August 03, 2003

NOTÍCIAS DOS INCÊNDIOS
Vendo agora a coisa com calma percebe-se como o impressionismo e a exploração dos sentimentos dominou a cobertura noticiosa dos incêncios nas rádios e televisões durante o dia de ontem. Não houve capacidade de recuo, as sínteses de situação foram pobres, a compilação de dados e factos reais quase inexistente. Em regra as emoções foram colocadas à frente do relato objectivo dos factos, os depoimentos (os célebres depoimentos...o recurso preguiçoso à palavra dos outros) exploravam sentimentos de terror e de angústia e os repórteres no terreno, regra geral, tiveram dificuldade em ser objectivos e informativos, preferindo assumir eles próprios as naturais emoções que os rodeavam. Mas o pior foi a falta de apoio nas redacções, a enquadrar com dados, imagens, gráficos, histórico, sínteses o que se passava nos vários locais. Se os repórteres no terreno têm desculpa por carregarem na emoção, as redacções não têm: só o fizeram pelo gosto pelo sensacionalismo, por já não conseguirem distinguir o que é informação de tudo o resto, por serem elas próprias, pelos vistos, a incentivar, a exploração dos sentimentos sobre o relato objectivo dos factos.