November 13, 2005

A SEMANA DA PRISA

MUDANÇA – A paisagem audiovisual ibérica mudou com a entrada em cena de um novo canal aberto, a «Cuatro». Vale a pena espreitar o site www.cuatro.com e explorar as informações, ver o grafismo, dar uma olhadela aos conteúdos on line (que incluem alguns programas). O site é muito bom, a Cuatro quer alcançar um share de 5% até ao fim do ano. Tudo isto, por acaso acontece na mesma semana em que a Prisa, detentora da Cuatro, concluíu em Portugal a compra de uma participação significativa na Media Capital. A Prisa passou assim a ser, a partir desta semana, a empresa com maior peso no audiovisual dos dois países ibéricos, de facto controlando duas estações de televisão em sinal aberto, uma em cada um deles, e algumas das mais importantes estações de rádio.

PORTUGAL – No recente Mercado Internacional de Programas de Televisão, que decorreu em Cannes, quase todos os países da União Europeia, incluindo grande parte dos que integraram o mais recente alargamento, estavam representados com stands institucionais. Alguns, como a Espanha, a Irlanda, a Itália, a França, organizaram espaços-umbrella que acolhiam produtores independentes e estações de televisão, e, claro, film commissions. No caso espanhol era o instituto do comércio externo um dos impulsionadores da excelente representação. Portugal continua sem aparecer – nem como produtor, nem como destino de acolhimento de produções – não admira, continuamos sem ter uma Film Commission. Bem pode Pedro Bidarra dizer, com razão, que Portugal devia ser promovido como a California da Europa. O problema é que depois ninguém quer fazer nada por isso. Quase qualquer país dos presentes tinha Film Commissions bem organizadas, com informação sobre vantagens fiscais e outras que permitam atrair investimento. Aqui o ICEP vai fazendo uma Marca Portugal que quase ninguém entende e parece gastar mais energias no mercado interno que no externo. Um bocadinho paradoxal, não é?

É A ECONOMIA – Na próxima quarta feira António Borges e Daniel Bessa são os convidados de mais uma «Noite à Direita – Projecto Liberal», desta vez dedicada à situação económica e inevitavelmente ao Orçamento de Estado. O moderador será Martim Avillez Figueiredo e a bela sala da Sociedade de Geografia, junto ao Coliseu de Lisboa, será o ponto de encontro a partir das 20h30, já jantadinhos se fazem favor. Com participantes destes a discussão promete e a audiência não costuma ser branda nas perguntas e intervenções – como aliás se pretende.

VER –Puxando a brasa à minha sardinha não resisto a recomendar a estreia, hoje, sexta-feira dia 11, pelas 21h00, na 2: de uma série de documentários sobre o quotidiano da vida e da criação artística nos países africanos de expressão portuguesa, Imagináfrica. Hoje o tema é a História da Música Popular de Angola, desde os anos 60 com nomes como Liceu Vieira Dias e os N’Gola Ritmos até aos rappers contemporâneos. A realização é do angolano Jorge António e acreditem que é mesmo um belo documentário.

OUVIR – Acontece-me muito associar discos a momentos e a pessoas. «Let It Die» da canadiana Feist tornou-se num disco muito especial. É certo que a voz quase hipnótica de Feist, a servir poemas invulgarmente ricos, ajuda muito. Delicada e envolvente é irresistível quando canta «it’s the scene you set for new lovers/you play your part painting it a new start». CD Polydor, distribuído pela Universal.

JANTAR – Já aqui falei do Luca, um simpático restaurante italiano no centro de Lisboa. É difícil encontrar uma relação de qualidade-preço tão agradável e com um serviço tão eficaz, como neste local. A comida tem propostas variadas (não exclusivamente italianas), a garrafeira tem boas sugestões a preços razoáveis e o ambiente é descontraído e nada pretencioso. Há poucos dias jantei lá uma excelente sela de borrego com lentilhas e os restantes comensais também gostaram das respectivas escolhas. Para entreter a boca há um bom pão, para molhar em azeite transmontano da melhor qualidade. Nessa noite bebeu-se Chaminé, tinto, e ninguém se arrependeu. Rua de Santa Marta 35, telefone 213 150 212.

BACK TO BASICS – Quem nem o seu próprio partido consegue unir não devia fazer um cartaz a vangloriar-se de ser o melhor para unir os portugueses. Soares, mais uma vez, é só promessas.