O ALGARVE
Tenho uma noção utilitária do Algarve. Gosto de praias com pouca gente. Nunca vou para lá em Agosto. Não gosto de filas nem de esperar muito tempo. Tudo isto é incompatível com o Algarve em Agosto.
Vamos pois por partes. Supermercados. Não se deixem iludir pela proximidade e comparem preços. Dos que visitei os Alisuper são, em média, os mais caros de todos. Se tiverem um Modelo ou um Lidl por perto fiquem a saber que não há diferenças sensíveis em relação a Lisboa. Os Jafers não são maus e de preço médio, mas onde vale a pena ir é ao magnífico Apolónia, em Almancil. Tem produtos únicos a preço aceitável, produtos vulgares a preços normais e uma garrafeira de excepção a preços razoáveis. No Algarve dificilmente se conjuga tão bem preço com qualidade como ali. Se estiverem perto de Quarteira (não torçam o nariz, não vale a pena), nas quartas feiras de manhã visitem o mercado de produtos locais. De requeijão a fruta fresca apanham de tudo. A bons preços e de excelente qualidade.
Passemos aos bares de praia. Eu, da praia, tenho uma noção estranha. Não gosto muito de sol nem escaldões, mas uma boa barraquinha de comes e bebes fazia-me percorrer o areal. Gosto dos fins de tarde na praia, e tenho saudades dos bares menos bonitos mas com melhor serviço e qualidade, que por ali estavam no areal antes de existirem só as construções estereotipadas de madeira. Peguemos o caso da zona de Vilamoura. Dantes, na D. Fernanda, a meio da praia da Falésia, praticavam-se preços exorbitantes mas o serviço era magnífico e a qualidade irrepreensível. Todos os anos a D. Fernanda migrava de Lisboa, de Campo de Ourique para Vilamoura, e ali nos deliciava com belos petiscos. As normas comunitárias e a legislação restaurativa vigente acabaram com a barraquinha da D. Fernanda e criaram muitos pré-fabricados de madeira nórdica no areal da Falésia. Em todos se come péssimo, na maioria o serviço é inexistente. Se isto fosse em Espanha, dizia-me um amigo meu, com uma localização destas, teríamos tapas, simpatia e «cachondeo». Assim só temos demoras e falta de escolha. As sanduíches são miseráveis, o pão é de refugo, a imaginação é nula. Nem salada de polvo, nem conquilhas, nem presunto, nem pimentos recheados, nem anchova, nem nada. Tristeza. Pacotes com meia dúzia de pistachios a um euro, distribuídos numa máquina é o que resta. Imperiais a dois euros. Gelados Olá a preços alterados, muito para cima, em relação à tabela. Simpatia, nicles. Os restaurantes de praia em Vilamoura estão a ficar como o resto do país: quanto menos gente a pagar, mais os preços (ou os impostos) aumentam. No fim tudo acaba falido.
Passemos agora aos outros restaurantes.
Começo por uma homenagem à Índia. Fica em Escanxinas, na estrada entre Quarteira e Almancil, chama-se muito apropriadamente Índia, tem uma bela esplanada deliciosa nestas noites cálidas. A comida é Tandoori (e muito estimável), o serviço é bom, os preços são médios. A garrafeira é mediana, mas bem escolhida. O telefone é o 289395756.
Em matéria de comida francesa um dos meus favoritos é o Couleurs de France, em Almancil. É uma casa isolada, onde se chega depois de passar o Apolónia, em direcção à 125, virando à esquerda logo antes do início do viaduto. Tem mesas ao ar livre e uma sala simpática. A comida é deliciosa – sim, excepcional - e o serviço é muito bom. Os preços são altos sem serem exagerados. O telefone é o 289 399 515.
Um outro género, igualmente francês, é o que este ano é proposto pelo Jardim do Vale. Em termos de comida e de serviço compete com a proposta anterior, mas as mesas ao ar livre estão num delicioso jardim com árvores de frutos, que é verdadeiramente um prazer. Fica na estrada de Almacil para Loulé, um pouco à frente do restaurante de Henrique Leis. O telefone é o 289 393 444.
Passemos agora, a bem dos contrastes e do bom senso, para Quarteira. Aí designo o Casa D’Ana. Fica na Rua 25 de Abril, telefone 289 31 64 71 . Comida portuguesa, fica tudo dito. Serviço simpático, só abre para jantar. Ali perto, em Loulé, na Rua Maria Campina, fica A Moagem. Está fechado aos domingos e nos outros dias vale sempre a pena lá ir. O dono é de Estremoz e ali pode pedir uma das mais extraordinárias entradas: coxas de rã – não torça o nariz e experimente que não se arrepende. O xarém com o milho algarvio anda ao lado das migas do pão alentejano nas mais heréticas e deliciosas combinações, entre o linguado e o bacalhau. É decididamente um dos locais a reter este ano, esperemos que não se estrague em Agosto – a prova de fogo.
Tenho uma noção utilitária do Algarve. Gosto de praias com pouca gente. Nunca vou para lá em Agosto. Não gosto de filas nem de esperar muito tempo. Tudo isto é incompatível com o Algarve em Agosto.
Vamos pois por partes. Supermercados. Não se deixem iludir pela proximidade e comparem preços. Dos que visitei os Alisuper são, em média, os mais caros de todos. Se tiverem um Modelo ou um Lidl por perto fiquem a saber que não há diferenças sensíveis em relação a Lisboa. Os Jafers não são maus e de preço médio, mas onde vale a pena ir é ao magnífico Apolónia, em Almancil. Tem produtos únicos a preço aceitável, produtos vulgares a preços normais e uma garrafeira de excepção a preços razoáveis. No Algarve dificilmente se conjuga tão bem preço com qualidade como ali. Se estiverem perto de Quarteira (não torçam o nariz, não vale a pena), nas quartas feiras de manhã visitem o mercado de produtos locais. De requeijão a fruta fresca apanham de tudo. A bons preços e de excelente qualidade.
Passemos aos bares de praia. Eu, da praia, tenho uma noção estranha. Não gosto muito de sol nem escaldões, mas uma boa barraquinha de comes e bebes fazia-me percorrer o areal. Gosto dos fins de tarde na praia, e tenho saudades dos bares menos bonitos mas com melhor serviço e qualidade, que por ali estavam no areal antes de existirem só as construções estereotipadas de madeira. Peguemos o caso da zona de Vilamoura. Dantes, na D. Fernanda, a meio da praia da Falésia, praticavam-se preços exorbitantes mas o serviço era magnífico e a qualidade irrepreensível. Todos os anos a D. Fernanda migrava de Lisboa, de Campo de Ourique para Vilamoura, e ali nos deliciava com belos petiscos. As normas comunitárias e a legislação restaurativa vigente acabaram com a barraquinha da D. Fernanda e criaram muitos pré-fabricados de madeira nórdica no areal da Falésia. Em todos se come péssimo, na maioria o serviço é inexistente. Se isto fosse em Espanha, dizia-me um amigo meu, com uma localização destas, teríamos tapas, simpatia e «cachondeo». Assim só temos demoras e falta de escolha. As sanduíches são miseráveis, o pão é de refugo, a imaginação é nula. Nem salada de polvo, nem conquilhas, nem presunto, nem pimentos recheados, nem anchova, nem nada. Tristeza. Pacotes com meia dúzia de pistachios a um euro, distribuídos numa máquina é o que resta. Imperiais a dois euros. Gelados Olá a preços alterados, muito para cima, em relação à tabela. Simpatia, nicles. Os restaurantes de praia em Vilamoura estão a ficar como o resto do país: quanto menos gente a pagar, mais os preços (ou os impostos) aumentam. No fim tudo acaba falido.
Passemos agora aos outros restaurantes.
Começo por uma homenagem à Índia. Fica em Escanxinas, na estrada entre Quarteira e Almancil, chama-se muito apropriadamente Índia, tem uma bela esplanada deliciosa nestas noites cálidas. A comida é Tandoori (e muito estimável), o serviço é bom, os preços são médios. A garrafeira é mediana, mas bem escolhida. O telefone é o 289395756.
Em matéria de comida francesa um dos meus favoritos é o Couleurs de France, em Almancil. É uma casa isolada, onde se chega depois de passar o Apolónia, em direcção à 125, virando à esquerda logo antes do início do viaduto. Tem mesas ao ar livre e uma sala simpática. A comida é deliciosa – sim, excepcional - e o serviço é muito bom. Os preços são altos sem serem exagerados. O telefone é o 289 399 515.
Um outro género, igualmente francês, é o que este ano é proposto pelo Jardim do Vale. Em termos de comida e de serviço compete com a proposta anterior, mas as mesas ao ar livre estão num delicioso jardim com árvores de frutos, que é verdadeiramente um prazer. Fica na estrada de Almacil para Loulé, um pouco à frente do restaurante de Henrique Leis. O telefone é o 289 393 444.
Passemos agora, a bem dos contrastes e do bom senso, para Quarteira. Aí designo o Casa D’Ana. Fica na Rua 25 de Abril, telefone 289 31 64 71 . Comida portuguesa, fica tudo dito. Serviço simpático, só abre para jantar. Ali perto, em Loulé, na Rua Maria Campina, fica A Moagem. Está fechado aos domingos e nos outros dias vale sempre a pena lá ir. O dono é de Estremoz e ali pode pedir uma das mais extraordinárias entradas: coxas de rã – não torça o nariz e experimente que não se arrepende. O xarém com o milho algarvio anda ao lado das migas do pão alentejano nas mais heréticas e deliciosas combinações, entre o linguado e o bacalhau. É decididamente um dos locais a reter este ano, esperemos que não se estrague em Agosto – a prova de fogo.
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