O DESAFIO DE UMA GERAÇÃO (da edição de ontem do «Jornal de Negócios»)
QUANDO A DIREITA deixa criar angústias várias sobre as expectativas das pessoas em relação ao seu bem-estar , está a entregar a bandeira do social à esquerda. Basta olharmos para a nossa História recente para vermos como esse é dos mais importantes argumentos políticos. Conjugar um modelo de desenvolvimento, com um panorama de estabilidade política e conseguir fazer tudo isto conseguindo efectivamente melhorar a vida do dia-adia das pessoas é o maior desafio político que se coloca à sociedade e aos partidos.
O QUOTIDIANO é o factor inconsciente na hora do voto. As pessoas que trabalham por conta de outrem, a maioria do eleitorado, sabe que não protagoniza evasão fiscal : paga impostos, directos e indirectos, que regra geral considera elevados e muitas vezes não vê retorno para o investimento que por essa via faz no Estado. Queixa-se das dificuldades de emprego, dos cuidados de saúde, do estado da justiça, da instabilidade da educação. A verdade é que o modelo de Estado em que cresceram lhes está a flahar e isto é um dos maiores problemas que enfrentamos. Em Portugal qualquer política e qualquer reforma começa por trazer complicações às classes médias, na verdade traz dificuldades mais depressa que benefícios e esse é um dos grandes factores de instabilidade política e social. Reflectir sobre isto é fundamental.
NÃO HÁ GRANDES DIFERENÇAS entre o PSD e o PS a não ser de estilo. De facto, na esmagadora maioria dos assuntos do dia-a-dia, nacional ou internacional, há nuances mas não há divergências gritantes. Muitas vezes é na forma de concretizar conceitos que surgem divergências. E há, é claro, estilos diferentes, a começar pela gestão das finanças públicas.
O ROTATIVISMO de finais do século XIX está outra vez em grande força entre nós no início do século XXI. Em comum existe uma decadência do funcionamento da sociedade, uma crise evidente do modelo de Estado, coisas que por si só contribuerm para a instabilidade de objectivos e de projectos, para a variação de políticas, a paralisação das sociedades, a frustração dos cidadãos.
REFORMULAR O PAPEL DO ESTADO é a ideia chave defendida numa curiosa entrevista ao «El País», entre nós publicada pela «Visão», dada pelo filósofo francês Pierre Rosanvallon. As suas observações sobre as mudanças ocorridas no sistema político e partidário (por exemplo: «falou-se muito do final do comunismo, mas não reflectimos o suficiente sobre o final do modelo social-democrata») são certeiras.
A DECADÊNCIA das sociedades decorre da impotência na resolução dos principais problemas que a atravessam, diz o filósofo e, sublinha, cito: «como não sabemos lidar com o reformismo, esperamos a chegada do Apocalipse para podermos fazer as mudanças...Não temos uma cultura de Reforma, temos é uma cultura de Revolução que continua muito presente...Daí que seja necessário representar a decadência para se poder fazer uma simulação da revolução que, na realidade, não é mais que reformas minúsculas».
AS CAUSAS COMUNS são um catalisador da participação social, são (elas sim) um efectivo dinamizador da auto-estima, da mobilização dos cidadãos, do funcionamento da sociedade. Todos temos que pensar mais no que podemos fazer para melhorar as coisas. O sentido do voto, seja ele qual fôr, é sempre esse. O regime democrático pressupõe historicamente a expectativa de uma evolução nos padrões de vida. Ninguém gosta de governar para criar dificuldades à vida dos governados. E, no entanto, isso às vezes acontece.
A CRISE DO ESTADO PROVIDÊNCIA é a origem de muitas mini crises do nosso dia-a-dia e é o pano de fundo que está sempre presente em qualquer análise da realidade. As pessoas querem saber coisas concretas sobre o seu bem-estar presente e futuro e acham tudo o resto temas secundários. Por isso mesmo a nossa maior urgência é conseguir estudar a fundo as transformações que ocorreram, todas as mudanças que ainda estamos a viver, para conseguirmos criar um novo modelo de sociedade que funcione. Que seja efectivo e solidário. No fundo é este o desafio de uma geração.
QUANDO A DIREITA deixa criar angústias várias sobre as expectativas das pessoas em relação ao seu bem-estar , está a entregar a bandeira do social à esquerda. Basta olharmos para a nossa História recente para vermos como esse é dos mais importantes argumentos políticos. Conjugar um modelo de desenvolvimento, com um panorama de estabilidade política e conseguir fazer tudo isto conseguindo efectivamente melhorar a vida do dia-adia das pessoas é o maior desafio político que se coloca à sociedade e aos partidos.
O QUOTIDIANO é o factor inconsciente na hora do voto. As pessoas que trabalham por conta de outrem, a maioria do eleitorado, sabe que não protagoniza evasão fiscal : paga impostos, directos e indirectos, que regra geral considera elevados e muitas vezes não vê retorno para o investimento que por essa via faz no Estado. Queixa-se das dificuldades de emprego, dos cuidados de saúde, do estado da justiça, da instabilidade da educação. A verdade é que o modelo de Estado em que cresceram lhes está a flahar e isto é um dos maiores problemas que enfrentamos. Em Portugal qualquer política e qualquer reforma começa por trazer complicações às classes médias, na verdade traz dificuldades mais depressa que benefícios e esse é um dos grandes factores de instabilidade política e social. Reflectir sobre isto é fundamental.
NÃO HÁ GRANDES DIFERENÇAS entre o PSD e o PS a não ser de estilo. De facto, na esmagadora maioria dos assuntos do dia-a-dia, nacional ou internacional, há nuances mas não há divergências gritantes. Muitas vezes é na forma de concretizar conceitos que surgem divergências. E há, é claro, estilos diferentes, a começar pela gestão das finanças públicas.
O ROTATIVISMO de finais do século XIX está outra vez em grande força entre nós no início do século XXI. Em comum existe uma decadência do funcionamento da sociedade, uma crise evidente do modelo de Estado, coisas que por si só contribuerm para a instabilidade de objectivos e de projectos, para a variação de políticas, a paralisação das sociedades, a frustração dos cidadãos.
REFORMULAR O PAPEL DO ESTADO é a ideia chave defendida numa curiosa entrevista ao «El País», entre nós publicada pela «Visão», dada pelo filósofo francês Pierre Rosanvallon. As suas observações sobre as mudanças ocorridas no sistema político e partidário (por exemplo: «falou-se muito do final do comunismo, mas não reflectimos o suficiente sobre o final do modelo social-democrata») são certeiras.
A DECADÊNCIA das sociedades decorre da impotência na resolução dos principais problemas que a atravessam, diz o filósofo e, sublinha, cito: «como não sabemos lidar com o reformismo, esperamos a chegada do Apocalipse para podermos fazer as mudanças...Não temos uma cultura de Reforma, temos é uma cultura de Revolução que continua muito presente...Daí que seja necessário representar a decadência para se poder fazer uma simulação da revolução que, na realidade, não é mais que reformas minúsculas».
AS CAUSAS COMUNS são um catalisador da participação social, são (elas sim) um efectivo dinamizador da auto-estima, da mobilização dos cidadãos, do funcionamento da sociedade. Todos temos que pensar mais no que podemos fazer para melhorar as coisas. O sentido do voto, seja ele qual fôr, é sempre esse. O regime democrático pressupõe historicamente a expectativa de uma evolução nos padrões de vida. Ninguém gosta de governar para criar dificuldades à vida dos governados. E, no entanto, isso às vezes acontece.
A CRISE DO ESTADO PROVIDÊNCIA é a origem de muitas mini crises do nosso dia-a-dia e é o pano de fundo que está sempre presente em qualquer análise da realidade. As pessoas querem saber coisas concretas sobre o seu bem-estar presente e futuro e acham tudo o resto temas secundários. Por isso mesmo a nossa maior urgência é conseguir estudar a fundo as transformações que ocorreram, todas as mudanças que ainda estamos a viver, para conseguirmos criar um novo modelo de sociedade que funcione. Que seja efectivo e solidário. No fundo é este o desafio de uma geração.
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