro durante a entrevista à SIC em que retratou um país cheio de maravilhas e um Governo cheio de eficácia.
PÉSSIMO - Uma empresa adquire um andar num prédio de escritórios, no centro de Lisboa. Na fachada do prédio existem já três anúncios luminosos de outras tantas empresas que lá estavam instaladas. A empresa que chega pede para instalar logotipo, de tamanho idêntico e em localização equivalente, no seu andar. Um organismo da Câmara Municipal de Lisboa, o Departamento de Gestão do Espaço Público, autoriza e diz que está tudo conforme à Lei e sublinha que o edifício não está localizado em zona especial de protecção. Uma obscura comissão de publicidade exterior (que me dizem perseguir o comércio e as actividades económicas da cidade), indeferiu o pedido alegando que prejudicaria o conceito arquitectónico da fachada (que ignora já lá existirem outros placards luminosos) e provocando um despacho desfavorável. Quem se entende numa terra destas? Será que António Costa acha bem este tipo de coisas? Quem integra e como é escolhida esta extraordinária Comissão? Será verdade que as suas respostas são sempre «chapa cinco» no sentido de indeferir? Existem estatísticas sobre as suas avaliações? É o seu trabalho fiscalizado por alguém?
O MUNDO AO CONTRÁRIO - No «Correio da Manhã» de terça-feira passada uma pequena notícia que retrata o estado a que chegou a defesa do património: um castelo, erguido pelo pai de D. Nuno Álvares Pereira, está encerrado há cerca de dois anos por falta de condições de segurança. O castelo de Amieira do Tejo, concelho de Nisa, foi erguido no século XIV e fazia parte da Linha do Tejo, uma linha de defesa da fronteira. Em declarações ao jornal o responsável pela Direcção Regional da Cultura do Alentejo reconheceu não dispor de verbas para as obras. Para que servem existir organismos e funcionários se depois não têm dinheiro para concretizar o objectivo da sua existência?
OBSERVAR – A nova rubrica, mensal, do programa «Imagens de Marca», da SIC Notícias, dedicado às marcas de Portugal e assegurado por Carlos Coelho. Se quiserem espreitem o primeiro, dedicado à Nazaré, em
http://imagensdemarca.sapo.pt/opinioes/detalhes.php?id=465 .
COMPRAR – Se precisa, à última da hora, de qualquer coisa para levar para casa dos amigos que o convidaram para jantar., tem um novo sítio em Lisboa: «República das Flores», onde Frederico Oliveira lhe propõe belos objectos, flores cuidadas, doces delicados como os rebuçados de Portalegre, várias marcas de champagne e os delicados produtos de cosmética da Abahna. E, se quiserem, ainda podem saber informações dos caterings possíveis de organizar quando decidir retribuir o jantar em sua própria casa. Rua do Alecrim 99.
VER – Quando temos alguém que nos conta as boas experiências que viveu, a coisa fica mais fácil. Já tinha ouvido falar da invulgar interpretação da soprano Anna Netrebko na sua estreia absoluta no Metropolitan, de Nova Iorque, em final de 2006, no papel de Elvira, na cena da loucura da ópera «I Puritani», de Bellini. Agora todos podem partilhar esse momento garças a um DVD da Deutsche Grammophon, feito em colaboração com o Met, e que regista essa estreia, dirigida pelo maestro Patrick Summers. Disponível na FNAC, distribuição Universal
OUVIR – Há uns anos, quando ficou difícil fazer publicidade a tabaco, a marca francesa de cigarros «Gitanes» resolveu lançar uma colecção de discos de jazz, grande parte dos quais compilações. Paris, já se sabe, atraiu uma multidão de músicos de jazz norte-americanos no pós guerra e muitos deles homenagearam a cidade com belas composições e inspiraram músicos franceses. A «Gitanes» decidiu agora escolher 50 temas que falam de Paris e organizou uma compilação sob a forma de triplo LP e que inclui pérolas de músicos como Michel Legrand, Quincy Jones, Sacha Distel, Max Roach, Memphis Slim, Miles Davis e Eddie Barclay, entre outros. É uma bela banda sonora para um serão tranquilo.
LER – Em matéria de leituras, um dos meus gostos recai em livros sobre História. E, destes, gosto dos que contam pequenos episódios, aparentemente marginais, de certa forma as pequenas histórias que fazem a História. João Amaral, jornalista e jurista, actual director editorial da Leya, passou anos a pesquisar a história das ligações entre o Governo de Salazar e o episódio do casamento, em plena II Grande Guerra, do Duque de Bragança com uma princesa brasileira. O resultado é um livro cativante, muito bem documentado, construído como uma aventura, cativante do princípio ao fim, cheio de revelações sobre os bastidores do poder de Salazar, sobre a sua forma de agir, sobre as conspirações e a pequena política da época. Uma história irresistível contada em 130 páginas. Edição Tribuna.
BACK TO BASICS – A História não é mais que uma sucessão de crimes e patifarias, Voltaire.
PÉSSIMO - Uma empresa adquire um andar num prédio de escritórios, no centro de Lisboa. Na fachada do prédio existem já três anúncios luminosos de outras tantas empresas que lá estavam instaladas. A empresa que chega pede para instalar logotipo, de tamanho idêntico e em localização equivalente, no seu andar. Um organismo da Câmara Municipal de Lisboa, o Departamento de Gestão do Espaço Público, autoriza e diz que está tudo conforme à Lei e sublinha que o edifício não está localizado em zona especial de protecção. Uma obscura comissão de publicidade exterior (que me dizem perseguir o comércio e as actividades económicas da cidade), indeferiu o pedido alegando que prejudicaria o conceito arquitectónico da fachada (que ignora já lá existirem outros placards luminosos) e provocando um despacho desfavorável. Quem se entende numa terra destas? Será que António Costa acha bem este tipo de coisas? Quem integra e como é escolhida esta extraordinária Comissão? Será verdade que as suas respostas são sempre «chapa cinco» no sentido de indeferir? Existem estatísticas sobre as suas avaliações? É o seu trabalho fiscalizado por alguém?
O MUNDO AO CONTRÁRIO - No «Correio da Manhã» de terça-feira passada uma pequena notícia que retrata o estado a que chegou a defesa do património: um castelo, erguido pelo pai de D. Nuno Álvares Pereira, está encerrado há cerca de dois anos por falta de condições de segurança. O castelo de Amieira do Tejo, concelho de Nisa, foi erguido no século XIV e fazia parte da Linha do Tejo, uma linha de defesa da fronteira. Em declarações ao jornal o responsável pela Direcção Regional da Cultura do Alentejo reconheceu não dispor de verbas para as obras. Para que servem existir organismos e funcionários se depois não têm dinheiro para concretizar o objectivo da sua existência?
OBSERVAR – A nova rubrica, mensal, do programa «Imagens de Marca», da SIC Notícias, dedicado às marcas de Portugal e assegurado por Carlos Coelho. Se quiserem espreitem o primeiro, dedicado à Nazaré, em
http://imagensdemarca.sapo.pt/opinioes/detalhes.php?id=465 .
COMPRAR – Se precisa, à última da hora, de qualquer coisa para levar para casa dos amigos que o convidaram para jantar., tem um novo sítio em Lisboa: «República das Flores», onde Frederico Oliveira lhe propõe belos objectos, flores cuidadas, doces delicados como os rebuçados de Portalegre, várias marcas de champagne e os delicados produtos de cosmética da Abahna. E, se quiserem, ainda podem saber informações dos caterings possíveis de organizar quando decidir retribuir o jantar em sua própria casa. Rua do Alecrim 99.
VER – Quando temos alguém que nos conta as boas experiências que viveu, a coisa fica mais fácil. Já tinha ouvido falar da invulgar interpretação da soprano Anna Netrebko na sua estreia absoluta no Metropolitan, de Nova Iorque, em final de 2006, no papel de Elvira, na cena da loucura da ópera «I Puritani», de Bellini. Agora todos podem partilhar esse momento garças a um DVD da Deutsche Grammophon, feito em colaboração com o Met, e que regista essa estreia, dirigida pelo maestro Patrick Summers. Disponível na FNAC, distribuição Universal
OUVIR – Há uns anos, quando ficou difícil fazer publicidade a tabaco, a marca francesa de cigarros «Gitanes» resolveu lançar uma colecção de discos de jazz, grande parte dos quais compilações. Paris, já se sabe, atraiu uma multidão de músicos de jazz norte-americanos no pós guerra e muitos deles homenagearam a cidade com belas composições e inspiraram músicos franceses. A «Gitanes» decidiu agora escolher 50 temas que falam de Paris e organizou uma compilação sob a forma de triplo LP e que inclui pérolas de músicos como Michel Legrand, Quincy Jones, Sacha Distel, Max Roach, Memphis Slim, Miles Davis e Eddie Barclay, entre outros. É uma bela banda sonora para um serão tranquilo.
LER – Em matéria de leituras, um dos meus gostos recai em livros sobre História. E, destes, gosto dos que contam pequenos episódios, aparentemente marginais, de certa forma as pequenas histórias que fazem a História. João Amaral, jornalista e jurista, actual director editorial da Leya, passou anos a pesquisar a história das ligações entre o Governo de Salazar e o episódio do casamento, em plena II Grande Guerra, do Duque de Bragança com uma princesa brasileira. O resultado é um livro cativante, muito bem documentado, construído como uma aventura, cativante do princípio ao fim, cheio de revelações sobre os bastidores do poder de Salazar, sobre a sua forma de agir, sobre as conspirações e a pequena política da época. Uma história irresistível contada em 130 páginas. Edição Tribuna.
BACK TO BASICS – A História não é mais que uma sucessão de crimes e patifarias, Voltaire.
Labels: lisboa parada, patrimonio esquecido
February 22, 2008
SERÁ BIPOLAR?
(Publicado no diário «Meia Hora» de Quarta 21)
No fim de semana o Secretário Geral do Partido Socialista enervou-se com uns manifestantes que o apuparam à porta da sede do PS no Largo do Rato, em Lisboa, exaltou-se e acusou-os de estarem instrumentalizados e de pertencerem a um partido da oposição, como se isso fosse pecado. Só faltou dizer que eram perigosos comunistas.
Na noite de segunda-feira, na SIC, o Primeiro-Ministro, desfez-se em sorrisos e simpatias para com dois entrevistadores que, nas palavras de Vasco Pulido Valente, «tentaram não incomodar».
Nos últimos tempos, cada vez com maior frequência, parecem existir dois Sócrates: um que diz que qualquer remodelação é especulação jornalística, e outro que convida Ministros a apresentarem carta de demissão; um que veste fatos Boss e calça sapatos Prada, e outro que desenha casas forradas a azulejos multicores; um que promete que não subirá impostos, e outro que os aumenta; um que se exalta e diz inconveniências, e outro que respira tranquilidade e transpira politicamente correcto. Os exemplos são numerosos.
A coisa é séria: um país não deve, em boa teoria, ser governado por alguém com características de ter um comportamento bipolar – gera instabilidade, que diabo!
Até mesmo nessa entrevista nasceu um novo fenómeno: Sócrates, que gosta de se afirmar determinado e sabedor do rumo que quer seguir, mostrou um laivo de enorme indecisão. Talvez inspirado no exemplo de Cavaco Silva, disse que ainda não sabia se concorreria às próximas legislativas. Mostrou-se indeciso, receoso, calculista porventura. É, talvez, mais um dado a ser tido em conta no diagnóstico.
Quando olho para o percurso do Engenheiro José Sócrates, para a forma como ele e a sua «entourage» próxima se comportam face à mais leve crítica, vem-me sempre à memória a mesma citação, do perspicaz Eça de Queiroz: «sob a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia».
De facto parece existir aqui um problema com este Governo e o seu Primeiro-Ministro: o país de que falam, não parece ser aquele onde vivemos. O Governo vê êxitos e maravilhas onde o comum cidadão vê dificuldades e desilusões. Em qualquer crítica o Governo vê um ataque. No jornalismo investigativo vê uma ameaça. Na insatisfação dos cidadãos descobre uma ingratidão. No fundo, é um Governo incompreendido, ao que parece dentro do próprio partido de onde é oriundo.
(Publicado no diário «Meia Hora» de Quarta 21)
No fim de semana o Secretário Geral do Partido Socialista enervou-se com uns manifestantes que o apuparam à porta da sede do PS no Largo do Rato, em Lisboa, exaltou-se e acusou-os de estarem instrumentalizados e de pertencerem a um partido da oposição, como se isso fosse pecado. Só faltou dizer que eram perigosos comunistas.
Na noite de segunda-feira, na SIC, o Primeiro-Ministro, desfez-se em sorrisos e simpatias para com dois entrevistadores que, nas palavras de Vasco Pulido Valente, «tentaram não incomodar».
Nos últimos tempos, cada vez com maior frequência, parecem existir dois Sócrates: um que diz que qualquer remodelação é especulação jornalística, e outro que convida Ministros a apresentarem carta de demissão; um que veste fatos Boss e calça sapatos Prada, e outro que desenha casas forradas a azulejos multicores; um que promete que não subirá impostos, e outro que os aumenta; um que se exalta e diz inconveniências, e outro que respira tranquilidade e transpira politicamente correcto. Os exemplos são numerosos.
A coisa é séria: um país não deve, em boa teoria, ser governado por alguém com características de ter um comportamento bipolar – gera instabilidade, que diabo!
Até mesmo nessa entrevista nasceu um novo fenómeno: Sócrates, que gosta de se afirmar determinado e sabedor do rumo que quer seguir, mostrou um laivo de enorme indecisão. Talvez inspirado no exemplo de Cavaco Silva, disse que ainda não sabia se concorreria às próximas legislativas. Mostrou-se indeciso, receoso, calculista porventura. É, talvez, mais um dado a ser tido em conta no diagnóstico.
Quando olho para o percurso do Engenheiro José Sócrates, para a forma como ele e a sua «entourage» próxima se comportam face à mais leve crítica, vem-me sempre à memória a mesma citação, do perspicaz Eça de Queiroz: «sob a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia».
De facto parece existir aqui um problema com este Governo e o seu Primeiro-Ministro: o país de que falam, não parece ser aquele onde vivemos. O Governo vê êxitos e maravilhas onde o comum cidadão vê dificuldades e desilusões. Em qualquer crítica o Governo vê um ataque. No jornalismo investigativo vê uma ameaça. Na insatisfação dos cidadãos descobre uma ingratidão. No fundo, é um Governo incompreendido, ao que parece dentro do próprio partido de onde é oriundo.
Labels: Sócrates
February 18, 2008
PESADELO – O estado a que chegou a administração da Justiça em Portugal é mais do que preocupante: os procuradores do norte estão em guerra com os do sul e com cidadãos que deviam defender; na Judiciária o caos tornou-se mera rotina; na Ordem dos Advogados impera a demagogia e a baixa política; Tudo isto se passa com os devidos atrasos, desleixos, incúrias, cumplicidades, manhosices. O sistema judicial tomou conta do país, ameaça tomar conta dos políticos e, a seguir, de quem ousar levantar-se contra a desordem jurídica vigente. Alberto Costa deixou chegar as coisas a um ponto muito complicado.
MAU – Um governo que enche a boca de inovação e depois dá uma machadada no ensino artístico não merece grande crédito. Qualquer leigo sabe que na escola poucas coisas estimulam tanto a criatividade como o ensino da música. Quando se ataca o ensino da música como prioridade da política educativa, é sinal de que se quer formar uma geração de mentes cinzentas e conformadas.
PÉSSIMO – Cada vez que um jornal revela alguma coisa sobre a vida pública, profissional, do Engenheiro José Sócrates, eis que o Primeiro Ministro e alguns dos seus próximos aparecem a gritar que se trata de uma campanha intolerável. Noutros tempos foram estes mesmos argumentos que serviram de base para se iniciarem ataques à liberdade de imprensa. Ninguém imagina que um político ambicioso chegue a Primeiro Ministro sendo um anjo e um exemplo de virtudes e boas maneiras – o problema está quando os próprios se convencem da sua santidade e intocabilidade.
O MUNDO AO CONTRÁRIO – Alguma coisa vai mal num partido em que a primeira figura se limita à retórica e em que o líder parlamentar anuncia que se vai pôr a viajar pelo país fora em autêntica pré-campanha.
LER – O scriptorium era uma pequena sala dos mosteiros medievais onde os monges copistas escreviam os seus manuscritos. Para o seu novo livro, o romancista norte-americano Paul Auster pegou no termo e fez dele o centro de uma história quase surreal, mas cativante da primeira à última linha. «Viagens no Scriptorium» (edição ASA), explora as palavras, trabalha a passagem do tempo, o efeito da memória e o mistério do pensamento. Não é por acaso que esta é das mais elogiadas obras de Paul Auster.
IR – O concerto do quarteto do trompetista polaco Tomasz Stanko promete ser um bom momento do jazz ao vivo. Baseada no repertório do seu último disco, «Lontano», a actuação terá lugar na próxima quarta-feira dia 20, pelas 21h30, no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa. A revista norte-americana «Down Beat» considerou «Lontano» como um dos dez melhores discos do ano passado e o seu autor como um dos melhores trompetistas contemporâneos.
OUVIR – Os primeiros minutos do disco são surpresa no seu melhor: emoção pura, espanto pela força e clareza da voz.. Ao terceiro álbum a cantora negra norte-americana Liz Wright fez um trabalho verdadeiramente surpreendente que combina uma maioria de bons originais com algumas versões, entre as quais «I Idolize You» de Ike e Tina Turner e e «Thank You» dos Led Zeppelin. Arrebatador e inesperado «The Orchard» é um disco que merece ser descoberto. CD Verve/ Universal.
VER – Até 2 de Março ainda se pode ver, no Museu da Electricidade, em Lisboa a exposição «100 Fotos, Obras, Anos de Oscar Niemeyer » da autoria do arquitecto e fotógrafo Leonardo Finotti. Neste sábado, amanhã, dia 16, os arquitectos
Ricardo Carvalho e Ricardo Bak Gordon fazem uma visita guiada e comentada à exposição, a partir das 16h30.
PERGUNTANDO… Esta semana, num restaurante popular de Lisboa, daqueles onde ainda se comem petiscos, ouvi um arrebatado rapaz a explicar à sua encantada conviva estrangeira as qualidades da comida portuguesa e os perigos que a ASAE traz ao país. Face à incredulidade da rapariga, surgiu da boca do rapaz a inevitável e marcante pergunta: «You don’t know what ASAE is?». Se o Nunes sabe, a rapariga vai para um campo de reeducação.
PETISCAR – O «Tempero de Minas» é um simpático restaurante na esquina da Luís Bívar com a Pinheiro Chagas, ao Saldanha, em Lisboa. Ao almoço há buffet inspirado nos petiscos do estado brasileiro de Minas Gerais, à noite pode escolher de uma bem fornecida lista. Em qualquer dos casos não perca as entradas e os doces. E deixe a dieta para outro dia. Telefone 213555038, www.temperodeminas.com.
BACK TO BASICS – Se não existissem injustiças, ninguém saberia o que é de facto a justiça – Heraclitus.
MAU – Um governo que enche a boca de inovação e depois dá uma machadada no ensino artístico não merece grande crédito. Qualquer leigo sabe que na escola poucas coisas estimulam tanto a criatividade como o ensino da música. Quando se ataca o ensino da música como prioridade da política educativa, é sinal de que se quer formar uma geração de mentes cinzentas e conformadas.
PÉSSIMO – Cada vez que um jornal revela alguma coisa sobre a vida pública, profissional, do Engenheiro José Sócrates, eis que o Primeiro Ministro e alguns dos seus próximos aparecem a gritar que se trata de uma campanha intolerável. Noutros tempos foram estes mesmos argumentos que serviram de base para se iniciarem ataques à liberdade de imprensa. Ninguém imagina que um político ambicioso chegue a Primeiro Ministro sendo um anjo e um exemplo de virtudes e boas maneiras – o problema está quando os próprios se convencem da sua santidade e intocabilidade.
O MUNDO AO CONTRÁRIO – Alguma coisa vai mal num partido em que a primeira figura se limita à retórica e em que o líder parlamentar anuncia que se vai pôr a viajar pelo país fora em autêntica pré-campanha.
LER – O scriptorium era uma pequena sala dos mosteiros medievais onde os monges copistas escreviam os seus manuscritos. Para o seu novo livro, o romancista norte-americano Paul Auster pegou no termo e fez dele o centro de uma história quase surreal, mas cativante da primeira à última linha. «Viagens no Scriptorium» (edição ASA), explora as palavras, trabalha a passagem do tempo, o efeito da memória e o mistério do pensamento. Não é por acaso que esta é das mais elogiadas obras de Paul Auster.
IR – O concerto do quarteto do trompetista polaco Tomasz Stanko promete ser um bom momento do jazz ao vivo. Baseada no repertório do seu último disco, «Lontano», a actuação terá lugar na próxima quarta-feira dia 20, pelas 21h30, no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa. A revista norte-americana «Down Beat» considerou «Lontano» como um dos dez melhores discos do ano passado e o seu autor como um dos melhores trompetistas contemporâneos.
OUVIR – Os primeiros minutos do disco são surpresa no seu melhor: emoção pura, espanto pela força e clareza da voz.. Ao terceiro álbum a cantora negra norte-americana Liz Wright fez um trabalho verdadeiramente surpreendente que combina uma maioria de bons originais com algumas versões, entre as quais «I Idolize You» de Ike e Tina Turner e e «Thank You» dos Led Zeppelin. Arrebatador e inesperado «The Orchard» é um disco que merece ser descoberto. CD Verve/ Universal.
VER – Até 2 de Março ainda se pode ver, no Museu da Electricidade, em Lisboa a exposição «100 Fotos, Obras, Anos de Oscar Niemeyer » da autoria do arquitecto e fotógrafo Leonardo Finotti. Neste sábado, amanhã, dia 16, os arquitectos
Ricardo Carvalho e Ricardo Bak Gordon fazem uma visita guiada e comentada à exposição, a partir das 16h30.
PERGUNTANDO… Esta semana, num restaurante popular de Lisboa, daqueles onde ainda se comem petiscos, ouvi um arrebatado rapaz a explicar à sua encantada conviva estrangeira as qualidades da comida portuguesa e os perigos que a ASAE traz ao país. Face à incredulidade da rapariga, surgiu da boca do rapaz a inevitável e marcante pergunta: «You don’t know what ASAE is?». Se o Nunes sabe, a rapariga vai para um campo de reeducação.
PETISCAR – O «Tempero de Minas» é um simpático restaurante na esquina da Luís Bívar com a Pinheiro Chagas, ao Saldanha, em Lisboa. Ao almoço há buffet inspirado nos petiscos do estado brasileiro de Minas Gerais, à noite pode escolher de uma bem fornecida lista. Em qualquer dos casos não perca as entradas e os doces. E deixe a dieta para outro dia. Telefone 213555038, www.temperodeminas.com.
BACK TO BASICS – Se não existissem injustiças, ninguém saberia o que é de facto a justiça – Heraclitus.
Labels: ensino artístico, justiça
UM OUTRO CANAL
Publicado na Revista «Atlântico» de Fevereiro de 2008
A história mais recente da evolução dos media mostra uma coisa muito interessante - coexistem duas tendências de certa forma antagónicas. Por um lado fortalecem-se os suportes generalistas mais agressivos, que se assumem como pólos globalizantes nos respectivos mercados, e, em simultâneo, começam-se a afirmar os veículos de informação e comunicação muito segmentados, dirigidos a públicos especiais.
Em Portugal continua a existir ainda medo pelo surgimento de novos suportes, pela proliferação de títulos. O reduzido crescimento do investimento publicitário nos últimos anos é argumento usado pelos suportes existentes para contrariar o inevitável alargamento do mercado. A questão, no entanto, não é essa. O verdadeiro problema, para os actuais grandes grupos de media, é como conseguirem manter a captação de investimento publicitário quando é certa a tendência para a procura de novos meios, novos suportes, que possibilitem uma afinidade e uma proximidade cada vez maior com os consumidores. E, quanto mais generalistas esse grupos procurarem ser, menos conseguirão captar os segmentos onde estarão os consumidores com maior poder de compra.
O rápido crescimento da internet – que dentro de alguns anos igualará a televisão na captação de publicidade nalguns mercados mais desenvolvidos, devia dar que pensar.
Na realidade é inevitável a convergência entre a televisão, tal como hoje a conhecemos, e a internet, num futuro que já não está assim tão distante.
Isto coloca aos operadores de televisão com maior experiência e capacidade um dilema: como conciliar a existência de canais generalistas fortes e com audiência massificada mas pouco qualificada, com a criação de novos canais, com outros conteúdos, eventualmente exportáveis para outras plataformas, que toquem os segmentos de publico que fogem dos canais tradicionais e que possibilitem captar investimentos publicitários que já não querem hoje em dia os canais generalistas de sinal aberto?
A resposta, no caso português, para já, pode estar no cabo. Tal como noutros mercados, será que aqui iremos assistir à criação de novos canais (ou à transformação dos existentes), por forma a captar o interesse dos consumidores com poder de compra, urbanos, profissionalmente activos? A SIC, que deu os primeiros passos na segmentação de canais há uns anos, tem hoje a esse nível uma oferta mal definida e provavelmente desajustada da realidade do mercado – e a existência de um novo canal de informação, da TVI, no final do ano, irá baralhar o jogo. E com uma SIC generalista agora tonificada, com Nuno Santos a disputar audiências com a TVI, fará ou não sentido alterar a definição dos canais de cabo existentes, criando um canal português assumidamente elitista, não exclusivamente noticioso, focado na realidade nacional mas cosmopolita, que seja veículo para os anunciantes que procuram outros públicos? Ou deixa-se esse mercado apenas para os canais internacionais de séries?
PENSAMENTOS OCIOSOS I
O Presidente francês Nicolas Sarkozy está a trabalhar no sentido de retirar completamente a publicidade dos canais de televisão do serviço público em França. O objectivo, relata a imprensa especializada, é promover uma programação de alta qualidade e, ao mesmo tempo, aumentar a produção local. A medida visa por um lado libertar o serviço público dos constrangimentos comerciais e, por outro, libertar uma fatia do mercado publicitário para fortalecer os operadores privados. Quererá Sócrates seguir o seu exemplo?
Recorda-se que em Portugal o Governo colecta uma percentagem do consumo da electricidade que se destina a pagar parte dos custos do serviço público de rádio e de televisão. Em França, Sarkozy, está a estudar o lançamento de uma taxa a pagar pelos operadores de telemóveis e Internet exactamente com o mesmo objectivo.
Até que ponto gosta Sócrates de Sarkozy?
PENSAMENTOS OCIOSOS II
Nos Estados Unidos a televisão de alta definição (TVHD) está muito mais implantada do que na Europa e isto deve-se, em primeiro lugar, ao facto de os norte-americanos terem optado pela distribuição das emissões de HD através do cabo, aproveitando a facilidade com que neste meio se obtém uma maior largura de banda. A mais recente cobertura do maior espectáculo desportivo do ano nos Estados Unidos, a Super Bowl, foi um festival: 47 câmaras simultâneas de alta definição mostraram todos os ângulos possíveis do jogo e da actuação, de meia hora, de Prince, que antecedeu a competição. Na Europa o território onde a TVHD está mais desenvolvida é na Grã Bretanha, em parte graças à rede de satélite da Sky – que usa muito a HD na Sky Sports.
Ora isto devia dar que pensar aos nossos queridos governantes: porquê reservar largura de banda na televisão digital terrestre para a alta definição se tudo indica que no futuro o seu melhor meio de distribuição está num dos sistemas de cabo ou de satélite? Claro que isto deixa outra questão em aberto – que fazer com as frequências que ficam libertas. Talvez mais canais…Dor de cabeça à vista, portanto.
Publicado na Revista «Atlântico» de Fevereiro de 2008
A história mais recente da evolução dos media mostra uma coisa muito interessante - coexistem duas tendências de certa forma antagónicas. Por um lado fortalecem-se os suportes generalistas mais agressivos, que se assumem como pólos globalizantes nos respectivos mercados, e, em simultâneo, começam-se a afirmar os veículos de informação e comunicação muito segmentados, dirigidos a públicos especiais.
Em Portugal continua a existir ainda medo pelo surgimento de novos suportes, pela proliferação de títulos. O reduzido crescimento do investimento publicitário nos últimos anos é argumento usado pelos suportes existentes para contrariar o inevitável alargamento do mercado. A questão, no entanto, não é essa. O verdadeiro problema, para os actuais grandes grupos de media, é como conseguirem manter a captação de investimento publicitário quando é certa a tendência para a procura de novos meios, novos suportes, que possibilitem uma afinidade e uma proximidade cada vez maior com os consumidores. E, quanto mais generalistas esse grupos procurarem ser, menos conseguirão captar os segmentos onde estarão os consumidores com maior poder de compra.
O rápido crescimento da internet – que dentro de alguns anos igualará a televisão na captação de publicidade nalguns mercados mais desenvolvidos, devia dar que pensar.
Na realidade é inevitável a convergência entre a televisão, tal como hoje a conhecemos, e a internet, num futuro que já não está assim tão distante.
Isto coloca aos operadores de televisão com maior experiência e capacidade um dilema: como conciliar a existência de canais generalistas fortes e com audiência massificada mas pouco qualificada, com a criação de novos canais, com outros conteúdos, eventualmente exportáveis para outras plataformas, que toquem os segmentos de publico que fogem dos canais tradicionais e que possibilitem captar investimentos publicitários que já não querem hoje em dia os canais generalistas de sinal aberto?
A resposta, no caso português, para já, pode estar no cabo. Tal como noutros mercados, será que aqui iremos assistir à criação de novos canais (ou à transformação dos existentes), por forma a captar o interesse dos consumidores com poder de compra, urbanos, profissionalmente activos? A SIC, que deu os primeiros passos na segmentação de canais há uns anos, tem hoje a esse nível uma oferta mal definida e provavelmente desajustada da realidade do mercado – e a existência de um novo canal de informação, da TVI, no final do ano, irá baralhar o jogo. E com uma SIC generalista agora tonificada, com Nuno Santos a disputar audiências com a TVI, fará ou não sentido alterar a definição dos canais de cabo existentes, criando um canal português assumidamente elitista, não exclusivamente noticioso, focado na realidade nacional mas cosmopolita, que seja veículo para os anunciantes que procuram outros públicos? Ou deixa-se esse mercado apenas para os canais internacionais de séries?
PENSAMENTOS OCIOSOS I
O Presidente francês Nicolas Sarkozy está a trabalhar no sentido de retirar completamente a publicidade dos canais de televisão do serviço público em França. O objectivo, relata a imprensa especializada, é promover uma programação de alta qualidade e, ao mesmo tempo, aumentar a produção local. A medida visa por um lado libertar o serviço público dos constrangimentos comerciais e, por outro, libertar uma fatia do mercado publicitário para fortalecer os operadores privados. Quererá Sócrates seguir o seu exemplo?
Recorda-se que em Portugal o Governo colecta uma percentagem do consumo da electricidade que se destina a pagar parte dos custos do serviço público de rádio e de televisão. Em França, Sarkozy, está a estudar o lançamento de uma taxa a pagar pelos operadores de telemóveis e Internet exactamente com o mesmo objectivo.
Até que ponto gosta Sócrates de Sarkozy?
PENSAMENTOS OCIOSOS II
Nos Estados Unidos a televisão de alta definição (TVHD) está muito mais implantada do que na Europa e isto deve-se, em primeiro lugar, ao facto de os norte-americanos terem optado pela distribuição das emissões de HD através do cabo, aproveitando a facilidade com que neste meio se obtém uma maior largura de banda. A mais recente cobertura do maior espectáculo desportivo do ano nos Estados Unidos, a Super Bowl, foi um festival: 47 câmaras simultâneas de alta definição mostraram todos os ângulos possíveis do jogo e da actuação, de meia hora, de Prince, que antecedeu a competição. Na Europa o território onde a TVHD está mais desenvolvida é na Grã Bretanha, em parte graças à rede de satélite da Sky – que usa muito a HD na Sky Sports.
Ora isto devia dar que pensar aos nossos queridos governantes: porquê reservar largura de banda na televisão digital terrestre para a alta definição se tudo indica que no futuro o seu melhor meio de distribuição está num dos sistemas de cabo ou de satélite? Claro que isto deixa outra questão em aberto – que fazer com as frequências que ficam libertas. Talvez mais canais…Dor de cabeça à vista, portanto.
Labels: novo canal, serviço público, televisão
February 14, 2008
IMAGENS INCÓMODAS
(Publicado no diário «Meia Hora» de dia 13 de Fevereiro)
Os incidentes da semana passada na escadaria do Grémio Lisbonense podiam ter ficado praticamente ignorados, não fora o facto de uma estação de televisão ter divulgado imagens que mostraram a brutalidade dos polícias envolvidos. Nas imagens era bem visível o descontrolo desses agentes, era patente a sua raiva, traduzida em bastonadas indiscriminadas, nem eles próprios sabiam bem em quem.
Na origem da divulgação das imagens está a TV NET, uma estação de televisão que emite na Internet (www.tvnet.pt) há cerca de um ano, e que tem vindo a fazer um esforço notável de cobertura noticiosa e, sobretudo, no estabelecimento de uma relação de grande interactividade com os seus espectadores, que enviam imagens obtidas via telemóvel ou com pequenas câmaras de vídeo.
No dia dos incidentes um porta-voz da polícia dizia que os agentes teriam utilizado os meios proporcionais e necessários face à situação. Ora as imagens mostram precisamente o contrário: um abuso de meios, a completa desproporção da reacção policial e sobretudo a falta de capacidade dos agentes para manterem o controlo da situação. Além disso os agentes actuaram de forma ilegal quando agrediram um repórter fotográfico, em serviço e identificado, da agência Lusa.
A agressão ao repórter fotográfico tinha um objectivo claro: impedir a captação de imagens. Para mal dos pecados da polícia de insegurança pública, hoje todos podem captar – e difundir – imagens. Foi assim que elas chegaram à TV NET e, depois, a todas as outras estações de televisão.
No meio de tudo isto estranha-se o silêncio de Rui Pereira, o Ministro da Administração Interna. Esperava-se que face às imagens abrisse inquérito, promovesse exames psicológicos aos agentes que mostravam raiva e descontrolo, aproveitasse o caso para educar a polícia no respeito pelos cidadãos e pela informação, punisse o porta voz mentiroso. Nada disso. Mas, curiosamente um porta-voz da Câmara Municipal de Lisboa fez questão de se demarcar da forma de intervenção policial – e por acaso António Costa era o anterior Ministro da Administração Interna. Já me esquecia: esta simples carga de bastonada ocorreu no mesmo dia em que Sócrates apresentou mais 180 medidas do simplex…
(Publicado no diário «Meia Hora» de dia 13 de Fevereiro)
Os incidentes da semana passada na escadaria do Grémio Lisbonense podiam ter ficado praticamente ignorados, não fora o facto de uma estação de televisão ter divulgado imagens que mostraram a brutalidade dos polícias envolvidos. Nas imagens era bem visível o descontrolo desses agentes, era patente a sua raiva, traduzida em bastonadas indiscriminadas, nem eles próprios sabiam bem em quem.
Na origem da divulgação das imagens está a TV NET, uma estação de televisão que emite na Internet (www.tvnet.pt) há cerca de um ano, e que tem vindo a fazer um esforço notável de cobertura noticiosa e, sobretudo, no estabelecimento de uma relação de grande interactividade com os seus espectadores, que enviam imagens obtidas via telemóvel ou com pequenas câmaras de vídeo.
No dia dos incidentes um porta-voz da polícia dizia que os agentes teriam utilizado os meios proporcionais e necessários face à situação. Ora as imagens mostram precisamente o contrário: um abuso de meios, a completa desproporção da reacção policial e sobretudo a falta de capacidade dos agentes para manterem o controlo da situação. Além disso os agentes actuaram de forma ilegal quando agrediram um repórter fotográfico, em serviço e identificado, da agência Lusa.
A agressão ao repórter fotográfico tinha um objectivo claro: impedir a captação de imagens. Para mal dos pecados da polícia de insegurança pública, hoje todos podem captar – e difundir – imagens. Foi assim que elas chegaram à TV NET e, depois, a todas as outras estações de televisão.
No meio de tudo isto estranha-se o silêncio de Rui Pereira, o Ministro da Administração Interna. Esperava-se que face às imagens abrisse inquérito, promovesse exames psicológicos aos agentes que mostravam raiva e descontrolo, aproveitasse o caso para educar a polícia no respeito pelos cidadãos e pela informação, punisse o porta voz mentiroso. Nada disso. Mas, curiosamente um porta-voz da Câmara Municipal de Lisboa fez questão de se demarcar da forma de intervenção policial – e por acaso António Costa era o anterior Ministro da Administração Interna. Já me esquecia: esta simples carga de bastonada ocorreu no mesmo dia em que Sócrates apresentou mais 180 medidas do simplex…
February 12, 2008
BOM – A persistente atitude do CDS no Parlamento, a marcar a agenda, a obrigar à presença de quem o PS procura evitar que se explique perante os deputados. Praticamente a única oposição visível.
MAU – A machadada no ensino artístico que a actual Ministra da Educação pretende fazer no âmbito da reestruturação do sistema educativo português. Uma das faces já visíveis é o fim do ensino especializado da música.
O MUNDO AO CONTRÁRIO – Um agente da PSP, do Porto, fazia horas extraordinárias como segurança numa casa dedicada à prostituição. Depois admiram-se que a polícia crie desconfianças nos cidadãos…
PESADELO – A proliferação recente de «lounges», na generalidade sem pinta de graça, a maior parte com música fracota demasiado alta, e as mais das vezes muito fracos – mas mesmo muito – do ponto de vista do serviço e do ponto de vista da qualidade da comida servida. Não basta um arquitecto copista, uma imitação de DJ, umas roupas engraçadas e um ar antipático para fazer um local de atendimento público. Toda esta gente que anda a copiar «lounges» deveria estagiar um ano a lavar pratos em Nova Iorque para perceber como o sorriso, a simpatia e a qualidade do serviço são a única possibilidade de ter algum sucesso. Os «lounges» de agora são a versão contemporânea dos snack bares de balcão cromado dos anos 70, com a agravante de o serviço ser pior.
DESCOBRIR – O novo blog de Patrícia Reis. Short stories fantásticas, imagens bem escolhidas. A ver em www.vaocombate.blogspot.com.
PETISCAR – Os crackers e biscoitos dos Paladares de S. Sebastião, um misto entre padaria e restaurante a cair para o self service. Nas comidas destaque-surpresa para uma versão portuguesa (na envolvente e no recheio) do strudel – nesta caso um strudel de bacalhau num pão de mistura com o formato da chapata. Rua de São Sebastião da Pedreira 25 A. Não há reservas, senta-se quem chega primeiro. À saída compre um pacote de crackers ou de biscoitos.
VER – Natxo Checa é o curador da exposição «Abissologia» , de João Maria Gusmão e Pedro Paiva,, uma produção da galeria a Zé dos Bois no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, até 7 de Fevereiro.
LER – Neste tempo em que as revistas se segmentam cada vez mais, é curioso seguir a «L’Arte», uma muito bem elaborada revista sobre o mundo das artes plásticas. Polémica, incisiva, bem informada, a «L’Arte» é leitura indispensável para todos quantos gostam de seguir as exposições que as diversas galerias apresentam, de estar a par dos principais leilões e de perceber o valor relativo dos vários artistas no mercado.
OUVIR – Confesso que tenho uma recorrente paixão pela sonoridade de Philip Glass e admito com toda a facilidade que as palavras de Leonard Cohen sempre me emocionaram. Quando estes dois nomes se juntam para fazer música, o resultado merece ser ouvido. Estava algures entre o receio e a curiosidade quando coloquei a tocar «Book Of Longing», o registo de um espectáculo concebido por Glass e Cohen e estreado ao vivo no Festival de Spoleto, nos Estados Unidos. A ideia foi baseada num livro, com o mesmo título, com poemas e desenhos de Leonard Cohen, editado em meados de 2006. Trata-se da primeira recolha de poemas de Cohen em 20 anos, desde que tinha editado «Book Of Silence». Neste «Book Of Longing», Glass teve a ideia de partir das palavras de Cohen para criar uma obra musical, fazendo-se rodear de instrumentistas e cantores de géneros diversos (do rock à música clássica). A apresentação ao vivo, em estreia, ocorreu há cerca de um ano e estreou e no final do ano passado surgiu a edição em disco, acompanhada de um livrinho com os poemas e alguns dos desenhos de Cohen. Ao todo são 22 canções fantásticas - e algumas delas inesperadas. Cohen surge no disco declamando alguns dos seus poemas ou fazendo curtas introduções. Glass, ele próprio, toca teclas. Duplo CD, Edição Omm, comprada na Amazon.
PERGUNTANDO – O que é que Scolari anda a fazer? A tentar ser o seleccionador dos fiascos?
BACK TO BASICS – Estar na política é um pouco como ser treinador de futebol: tem que se ser suficientemente esperto para perceber o jogo e estúpido ao ponto de se achar que é uma actividade importante (Eugene McCarthy)
MAU – A machadada no ensino artístico que a actual Ministra da Educação pretende fazer no âmbito da reestruturação do sistema educativo português. Uma das faces já visíveis é o fim do ensino especializado da música.
O MUNDO AO CONTRÁRIO – Um agente da PSP, do Porto, fazia horas extraordinárias como segurança numa casa dedicada à prostituição. Depois admiram-se que a polícia crie desconfianças nos cidadãos…
PESADELO – A proliferação recente de «lounges», na generalidade sem pinta de graça, a maior parte com música fracota demasiado alta, e as mais das vezes muito fracos – mas mesmo muito – do ponto de vista do serviço e do ponto de vista da qualidade da comida servida. Não basta um arquitecto copista, uma imitação de DJ, umas roupas engraçadas e um ar antipático para fazer um local de atendimento público. Toda esta gente que anda a copiar «lounges» deveria estagiar um ano a lavar pratos em Nova Iorque para perceber como o sorriso, a simpatia e a qualidade do serviço são a única possibilidade de ter algum sucesso. Os «lounges» de agora são a versão contemporânea dos snack bares de balcão cromado dos anos 70, com a agravante de o serviço ser pior.
DESCOBRIR – O novo blog de Patrícia Reis. Short stories fantásticas, imagens bem escolhidas. A ver em www.vaocombate.blogspot.com.
PETISCAR – Os crackers e biscoitos dos Paladares de S. Sebastião, um misto entre padaria e restaurante a cair para o self service. Nas comidas destaque-surpresa para uma versão portuguesa (na envolvente e no recheio) do strudel – nesta caso um strudel de bacalhau num pão de mistura com o formato da chapata. Rua de São Sebastião da Pedreira 25 A. Não há reservas, senta-se quem chega primeiro. À saída compre um pacote de crackers ou de biscoitos.
VER – Natxo Checa é o curador da exposição «Abissologia» , de João Maria Gusmão e Pedro Paiva,, uma produção da galeria a Zé dos Bois no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, até 7 de Fevereiro.
LER – Neste tempo em que as revistas se segmentam cada vez mais, é curioso seguir a «L’Arte», uma muito bem elaborada revista sobre o mundo das artes plásticas. Polémica, incisiva, bem informada, a «L’Arte» é leitura indispensável para todos quantos gostam de seguir as exposições que as diversas galerias apresentam, de estar a par dos principais leilões e de perceber o valor relativo dos vários artistas no mercado.
OUVIR – Confesso que tenho uma recorrente paixão pela sonoridade de Philip Glass e admito com toda a facilidade que as palavras de Leonard Cohen sempre me emocionaram. Quando estes dois nomes se juntam para fazer música, o resultado merece ser ouvido. Estava algures entre o receio e a curiosidade quando coloquei a tocar «Book Of Longing», o registo de um espectáculo concebido por Glass e Cohen e estreado ao vivo no Festival de Spoleto, nos Estados Unidos. A ideia foi baseada num livro, com o mesmo título, com poemas e desenhos de Leonard Cohen, editado em meados de 2006. Trata-se da primeira recolha de poemas de Cohen em 20 anos, desde que tinha editado «Book Of Silence». Neste «Book Of Longing», Glass teve a ideia de partir das palavras de Cohen para criar uma obra musical, fazendo-se rodear de instrumentistas e cantores de géneros diversos (do rock à música clássica). A apresentação ao vivo, em estreia, ocorreu há cerca de um ano e estreou e no final do ano passado surgiu a edição em disco, acompanhada de um livrinho com os poemas e alguns dos desenhos de Cohen. Ao todo são 22 canções fantásticas - e algumas delas inesperadas. Cohen surge no disco declamando alguns dos seus poemas ou fazendo curtas introduções. Glass, ele próprio, toca teclas. Duplo CD, Edição Omm, comprada na Amazon.
PERGUNTANDO – O que é que Scolari anda a fazer? A tentar ser o seleccionador dos fiascos?
BACK TO BASICS – Estar na política é um pouco como ser treinador de futebol: tem que se ser suficientemente esperto para perceber o jogo e estúpido ao ponto de se achar que é uma actividade importante (Eugene McCarthy)