May 14, 2004

ESQUINA NO JORNAL
Como hoje é sexta, «A Esquina» está no «Jornal de Negócios». Excertos:LIVROS – Tal como noutros países, «O Código Da Vinci», de Dan Brown, está no primeiro lugar dos livros mais vendidos em Portugal. A obra, entre outras coisas, debruça-se sobre a influência (muitas vezes escondida) de algumas sociedades secretas no mundo contemporâneo. É uma influência, como se poderá verificar no livro, apesar de ser uma obra de ficção, perfeitamente transversal. A força destas organizações em Portugal é também enorme – desde orgãos de poder (do central às maiores autarquias), passando pela banca ou pelos media. O pior é que é uma influência que se faz de forma camuflada, em nome de princípios sempre semi-escondidos, com objectivos as mais das vezes incompreensíveis fora do contexto do proveito próprio. Criadas, em tempos, para defender uma ideia ou garantir a possibilidade de se pensar livremente, a maioria destas sociedades acabou por se tornar numa cadeia de mecanismos de pressão e de limitação do livre pensamento (através da imposição de dogmas ou fidelidades), desenvolvendo entidades fortes, com uma enorme vantagem prática sobre outras formas de organização, nomeadamente os partidos: desde o início souberam o que era funcionar em rêde, conciliando influência com poder. A grande questão é que são núcleos externos à sociedade, fugindo ao seu controlo. Tornaram-se lobbies instrumentais para muita gente, já longe de qualquer ideial. É, no fundo, também, um entrave ao livre pensamento.

DISCOS – Uma consulta à lista dos discos mais vendidos em Portugal nas últimas semanas mostra na lista do «top ten» nomes como Diana Krall, José Mário Branco, Elis Regina, Norah Jones ou Caetano Veloso, já para não falar em Russell Watson. Que tem isto de especial, sendo estes seis exemplos nomes de referência? Será que o povo começou a comprar boa música e que o top passou a ter uma relação de qualidade (apesar de no caso do mais recente disco de Caetano e do de Watson isso ser mais que discutível...)?. Penso bem que a lista mostra outra coisa – os mais novos quase desertaram das discotecas - na lista apenas Anastasia, Evanescense e Black Eyed Peas reflectem o padrão de consumo típico de música de há três anos atrás. Ou seja, o que se torna evidente é que os adolescentes passaram a ir buscar a sua música à Internet, saindo das discotecas, e apenas os mais velhos (provavelmente por dificuldades no manuseamento da tecnologia) continuam a comprar discos em quantidade. O facto é que há uns anos atrás quase não se vendiam discos para público acima dos 35 anos, e que agora surgiu uma nova geração de artistas, muito baseada no soft jazz, que redespertou de para a compra de discos um público que não tinha esse hábito de consumo. Como sempre tem acontecido isto há-de ter consequências a outro nível – desde as play list das rádios até à própria programação de música na televisão. Aqui está uma coisa interessante de seguir.