ESPECTÁCULO
Por muitas voltas que dê não me consigo convencer com aquilo a que se chama informação espectáculo. Tivemos uma overdose dessa brincadeira na passada quarta-feira: uma estava orquestrada e tinha a ver com o jogo do Porto contra o Corunha; a outra foi fruto das circunstãncias e girou à volta da situação de Carlos Cruz. Em ambos os casos exagerou-se para além do suportável. Os repórteres (será bem aplicado este nome?) que estão nestes locais em directo fazem perguntas que, na maioria dos casos, são um manual de asneira. Que interesse tem o percurso da auto-estrada Lisboa-Cascais atrás do carro do advogado de Carlos Cruz? Qual o sentido de entrevistas de rua a perguntar aos adeptos do Corunha qual o resultado que querem?
Quem tivesse de assistir à maioria da informação de quarta-feira passada achava que o mundo se reduzia à situação prisional de Carlos Cruz e ao Futebol. A importante visita de Zapatero a Lisboa foi apagada, os acontecimentos internacionais desapareceram, deixou de se falar dos maus tratos a prisioneiros no Iraque. A leitura dos jornais de quinta-feira de manhã faz um contraste gigantesco com o que a maioria dos telejornais de véspera passaram. Assim a televisão não serve para informar, apenas para deformar a realidade.
OPORTUNIDADE
Algumas peças de faiança feitas a propósito do próximo casamento real em Espanha foram imaginadas e fabricadas por uma empresa portuguesa. Os responsáveis pela real boda escolheram-na pela qualidade da concepção e do fabrico e estão bastante contentes com a escolha que fizeram. Agora imaginem por um instante que se passava o contrário, que era um acontecimento oficial português que se abastecia em Espanha. Não haviam de faltar por aí herdeiros da Padeira de Aljubarrota a gritar contra a invasão, a alertar para os perigos da penetração económica espanhola em Portugal e a denunciar falta de aposta na indústria nacional. Acho que não estou a exagerar: há quem pense que é com a indignação hipócrita que se resolve este problema, em vez de pegar neste exemplo, no das empresas de moldes plásticos ou da GALP para mostrar como se pode expandir para mercados externos.
PRÉMIOS
A revista «Wired» divulgou as suas nomeações anuais em diversas áreas e alguns nomes pouco conhecidos convivem com celebridades. Exemplos: no cinema a escolha foi para Peter Jackson, o neo-zelandês responsável pelos efeitos especiais de «O Senhor dos Anéis»; o prémio «Renegado do Ano» foi para Steve Jobs, o CEO da Apple e da Pixar, por estar a alterar a forma como a era do entretenimento digital se desenvolverá; na literatura a escohida foi Rebecca Solnit pelo livro «River Of Shadows» que conta a evolução da ciência e das descobertas no século XX: na arte o nomeado foi o ex-Talking Head David Byrne pela sua utilização do software Power Point na criação de obras de artes plásticas; na política os destaques foram para Joe Trippi e Scott Heiferman, que na campanha de Howard Dean alteraram a forma de utilizar a internet para organizar campanhas e recolher fundos; na música a «Wired» destacou uma banda, os Flaming Lips pelo seu contributo par alterar a forma como a música chega ao público e suporte gravado, nomeadamente com o álbum «Yoshimi Battles the Pink Robots 5.1»; na televisão o escolhido foi Mike Lazzo, o criador de um slot de animação para adultos na cartoon Network, exibido nos Estados Unidos sob a designação «adult Swim» e que se tornou no programa mais visto no cabo por telespectadores entre os 18 e 34 anos.
DIF
Intitula-se «revista de tendências e guia cultural gratuto». A edição de Abril deste ano é a número 17. Não tenho a menor hesitação em dizer que, graficamente, é a melhor publicação portuguesa actual. A meio caminho entre um catálogo de novidades de marcas e uma informação cuidada sobre áreas como o design, a música e a moda, a DIF (que pode ser encontrada em locais seleccionados) fala constantemente da actividade dos novos criadores portugueses (por exemplo mostra e primeira mão a futura decoração do Lux), tem páginas de publicidade deliciosas, mas tem também boas ideias editorias, como o especial sobre jogos electrónicos da edição de Abril. Um guia-roteiro cuidado e legível e boas páginas de arquitectura, cinema, música e produções de moda fazem da DIF uma revista mesmo diferente – ainda por cima com uma qualidade de impressão invulgar. Podem descobrir mais um pouco em www.difmag.com .
Por muitas voltas que dê não me consigo convencer com aquilo a que se chama informação espectáculo. Tivemos uma overdose dessa brincadeira na passada quarta-feira: uma estava orquestrada e tinha a ver com o jogo do Porto contra o Corunha; a outra foi fruto das circunstãncias e girou à volta da situação de Carlos Cruz. Em ambos os casos exagerou-se para além do suportável. Os repórteres (será bem aplicado este nome?) que estão nestes locais em directo fazem perguntas que, na maioria dos casos, são um manual de asneira. Que interesse tem o percurso da auto-estrada Lisboa-Cascais atrás do carro do advogado de Carlos Cruz? Qual o sentido de entrevistas de rua a perguntar aos adeptos do Corunha qual o resultado que querem?
Quem tivesse de assistir à maioria da informação de quarta-feira passada achava que o mundo se reduzia à situação prisional de Carlos Cruz e ao Futebol. A importante visita de Zapatero a Lisboa foi apagada, os acontecimentos internacionais desapareceram, deixou de se falar dos maus tratos a prisioneiros no Iraque. A leitura dos jornais de quinta-feira de manhã faz um contraste gigantesco com o que a maioria dos telejornais de véspera passaram. Assim a televisão não serve para informar, apenas para deformar a realidade.
OPORTUNIDADE
Algumas peças de faiança feitas a propósito do próximo casamento real em Espanha foram imaginadas e fabricadas por uma empresa portuguesa. Os responsáveis pela real boda escolheram-na pela qualidade da concepção e do fabrico e estão bastante contentes com a escolha que fizeram. Agora imaginem por um instante que se passava o contrário, que era um acontecimento oficial português que se abastecia em Espanha. Não haviam de faltar por aí herdeiros da Padeira de Aljubarrota a gritar contra a invasão, a alertar para os perigos da penetração económica espanhola em Portugal e a denunciar falta de aposta na indústria nacional. Acho que não estou a exagerar: há quem pense que é com a indignação hipócrita que se resolve este problema, em vez de pegar neste exemplo, no das empresas de moldes plásticos ou da GALP para mostrar como se pode expandir para mercados externos.
PRÉMIOS
A revista «Wired» divulgou as suas nomeações anuais em diversas áreas e alguns nomes pouco conhecidos convivem com celebridades. Exemplos: no cinema a escolha foi para Peter Jackson, o neo-zelandês responsável pelos efeitos especiais de «O Senhor dos Anéis»; o prémio «Renegado do Ano» foi para Steve Jobs, o CEO da Apple e da Pixar, por estar a alterar a forma como a era do entretenimento digital se desenvolverá; na literatura a escohida foi Rebecca Solnit pelo livro «River Of Shadows» que conta a evolução da ciência e das descobertas no século XX: na arte o nomeado foi o ex-Talking Head David Byrne pela sua utilização do software Power Point na criação de obras de artes plásticas; na política os destaques foram para Joe Trippi e Scott Heiferman, que na campanha de Howard Dean alteraram a forma de utilizar a internet para organizar campanhas e recolher fundos; na música a «Wired» destacou uma banda, os Flaming Lips pelo seu contributo par alterar a forma como a música chega ao público e suporte gravado, nomeadamente com o álbum «Yoshimi Battles the Pink Robots 5.1»; na televisão o escolhido foi Mike Lazzo, o criador de um slot de animação para adultos na cartoon Network, exibido nos Estados Unidos sob a designação «adult Swim» e que se tornou no programa mais visto no cabo por telespectadores entre os 18 e 34 anos.
DIF
Intitula-se «revista de tendências e guia cultural gratuto». A edição de Abril deste ano é a número 17. Não tenho a menor hesitação em dizer que, graficamente, é a melhor publicação portuguesa actual. A meio caminho entre um catálogo de novidades de marcas e uma informação cuidada sobre áreas como o design, a música e a moda, a DIF (que pode ser encontrada em locais seleccionados) fala constantemente da actividade dos novos criadores portugueses (por exemplo mostra e primeira mão a futura decoração do Lux), tem páginas de publicidade deliciosas, mas tem também boas ideias editorias, como o especial sobre jogos electrónicos da edição de Abril. Um guia-roteiro cuidado e legível e boas páginas de arquitectura, cinema, música e produções de moda fazem da DIF uma revista mesmo diferente – ainda por cima com uma qualidade de impressão invulgar. Podem descobrir mais um pouco em www.difmag.com .
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