July 17, 2003

O DIA ANTES
Não sei se isto vos acontece, mas o dia antes de ir de férias é sempre uma balbúrdia. Tenho a ideia de que as pessoas se esquecem deliberadamente de que vamos de férias e começam a marcar reuniões exactamente para esse dia - e com um bocado de sorte para os dias seguintes, para depois rematarem com um: «pois é, estás de férias, então isto tem que esperar».
A partida para férias é sempre um bocado caótica, de tal forma que já tive alturas em que pensava que era mais cansativo ir de férias do que ficar. Como nunca consigo desligar, de qualquer maneira, hoje em dia vou mais ou menos sossegado e tenho a rotina de ver e ouvir mensagens no telefone uma vez por dia, de espreitar o mail da mesma maneira. E este ano vou ter o passatempo acrescido de ir colocando nesta ESQUINA o que me fôr passando pela cabeça. Ao contrário do que algumas pessoas pensam isto não me causa stress, alivia-me até ir sabendo que está tudo a andar.
Desde que há uns anos deixei o jornalismo como actividade principal, percebi que o facto de ter mantido colunas de opinião me obrigava a um esforço de auto disciplina para me manter informado e, sobretudo, para pensar sobre o que me rodeia. Muitas vezes percebi que esta atenção tinha efeitos benéficos no meu trabalho, quer porque no decurso do que lia descobria informações úteis, quer porque no meio dos pensamentos ía também encontrando resposta e ligações para outros pensamentos.
Com o blog, e esta opção de me concentrar sobretudo nas novas formas de comunicação, passa-se o mesmo: tenho descoberto novos sites, tenho tido acesso a mais informação e, de uma forma geral, é isso que tenho tentado partilhar.

A PARTILHA

Existe um factor nos blogs que assume uma dimensão muito afectiva: a primeira esfera de acção dos blogs é a partilha. Há uma espécie de comportamento de confraria, de proximidade para com quem nos lê, mesmo que não os conheçamos directamente, que é muito diferente de qualquer outro media. Ainda por cima acabei por reparar, quer pelos mails, quer pelas indicações de proveniência das ligações à ESQUINA, que havia mais pessoas que conhecia que, não só tinham blogs curiosos, como me liam com regularidade.
Sendo público, o blog gera uma intimidade especial, acrescida pelas ferramentas que nos permitem ir percebendo quem nos lê, quando nos lê, como nos lê. Como todos os fenómenos do género, um blog alastra do círculos concêntricos repetidos, que se vão adicionando. Uma citação de um link num outro blog gera logo movimento. O curioso é que no blog se vê isto de forma quase automática.
Ontem, por exemplo, descobri um citação que não era habitual e fui ter ao Folgo Em Saber . Estou agora curioso por identificar a assinatura com a pessoa, mas lá chegarei. Estas descobertas fazem parte da alegria diária de um bloguista. E mais descobertas destas hão-de certamente acontecer.