October 09, 2005

O ALICERCE

CONSTRUÇÃO – Sabem quem é o alicerce deste regime? Basta olhar para o sector da construção. Todos os eleitos, das mais pequenas autarquias até ao Governo, sonham em fazer obra, em construir, em mudar. Poucos pensam em melhorar o que está, em aperfeiçoar, em rentabilizar. Deitar abaixo e fazer de novo é o lema de Portugal desde há décadas e é uma das razões porque o país chegou onde chegou. Por alguma razão se misturam os interesses de grandes empresas de construção e de obras públicas com a política e os partidos. São estas empresas que de facto dominam o regime - e como se verá neste fim de semana, qualquer que seja o vencedor em cada autarquia, lá estará uma obrazinha para fazer, seja um túnel, um estádio, um aeroporto ou um parque de estacionamento.

VIZINHOS – Aqui ao lado, em Espanha, o Ministério da Economia e Finanças e o Ministério da Cultura estão em fase avançada de negociações para que qualquer empresa que invista na produção de cinema espanhol possa ter um benefício fiscal de 20 por cento, valor a que até agora só os produtores têm acesso. A actual desagravação para o sector é de cinco por cento, o que significa aumentar em 15% o benefício concedido. A Ministra da Cultura de Espanha, Carmen Calvo, mostrou-se optimista quanto à evolução das negociações e sublinhou que o objectivo é «canalizar mais investimento privado para produzir cinema em Espanha». Curioso – tão perto, e, no entanto, tão longe – não é?

TELEMÓVEIS – O operador de telemóveis britânico Orange lançou esta semana um canal exclusivo para telemóveis, inteiramente consagrado à transmissão directa de jogos de cricket de uma das mais célebres competições mundiais da modalidade, a ICC Super Series. Neste momento a Orange disponibiliza já 16 canais diferentes, um deles desenvolvido para a Orange pela Endemol e que apresenta apenas reality shows.

COMER – Hoje, um petisco, no bairro lisboeta que oferece maior escolha de cafés. Pois então dirijam-se a Campo de Ourique, à histórica Rua de Infantaria 16, procurem o nº62-B e encontrarão «O Meu Café». Está aberto até às 11 da noite: O petisco que vos proponho é a especialidade da casa: as merendas mistas são feitas em fornadas contínuas ao longo do dia e resolvem bem qualquer ataque de apetite. Tem esplanada, simpática.

VER – Durante alguns dias o Fórum Lisboa (antigo Cinema Roma) é o palco de acolhimento da sexta edição da Festa do Cinema Francês. Consultem o site www.festadocinemafrances.com para saberem todos os detalhes da programação e fiquem avisados que este fim de semana há boas razões para maratonas cinematográficas. Termina dia 16 de Outubro.

DESCOBRIR – Deste sábado até dia 11, o espectáculo Metamorphis, no CCB, integrado no Festival Temps d’Images. Concepção de Alberto Lopes.

OUVIR – Uma das melhores vozes femininas dos últimos anos é de Fiona Apple. Pianista e cantora, ela assume integralmente a autoria das suas canções no novo «Extraordinary Machine» e fez o mais maduro e marcante dos seus três
discos editados até à data. O álbum é empolgante e canções como «Red Red Red» e «Window» vão seguramente tornar-se referências na sua obra. Fiona não editava desde o álbum «Magnolia» , de 1999 e este «Extraordinary Machine» é mesmo surpreendente.

LER – Está escrito como uma história deliciosa e aventureira, e é-o de facto: «Barings, A História do Banco Britânico Que Salvou Portugal» é uma viagem pelos meandros de uma instituição financeira que durante um século acudiu aos governos portugueses cada vez que a ruína espreitava. Da autoria de dois jornalistas (Fernando Sobral deste «Jornal de Negócios» e Paula Alexandre Cordeiro do «Diário Económico»), o livro lê-se com o entusiasmo e vontade que se dedicam às boas histórias bem contadas.

PERGUNTA – Só ao fim de dez anos de mandato é que Jorge Sampaio se lembrou de que há corrupção e fugas aos impostos, que o país está um caos e que os políticos são um grupo com má reputação? Ou será que ele acha que durante os seus dois mandatos as coisas pioraram a olhos vistos e não se quis ir embora sem antes o reconhecer?

DESABAFO – O voto útil é o que de pior se podia ter inventado para a democracia.

BACK TO BASICS – Um político é julgado pela animosidade que suscita nos seus opositores, Sir Winston Churchill.