March 26, 2006

NADA A DIZER


O PSD parece que realizou um Congresso. Estive a almoçar com alguns militantes, destacados, que não puseram lá os pés. Estive a falar com mais uns tantos que nem puseram a hipótese de participar no conclave. Escrevo estas linhas na terça-feira à tarde e a verdade é que tudo corre como se nada se tivesse passado. De duas outras reuniões de fim-de-semana – a Assembleia do Sporting e a da Direcção do PP ouve-se falar bastante. Há ecos. Assuntos por resolver. Parece existir algum movimento.

Por mérito de Sócrates e demérito de Marques Mendes o PS ocupou todo o espaço de centro-direita e esvaziou completamente o PSD. O pragmatismo eficaz de José Sócrates chama um doce à inexistência de estratégia e de táctica do PSD. Nas últimas semanas a única oposição ao Governo veio dos agricultores, revoltados com um Ministro que está apostado em transformar o país num deserto.

Do PSD nada se ouve. Nada dá que falar. A presente direcção social-democrata conseguiu instalar a desmobilização total. Apática na sua acção política, tornou-se paralizante na actividade interna. A prova ficou dada no fim-de-semana passado.

O PSD perdeu vozes na sociedade, não pensa, não analisa, não procura formas de apresentar melhores propostas políticas, não investe numa definição ideológica que lhe dê rumo e alento. Assim, como está, o PSD é semelhante ao PS, mas mais anémico – e não é só a diferença entre o laranja e o vermelho.
Marques Mendes investiu na sua sobrevivência, criou condições para se manter mais tempo no fraco poder de líder de uma oposição que não se sente. Mas torna-se cada vez mais evidente que a sobrevivência de Marques Mendes é directamente proporcional à decadência do PSD.