PERDIGUEIROS DO RIO
Consegui finalmente voltar ao teu bar Zé, depois de teres ido dar aquela volta. Já não é bem a mesma coisa - faltam miminhos na lista, até os pimentos padrones estavam falhos nesta tarde de sexta-feira.
Mas continua a ser um sítio bonito. É claro que nunca perceberei porque é que a Martini coloca publicidade onde pouca gente deve beber Martini, mas ele há segredos no mundo da publicidade. Não resisto a contar uma velha história de barmen que, salvo erro, o Miguel Esteves Cardoso me mostrou escrita num livro precioso sobre cocktails. Rezava mais ou menos assim: Durante anos, no centro de New York, um tipo com ar de executivo chegava por volta das seis da tarde sempre ao mesmo bar e pedia um dry Martini. Deliciava-se com a coisa, pagava, cumprimentava o barman, e saía. Acontece que o cidadão foi deslocalizado para outra cidade qualquer e esteve uns anos sem dar à costa em New York. Lá voltou um dia, dirigiu-se à mesma rua, entrou no mesmo bar, onde estava o mesmo barman. Pediu-lhe um Dry Martini, beberricou-o extasiado, revirou os olhos de prazer e no fim perguntou: «-Ouça lá, estive anos noutra cidade, experimentei milhares de Dry Martinis e nenhum tem o paladar do seu. Qual é o seu segredo?». Detrás de um imenso sorriso, o barman respondeu-lhe, cotovelo apoiado no bar: « - Repare, coloco o gin, deixo cair a pequena raspa de casca de limão, ponho a azeitona a nadar um pedaço, e depois pego na garrafa de Martini seco, destapo-a e passo com ela,meio inclinada, com o gargalo por cima do copo, com todo o cuidado de não deixar cair nem uma gota no Gin...».
Para me recompôr com a existência bastou-me ver aquele casal que chegou e se sentou ao pé das espreguiçadeiras e se pôs logo, cada um para seu canto, a ler uma revista diferente. A dele tinha fotografias de carros, a dela de casas. Mas pareciam felizes.
Claro que a existência ficou pior quando um rapaz do «Portugal Diário», que é um simulacro de informação que circula na net, me telefonou. Queria uma reacção: expliquei-lhe que achava que notoriamente escreviam mentiras e disse-lhe que optava por não falar com ele. Vai daí escreveu que eu não quis comentar um determinado texto. Como se vê, o rapaz percebe mal o português: não era uma questão de não querer comentar, era uma questão de preferir não o fazer para aquele media.
Adiante - a tarde recuperou quando o Carlos Oliveira Santos apareceu, vindo do estrangeiro, e me falou de ti - percebi que estávamos ali ao mesmo. Adeus menino, que se faz tarde, porta-te mal, cá voltarei um dia destes.
Consegui finalmente voltar ao teu bar Zé, depois de teres ido dar aquela volta. Já não é bem a mesma coisa - faltam miminhos na lista, até os pimentos padrones estavam falhos nesta tarde de sexta-feira.
Mas continua a ser um sítio bonito. É claro que nunca perceberei porque é que a Martini coloca publicidade onde pouca gente deve beber Martini, mas ele há segredos no mundo da publicidade. Não resisto a contar uma velha história de barmen que, salvo erro, o Miguel Esteves Cardoso me mostrou escrita num livro precioso sobre cocktails. Rezava mais ou menos assim: Durante anos, no centro de New York, um tipo com ar de executivo chegava por volta das seis da tarde sempre ao mesmo bar e pedia um dry Martini. Deliciava-se com a coisa, pagava, cumprimentava o barman, e saía. Acontece que o cidadão foi deslocalizado para outra cidade qualquer e esteve uns anos sem dar à costa em New York. Lá voltou um dia, dirigiu-se à mesma rua, entrou no mesmo bar, onde estava o mesmo barman. Pediu-lhe um Dry Martini, beberricou-o extasiado, revirou os olhos de prazer e no fim perguntou: «-Ouça lá, estive anos noutra cidade, experimentei milhares de Dry Martinis e nenhum tem o paladar do seu. Qual é o seu segredo?». Detrás de um imenso sorriso, o barman respondeu-lhe, cotovelo apoiado no bar: « - Repare, coloco o gin, deixo cair a pequena raspa de casca de limão, ponho a azeitona a nadar um pedaço, e depois pego na garrafa de Martini seco, destapo-a e passo com ela,meio inclinada, com o gargalo por cima do copo, com todo o cuidado de não deixar cair nem uma gota no Gin...».
Para me recompôr com a existência bastou-me ver aquele casal que chegou e se sentou ao pé das espreguiçadeiras e se pôs logo, cada um para seu canto, a ler uma revista diferente. A dele tinha fotografias de carros, a dela de casas. Mas pareciam felizes.
Claro que a existência ficou pior quando um rapaz do «Portugal Diário», que é um simulacro de informação que circula na net, me telefonou. Queria uma reacção: expliquei-lhe que achava que notoriamente escreviam mentiras e disse-lhe que optava por não falar com ele. Vai daí escreveu que eu não quis comentar um determinado texto. Como se vê, o rapaz percebe mal o português: não era uma questão de não querer comentar, era uma questão de preferir não o fazer para aquele media.
Adiante - a tarde recuperou quando o Carlos Oliveira Santos apareceu, vindo do estrangeiro, e me falou de ti - percebi que estávamos ali ao mesmo. Adeus menino, que se faz tarde, porta-te mal, cá voltarei um dia destes.
<< Home