July 26, 2003

JORNAIS
Compro os jornais todos de atacado: o «Expresso», o «Diário de Notícias», o «Público» e o «Correio da Manhã». Ultimamente cada vez leio mais o «Correio da Manhã» - é que é a única forma de perceber de facto o que vai acontecendo pelo país. Cada um no seu género o «Público» e o «Correio da Manhã» são os melhores jornais portugueses. O «Público» limita mais o leque dos temas, escolhe mais os assuntos. O «Correio da Manhã», pelo contrário, alargou nos últimos meses - tem boas páginas de sociedade, de espectáculos, de informação geral. Costumo dizer que se alguém de repente chegar a Portugal depois de uma ausência longa, é no «Correio da Manhã» que percebe o que se está a passar. O «Diário de Notícias» veio no molho porque hoje é sábado e tem o «DNA» e hoje o «DNA» tem uma entrevista com Gilberto Gil, na qualidade de Ministro da Cultura do Brasil. Leio e confirmo o que já suspeitava: muito folclore.
Quanto ao «Expresso», bom, a primeira página de hoje diz tudo: só mesmo ali é que um tema daqueles pode ser manchete - é a prova de que não há notícias, que a esfera de interesses daquela redacção está mesmo virada do avesso, que se acha merecedora de denúncia (que é de facto o tom do artigo) a tendência sexual de alguém. Alguém havia de oferecer ao «Expresso», um poster com um velho dizer:«a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros». Se se lembrassem mais vezes disto, o efeito na melhoria do jornal seria bem maior do que o do código de conduta que já se percebeu que não serve para nada.