August 16, 2005

CORRESPONDÊNCIA ESTIVAL

Olha, nem sei bem que te diga. Isto está tudo a arder – não, não falo só dos incêndios, falo de tudo. O Armando Vara – o do bloqueio da ponte no tempo do Cavaco, lembras-te? – foi para administrador da Caixa Geral de Depósitos. Por falar em Cavaco, o Jorge Sampaio pediu-lhe para ir lá falar com ele a Belém antes do Mário Soares aparecer a ver o estado do Palácio. Percebe-se, o Marocas queria ver como aquilo estava dez anos depois – os inquilinos nunca são de fiar, não é?
Uma coisa muito engraçada é que o Carrilho apareceu todo janota a dizer que o Carmona devia ter algum mensalão em mira, mas quem pediu a ajuda a um Ministro do Lula foi ele próprio: Carrilho e Gilberto Gil de mãos dadas ficaram mesmo bem na fotografia e parece que nessa altura nem se falou do mensalãozito…
Por falar nisso, esta semana foi difícil: o PS de Felgueiras mandou o candidato que lhes meteram nas mãos às urtigas, Isaltino mandou o PSD às malvas, e por coincidência alguém mandou dizer que o resultado da bronca do «apito dourado» se havia de saber antes de Valentim Loureiro ir a votos. Como vês o país está igual, até a distrital de Lisboa do PSD deu um ar da sua graça, que é como quem diz atirou achas para a fogueira onde os partidos vão ardendo.
Mas não se pode falar em incêndios porque parece que está tudo controlado. Olha, o que te digo é que se isto fosse dantes não havia de faltar gritaria aí por todo o lado, assim com o novo Governo já ninguém se chateia: como diz o outro, mais vale cair em graça do que ser engraçado.
Eu, por mim, já nem estranho nada: na semana passada dois jornalistas, de jornais bem diferentes, telefonaram-me a dizer quem me ía substituir no trabalho. Onde é que eu já vi isto? O mundo está a ficar perigoso meu querido amigo.