MANIPULAÇÃO - Uma das mais curiosas transformações dos últimos tempos é o aperfeiçoamento da forma como os sindicatos portugueses aprenderam a utilizar os media. No decurso do último ano e meio assiste-se a uma operação bem montada de sistemática divulgação de opiniões de líderes e porta-vozes laborais e sindicais, tratadas como se de notícias se tratassem, todas obviamente no mesmo sentido, que têm por único objectivo dar uma ideia de multiplicação de posições contra o Governo. Muitas vezes uma acção em si, do executivo ou do patronato, é menos noticiada que as reacções que ela suscita. Esta forma de encarar opiniões como se de matéria noticiosa se tratasse é uma dos problemas maiores que atravessa a comunicação em Portugal nestes dias que correm. Esta forma de encarar e trabalhar a informação é manipulação pura e simples, é, quase apetece dizer, a extensão contemporânea da luta de classes.
PARCIALIDADE – Uma leitura e audição atenta das notícias mostra que elas são muitas vezes apresentadas sob a forma de uma interpretação do que aconteceu e não como um relato do que sucedeu. Notícias que começam na negativa (fulano ainda não declarou se faz isto ou aquilo) induzem a pensar que o sujeito da notícia está a falhar qualquer obrigação, o que já é de si um juízo de valor. A utilização abusiva de termos valorativos em vez de descritivos difunde uma opinião em vez de reportar um acontecimento. Este jornalismo «apimentado» por adjectivos e advérbios, fundamentalmente opinativo, está no cerne de uma forma de agir que é tendenciosa. É cada vez mais oportuno reler «Bias- A CBS insider exposes how the media distort the news», de Bernard Goldberg, uma referência do jornalismo norte-americano, que insiste num facto simples: os jornalistas ignoram muitas vezes a sua missão primária: informação objectiva e desinteressada. Goldberg vai mais longe: os preconceitos liberais e de esquerda são os responsáveis pelas mais frequentes manipulações dos factos.
ABUSO – Usa-se e abusa-se da citação, nas mais das vezes uma muleta desnecessária que só serve para ocupar espaço.. Na imprensa escrita citações de fontes políticas não identificadas servem para espalhar a pequena intriga; na rádio ou na televisão o uso e abuso de depoimentos serve para difundir opiniões, muitas vezes não qualificadas, com o único objectivo de ocupar espaço de antena. Em todos os casos o que se mostra não é uma notícia – é uma opinião ou, pior uma insinuação. Nada de relevante: Nada que mereça sequer ser publicado. O propósito da citação deve ser obter em primeira mão a descrição do sucedido por testemunhas dos factos, não registar a sua opinião. A opinião, sendo por si só importante nas sociedades e na comunicação, é a mais irrelevante de todas as coisas no meio de uma notícia.
CÍRCULO FECHADO – Cada vez mais há medias que funcionam em círculo fechado: recados de jornalistas para políticos, destes uns para os outros, e por aí fora. Alguns semanários parecem mais newsletters de grupos de interesses que jornais ou revistas.
BACK TO BASICS – Quando se está num buraco pára-se de cavar.
A PERGUNTA DA SEMANA – Porque é que José Veiga e Pinto da Costa se tratam de forma tão ordinária e têm tanta cobertura com isso?
O MAIS CURIOSO DA SEMANA – Bush folgado à frente de Kerry nas sondagens. Apesar de tudo, apesar dos filmes, dos documentários e da propaganda.
O MELHOR DA SEMANA – O livro «Pela China Dentro, uma viagem de 12 anos», do jornalista António Caeiro, que durante esse tempo foi correspondente da agência Lusa em Pequim – logo a seguir aos incidentes da Praça de Tiananmen. Relatos deliciosos, com um enorme espírito de observação, das grandes mudanças que percorriam um país e uma sociedade.
O PIOR DA SEMANA – O tratamento mediático do desaparecimento da jovem Joana e das investigações sobre o seu assassínio.
PARCIALIDADE – Uma leitura e audição atenta das notícias mostra que elas são muitas vezes apresentadas sob a forma de uma interpretação do que aconteceu e não como um relato do que sucedeu. Notícias que começam na negativa (fulano ainda não declarou se faz isto ou aquilo) induzem a pensar que o sujeito da notícia está a falhar qualquer obrigação, o que já é de si um juízo de valor. A utilização abusiva de termos valorativos em vez de descritivos difunde uma opinião em vez de reportar um acontecimento. Este jornalismo «apimentado» por adjectivos e advérbios, fundamentalmente opinativo, está no cerne de uma forma de agir que é tendenciosa. É cada vez mais oportuno reler «Bias- A CBS insider exposes how the media distort the news», de Bernard Goldberg, uma referência do jornalismo norte-americano, que insiste num facto simples: os jornalistas ignoram muitas vezes a sua missão primária: informação objectiva e desinteressada. Goldberg vai mais longe: os preconceitos liberais e de esquerda são os responsáveis pelas mais frequentes manipulações dos factos.
ABUSO – Usa-se e abusa-se da citação, nas mais das vezes uma muleta desnecessária que só serve para ocupar espaço.. Na imprensa escrita citações de fontes políticas não identificadas servem para espalhar a pequena intriga; na rádio ou na televisão o uso e abuso de depoimentos serve para difundir opiniões, muitas vezes não qualificadas, com o único objectivo de ocupar espaço de antena. Em todos os casos o que se mostra não é uma notícia – é uma opinião ou, pior uma insinuação. Nada de relevante: Nada que mereça sequer ser publicado. O propósito da citação deve ser obter em primeira mão a descrição do sucedido por testemunhas dos factos, não registar a sua opinião. A opinião, sendo por si só importante nas sociedades e na comunicação, é a mais irrelevante de todas as coisas no meio de uma notícia.
CÍRCULO FECHADO – Cada vez mais há medias que funcionam em círculo fechado: recados de jornalistas para políticos, destes uns para os outros, e por aí fora. Alguns semanários parecem mais newsletters de grupos de interesses que jornais ou revistas.
BACK TO BASICS – Quando se está num buraco pára-se de cavar.
A PERGUNTA DA SEMANA – Porque é que José Veiga e Pinto da Costa se tratam de forma tão ordinária e têm tanta cobertura com isso?
O MAIS CURIOSO DA SEMANA – Bush folgado à frente de Kerry nas sondagens. Apesar de tudo, apesar dos filmes, dos documentários e da propaganda.
O MELHOR DA SEMANA – O livro «Pela China Dentro, uma viagem de 12 anos», do jornalista António Caeiro, que durante esse tempo foi correspondente da agência Lusa em Pequim – logo a seguir aos incidentes da Praça de Tiananmen. Relatos deliciosos, com um enorme espírito de observação, das grandes mudanças que percorriam um país e uma sociedade.
O PIOR DA SEMANA – O tratamento mediático do desaparecimento da jovem Joana e das investigações sobre o seu assassínio.
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