July 16, 2003

INSÓNIA
Já não me consigo deitar cedo - quer dizer, quando me deito cedo, acordo cedíssimo. Estou de pestana aberta desde as cinco e meia da manhã, com ar descansado, irritado porque as edições dos jornais ainda não estão na net a esta hora. Zapo pelos canais e não encontro nada de interessante - esta é aliás a hora das televendas: haverá assim tanta gente doida para fazer compras compulsivas de colchões de encher e aparelhos para os abdominais a esta hora?
Invevitavelmente, depois de meia hora às voltas levanto-me. Venho para o computador ler blogs e reparo em alguns bons. Por exemplo nas certeiras palavras de Pedro Mexia no seu Dicionário do Diabo sobre as preocupações da Dra. Maria Barroso: «A dra. Maria Barroso diz que «há um grande desejo de fazer desaparecer a família Soares». Não faço ideia o que seja a «família Soares». Estou convencido de que vivemos em Democracia e em República, e que por isso não existe a «família Soares», mas o dr. Mário Soares, a dra. Maria Barroso e o dr. João Soares. E não vejo quem os queira «fazer desaparecer». O que percebo é que a dr. Maria Barroso quer exigir uma intocabilidade para si e para os seus»
. Estou mais descansado: a Bomba Inteligente já se deixou de tristezas e diz uma coisa muito acertada:«A televisão é um negócio em que não há moral. Não serve para educar, nem para ensinar nada a ninguém. Não serve para orientar e nem mesmo para informar. Trata-se de um negócio cujo objectivo é entreter. E o povo português diverte-se com a loucura e aplaude-a. Afinal de contas, quem não tem moral: a televisão ou os espectadores? ». É uma resposta à mais recente polémica da blogosfera, sobre a presença no último Herman de um jovem com problemas mentais. Pacheco Pereira foi dos primeiros a falar do assunto e hoje escreve «Ficava bem a Herman no próximo programa começar por calar o público, e dirigir-se aos espectadores dizendo uma coisa tão simples como isto : “na semana anterior ultrapassamos neste programa um limite que deve ser inultrapassável e tratamos mal um amigo nosso que tem problemas. Pedimos-lhe desculpas e pedimos desculpa ao público. Não se torna a repetir. " E depois segue o programa.» no seu
Abrupto. E para resumir a situação, eis o que se pode ler em O Gato Fedorento :«A blogosfera esta em polvorosa pela ida do Nando (o conhecido Emplastro) ao Herman Sic. Maldade, dizem. Sinceramente, acho que maldade maior é esta historia de lhe quererem pagar o arranjo dos dentes. O que se seguirá? Ensinar-lhe boas maneiras, para ele não estar sempre a ouvir o que dizem as pessoas que falam para a câmara? E depois? Deixa de ser o Emplastro e passa a ser só um qualquer? Já assisti a esta história de subida aos píncaros da fama e queda no abismo do esquecimento com o Zé Maria do Big Brother. Não é bonito. » Pelo menos para uma coisa serviu a insónia: já tratei do meu tamagoshi, que é como quem diz, já bloguei.