July 03, 2006

CURIOSO – No Canadá, o Governo Federal impõe desde 2003 uma legislação que obriga a que organismos públicos, entidades de capital público e concessionários de serviço público só possam recorrer a fornecedores na área da publicidade desde que o seu capital social seja detido, pelo menos a 80 por cento, por canadianos. Isto aplica-se a todas as áreas, desde a criatividade, passando pelo planeamento, até à compra de media. Desta forma a actividade das multinacionais do sector, que tradicionalmente esmagam as empresas locais e dificultam o seu desenvolvimento, fica fortemente condicionada. É engraçado ver o que se passa em Portugal e comparar – por aqui a mentalidade e a prática é exactamente a contrária, a começar pelos detentores de concessões de serviço público, que objectivamente dão mais vantagens aos grandes grupos multinacionais do sector que às empresas locais. Aqui está um tema para um dia destes aprofundar.

AGENDA – O mais antigo festival de Jazz que se realiza em Portugal, herdeiro directo do Cascais Jazz, regressa já a partir de dia 7 de Julho e prolonga-se até dia 16. O cartaz da edição deste ano do Estoril Jazz é tentador e inclui nomes como Tim Hagans, Dena de Rose, Pat Martino e Kenny Barron entre outros. Como sempre o Festival decorre no Parque Palmela e é dirigido por Duarte Mendonça, há mais de 30 anos a jazzar por aí.

OUVIR – Arturo Benedetti Michelangeli foi um dos grandes maestros e pianistas do século XX. Discreto, vivendo quase em reclusão, com contínuos problemas de saúde, o seu nome nunca foi muito popular, mas a sua técnica e a força das suas interpretações criaram uma lenda, um culto de fiéis. Isso explica talvez porque há relativamente poucas edições suas, desde que morreu em 1995. Mão muito amiga trouxe-me um miminho de recente viagem: um disco feito de gravações de emissões radiofónicas de um concerto para piano de Mozart (gravado em Estugarda em 1967) e da sonata no.3 de Beethoven, gravada na Sala Pleyel, em Paris, em 1975. É uma memória fortíssima de um talento que merece ser descoberto. CD Music & Arts.

VER – Quadros intensos que exploram o cruzamento entre a emoção e o impacto da cor com a obsessão geométrica do detalhe compõem a exposição «Grafos III», do catalão Eduard Arbós. Nas salas da galeria descobrem-se evocações de arquitectura e de desenho industrial, que desordenam a simplicidade original da cor e a transportam a outra dimensão. É das mais perturbantes –e marcantes- exposições que vi este ano. Galeria VPFCREAM Arte, Rua da Boavista 84, 2º, Lisboa. Até 9 de Setembro.

PROVAR – Petiscos variados num restaurante que herda a tradição de um dos bons locais de Campo de Ourique, o velho Tico Tico, que ficava precisamente na Rua de Campo de Ourique. A mesma cozinha é proposta desde há algum tempo no Cataplana & Companhia. Destaque para os mariscos e o peixe e para a qualidade das carnes. Uma solução para os jantares de Domingo, onde quase tudo o que vale a pena está fechado. Este é um porto seguro. Rua Ferreira Borges 193-A, Tel. 213 865 269.

LER – Na edição desta semana da «Newsweek», o artigo dedicado ao que a revista considera as «hottest cities» contemporâneas. A saber: Las Vegas nos Estados Unidos, Fukuoka no Japão, Munique na Alemanha, Londres no Reino Unido, Toulouse em França, Nanchang na China, Moscovo na Rússia, Ghaziabad na Índia, Goyang na Coreia do Sul, Florianopolis no Brasil. Na mesma edição é absolutamente imperdível o artigo de Richard Florida, já aqui citado nesta coluna várias vezes, sobre «As Novas Megalopolis» e com base nesta ideia: «o nosso enfoque nas grandes cidades tradicionais está errado – o crescimento e a inovação vêm de novos corredores urbanos, complexos cruzamentos de cidades e subúrbios, vastas zonas que são as novas Megalopolis». Bom artigo para esta altura do ano: pode ser uma ideia para viagens que fujam aos rituais das praias e ao frenesim da ponte aérea futebolística.

MODERNICE – O operador digital por satélite britânico Sky lançou um novo serviço que permite aos seus clientes programarem por telemóvel as caixas descodificadoras Sky Plus.

BACK TO BASICS – O problema com as anedotas políticas é que frequentemente acabam por ser eleitos. (Henry Cate).