January 10, 2005

BATUQUE - A peregrina ideia do pacto de regime dada como prenda de fim de ano pelo Presidente da República foi alvo da chacota generalizada de economistas e de sábios do regime. Alguma coisa se passa na cabeça de quem dissolveu um parlamento onde existia uma maioria e vem agora apelar a pactos. Sou eu que estou a pensar mal ou isto anda tudo sem nexo?

FUTEBOL – Se provas faltassem, esta semana a evidência confirmou-se: meter pessoal do futebol na política dá mau resultado, ainda para mais sabendo-se como o mundo da bola tem, digamos, má reputação. A causa primeira do problema em torno de Pôncio Monteiro foi a sua escolha. Pôr políticos a jogar futebol não deve dar pontos na Liga. Pôr o pessoal da bola na política garantidamente provoca mais problemas que os votos que podem trazer.

RUPTURA – Dizem-me existir ruptura nas farmácias de pastilhas rennies, kompensans e quejandos: é que, no processo de formação de listas de candidatos dos partidos, foram tantos os que tiveram que engolir grandes sapos que se tornaram mesmo necessárias fortes ajudas para a digestão. Eu próprio esgotei o meu stock doméstico quando vi que ao cançonetista Nuno da Câmara Pereira estava prometido um lugar elegível.

CAVAQUINHO – Para quem não estava na política activa, Cavaco Silva resolveu fazer um regresso em força numa atitude que deixo aos psicanalistas o favor de analisarem. Por este andar qualquer dia dá indicações para que nas suas biografias não se refira que foi Primeiro Ministro pelo PSD. Curioso que desta vez não alimentou nenhum tabu. Foi direito ao assunto. Estranhos tempos estes.

CULTURA – Onde está? Num momento de crise de identidade e de pessimismo, exactamente quando era mais precisa, por onde anda? - Desapareceu do vocabulário político. À medida que entram futebolistas, estrelas de telenovela e de reality shows o resto desaparece. Ninguém fala da necessidade de proteger a música portuguesa, ninguém fala da importância da criatividade na afirmação da identidade nacional, deixou de se pensar a arte e a cultura como parte de uma estratégia de afirmação e visibilidade, capaz de impulsionar outras áreas. Agora, quanto muito, usa-se a cultura como um berloque de moda, passeia-se uma rapaziada nos comícios e dá-se o assunto por arrumado.

LUTA – Todas as gerações têm a sua luta – pelos direitos humanos, pela paz, contra a fome. A nova luta é pelo direito a sermos informados sem distorções nem manipulações, pelo direito a termos os factos de um lado e as opiniões do outro, pelo direito de deixarem cada um chegar às suas próprias conclusões.

ELECTRICIDADE – Estava no carro de manhã a ouvir rádio e, no meio da publicidade, eis que a EDP aconselha os seus acumuladores de calor e os benefícios da tarifa bi- horária, sempre apregoando que põe o interesse dos clientes acima de tudo. Só gostava de saber porque é que eu fiz tudo aquilo que anunciam e agora não tenho energia eléctrica em condições para que as coisas funcionem. Esta semana a EDP fez grande alarido com as melhorias que a imagem das novas lojas iriam introduzir no serviço aos clientes. E que tal se respondessem às sucessivas reclamações e resolvessem as suas causas em vez de andarem por aí a iludir os incautos?

BACK TO BASICS – Quando os círculos se estreitam criam-se seitas fanáticas. As seitas fanáticas impedem de pensar.

PERGUNTA DA SEMANA – E o que acontece às figuras em lugares no limiar do não elegível se os nomes acima deles forem chamados a outras funções?

SUGESTÃO – O ciclo mensal de concertos no Fórum Roma, «For U Music», que numa sala municipal com óptimas condições acústicas e de conforto apresenta dia 15 de Janeiro os Mão Morta, dia 19 de Fevereiro Jorge Palma, dia 5 de Março Rodrigo Leão e dia 9 de Abril os Rádio Macau. Sempre às 22h00.