August 29, 2003

ESQUINA NO PAPEL
Hoje, como todas as sextas-feiras, é dia de «Esquina» no papel do Jornal de Negócios. Excerto: O Partido Socialista considera desde o fim de semana passado que o grande argumento contra o Governo é acusá-lo de ser movido por um radicalismo de direita. A propósito arregimentou imagens retóricas da ditadura. O resultado não se fez esperar: PC e Bloco de Esquerda juntaram-se-lhe em côro gritando contra as ameaças de fascismo. Está recriada a Frente Popular, o velho sonho dos anos 30 e 40 que, de mãos dadas com os nazis em determinadas circunstâncias, e por mera reacção noutras, levou a Europa à guerra. Nunca nada me pareceu tão patético em política como exagerar na análise para provocar reacções também elas exageradas. O exagero, a hipérbole retórica, é geralmente sinal de falta de honestidade intelectual. Praticamente 30 anos depois do 25 de Abril a esquerda ainda quer deliberadamente confundir direita com fascismo, nacionalismo com ditadura, e verifica-se, sem surpresa, confesso, que é bem mais intolerante para quem não pensa como ela do que normalmente quem é de direita, em relação a quem é de esquerda.