July 18, 2005

AUDIOVISUAL E DESENVOLVIMENTO

O Governo anunciou um ambicioso projecto de desenvolvimento e modernização que, entre outras coisas, passa pelo reforço da utilização da banda larga. As plataformas de comunicações estão em vias de ser um dos grandes distribuidores de conteúdos de natureza audiovisual e, apostar no desenvolvimento da rêde, há-de necessariamente ter consequências no desenvolvimento da produção e da criatividade. Os conteúdos audiovisuais – os clássicos (como cinema e televisão) e os modernos (jogos, videoclips e produtos para comunicações móveis) – são a expressão contemporânea da cultura, da identidade e da língua de um país.
Desgraçadamente a situação da produção audiovisual em Portugal já atravessou melhores dias. Desde há dez anos (desde que Carrilho foi Ministro da Cultura e lá colocou o extraordinário Costa Ramos) que o ICAM se dedica com uma persistência extraordinária a destruir qualquer possibilidade de desenvolvimento industrial na área audiovisual, cedendo permanentemente ao lobby dos mais conservadores e estatistas realizadores cinematográficos. Um Fundo para a produção audiovisual (criado por Armando Vara) ficou no tinteiro. Os dois governos PSD recentes limitaram-se a ceder ainda mais ao lobby cinematográfico e acabaram de desarticular o pouco do audiovisual que tinha sobrevivido. O sector regressou à sina única dos subsídios ao cinema, à ditadura do celulóide, essa espécie de betão da cultura.
O êxito de audiências da TVI pode ter muitas explicações mas também prova como a produção de ficção nacional contemporânea é possível, como é determinante para fidelizar espectadores e para criar um relacionamento geracional com os públicos. Aqui está um exemplo de como a aposta na criatividade nacional é uma estratégia que gera crescimento, a prova provada de que sem investimento não há audiências. Alguém conhece algum sector de actividade que recupere e cresça se não fizer investimentos?